Hotel

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- Pode levar eles para esse hotel? Já reservei o quarto, quando chegar diga a eles que devem entrar, tomar um banho e dormir.

- Senhora, eu sou um motorista não uma babá. - A ruiva o encara com uma sorriso aterrorizante e um olhar assassino, começando a estralar os dedos. O homem engole seco, fazendo positivo. - Sempre as ordens!

O caminho até o hotel foi rápido, era na região. Um hotel 4 estrelas para passarem a noite e quem sabe se conhecerem melhor para assimilar os pensamentos.

Talvez até entender os próprios sentimentos.

- Você fica com cara de bocó quando tá bêbado!

- Olha quem fala, você tem essa cara o tempo todo.

- Não fala merda cabelo de cana!

- Que diabos é cana, sobrancelha de casca de caramujo!

- Caramujo?

- Cana?

Se encararam por um tempo, - não estamos em uma época que a ciência explica os comportamentos de um bêbado - e começaram a rir alto. O motorista estava com uma enorme vontade de parar o carro e colocá-los para fora, não aguentava mais as piadas, os apelidos e as risadas, mas a expressão macabra de uma certa mulher paerava em sua cabeça.

- Chegamos.

- Que porra de lugar é esse? Não é minha casa não.

- Nem a minha. Senhor, você é perdido igual esse Zé Mané?

- Olha, - Estava irritado mas não podia ser grosso, não apenas pela ameaça de Nami mas também por conhecer Roronoa Zoro da televisão. Preservava sua vida. - uma amiga de vocês pediu para deixá-los aqui, mandou entrarem, tomarem um banho e dormirem.

- Namizinha pediu isso? - O esverdeado olhava com certo desprezo a animação idiota do loiro apenas por ter atenção feminina.

- Sim, sim. Disse que não pagou, mas que já reservou os quartos.

- Desgraçada.

- Não fala assim dela, não te ensinaram a respeitar uma mulher?

- E eu lá tenho cara de quem respeito alguém?

- Não mesmo, você parece um gorila verde burro.

Mais uma vez iniciaram uma briga, o educado senhor, sem aguentar mais, de forma agradável e quase imperceptível colocou os dois homens para fora do carro, na escadaria do hotel e seguiu viagem, torcendo para nunca mais dar o azar de cruzar com qualquer um deles.

- Ele foi embora?

- Foi. A gente pagou ele?

- Namizinha deve ter pago.

- Mão de vaca como é? Ela não pagaria.

Sanji apenas da meia volta e termina de subir as escadas, adentrando o hotel. - Oh, oh, espera aí! - Zoro o seguiu apressado.

- Com licença nobre Dama, gostaríamos de pegar a chave do nosso quarto.

- Qual o nome da reserva?

- Ah... Talvez, Nami? - A mulher nega com a cabeça. - Sanji? Zoro?

- A sim, reserva para Sanji e Zoro. Para destrancar a porta basta colocar o cartão no encaixe, só temos duas chaves por quarto favor não perder, evite colocá-la em lugares úmidos. Café da manhã e janta incluídos, adicional de 100 reais por pessoa. Comam a vontade, os horários são: das 05:40 às 9:20 e das 18:40 às 23:00. Como já são duas horas da manhã, os senhores não poderão jantar, mas se quiserem temos um serviço da madrugada, basta usar o telefone no quarto.

Enquanto o cozinheiro tentava encantar e tirar um sorriso da séria e irritada balconista, Roronoa refletia profundamente sobre seu nome. Não apenas seu nome, mas Sanji falando ele.

Não era o comum, como pode-se ver.

Então o abalo foi maior do que deveria. Gostava dos apelidos, não adianta negar, mas ouvir da boca daquele que lhe encanta pareciam melodias de uma música adorada, não apenas um nome.

- Oeh, Zoro, vamos?

- O-Oh!

- Que gaguejada foi essa?

- Cala a boca, é a bebida!

Ambos sabiam que não era a bebida.

Eles sabem que estão mais sóbrios, são fortes demais para alguns shots os derrubarem mas ficam com a língua solta. Na dúvida, era sempre bom lembrar que beberam, assim se fizerem algo da qual se arrependem podem culpá-la.

- O que? - Perguntam juntos enquanto analisavam o quarto como um todo. - Por que só tem uma cama?

Óbvio que foi proposital, Franky disse que deveriam provocar eles e Nami achou uma boa ideia colocá-los num quarto com apenas uma cama. Bastava ver qual dos dois venceria, o orgulho ou o desejo.

- Nami reservou o quarto, talvez ela tenha esquecido que éramos em dois?

- E desde quando aquela vaca erra em qualquer coisa que se relaciona com dinheiro?

- OLHA O RESPEITO COM A NAMI!

- OLHA O RESPEITO COM A NOSSA INTIMIDADE!

- Que?

- Eles estão de complo! Hoje estão obrigando a gente a dormir na mesma cama.

- Eles? Todos eles? Mas por quê?

- E eu lá vou saber. Enfim, eu vou tomar banho tô morrendo de cansaço.

- Parece bem agitado para alguém tão cansaço.

- Só sabe contrariam tudo o que eu falo, Cozinheiro Idiota?

- Vai tomar banho logo, Grama Fedorenta.

Assim que a porta se fechou o loiro permitiu o corpo esgotado cair na cama, era grande e macia pegaria no sono facilmente. Se não tivesse justamente com quem tirava seu sono.

Claro que ama o contrariar, suas expressões de raiva são fofas e engraçadas, seus apelidos espontâneos dizem muito sobre como está se sentindo e são as vezes que mais se falam ou tem qualquer tipo de relação. Talvez devesse tentar conversar decentemente, morria de curiosidade sobre o passado de Zoro.

Queria conhecer seus mistérios.

- Cozinheiro, Cozinheiro. - Chamava e chamava, sem sinal do outro levantar. Tinha pegado no sono enquanto pensava sobre tudo mas pediu a Zoro para que o avisasse quando o banheiro tivesse livre. Então devia acordá-lo. - Co. Zi. Nhe. I. Ro. Cozinheiro! - Tentava cutucar sua bochecha e mesmo assim sem sucesso. Percebeu que estava imune a reações, podia tentar olhar debaixo da franja, ver os olhos que tanto o persegue. Se aproximou. - Você não se importaria tanto, né Sanji?

E como em filmes de magia o adormecido se levantou de uma só vez, batendo testa com testa. - Que caralhos você estava fazendo?

- Tentando te acordar!!

- Tão perto ao ponto de bater a cabeça na minha?

- Primeiro, você que bateu em mim, segundo que sono pesado em? Porra!

Sanji bufou e levantou indo para o banheiro, quase correu até ele em desespero. Ele disse, disse seu nome. Nunca ouviu da boca do esverdeado seu nome. Como era ridículo, surtando por uma coisa tão simples? Claro, eles se apelidaram e usavam-os a todo momento, não era de se esperar mas ainda sim...

Pernas bambas e bochechas vermelhas? Não ficava nessa situação desde a tão temível adolescência. E por que estava tão perto, acordar alguém não necessita de toque e mesmo assim seu rosto estava em cima de si, seus olhos pareciam se encontrar e travar um no outro.

Que ridículo.

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