Aeroporto

294 44 56
                                    

Era quarta feira, Kuina estava voltando para sua casa após essa tão longa viagem, tinha dado informações preciosas a Nami, Usopp e Vivi sobre seu irmão.

Ela sabia que não podia ficar por perto e o ajudar com o interesse no loiro, apesar de encorajar e apoiar ao longe, mas com os amigos sabendo de tudo e sendo firmes do jeito que são, algo sairia de tudo aquilo.

- Podia ficar por aqui não?

- Zoro, sabe que eu tenho que ajudar o papai com o dojô. Ele está bem mais populoso após descobrirem que crescemos lá, a gente é famoso. - Diz sorrindo ao dar uma cotovelada no braço do esverdeado.

- Papo furado, é só abrir um aqui também.

- Isso você tem que ver com ele.

Ela conversou com os outros e pediu para que negassem o pedido de Zoro, ele com certeza a acompanharia até o aeroporto mas sabia que não conseguiria voltar sozinho. Sua última opção era Sanji, e ele não recebeu o aviso.

- Bom, meu avião vai partir, estou indo. Tchau Sanji, tchau Zoro.

- Boa viagem, Kuina! Foi bom conhecer você.

A mulher comorimenta o loiro e pula para abraçar o irmão. - Tchau Nana, até a próxima.

- Boa sorte com tudo, e lembre-se "tentar não vai te matar". Beijo.

E então correu para o portão de desembarque, deixando os dois acenando para ela.

Tentar não vai te matar.

- Tentar não vai me matar...

- Como?

- Ah foi mal, tô falando sozinho.

Caminhavam até o carro, as palavras ecoavam pela cabeça do boxeador. Por quê? Qual o propósito da frase?

- Oeh, sobrancelhas. O que você entende de "tentar não vai te matar?"

- Acho que uma frase motivacional. Estilo aquelas "tente até conseguir", "não desista antes de tentar". - Parecia confiante e certeiro, até se virar e ver a expressão confusa e perdida do maior. - Seja lá o que você queira fazer, faça. A não ser que te mate no sentido literal.

Zoro sabia do que se tratava. Era para ele tomar uma atitude, fazer algo a respeito ao sentimento que fluía em seu interior e o desconstruia todo. Sanji, precisava de Sanji. Beijar Sanji.

Mas podia? Deveria?

Sanji o mataria?

- Beijar homens me mataria?

O loiro deixa o cigarro cair da boca, abaixando o isqueiro e analisando o amigo. Estavam no estacionamento a procura do carro, era tarde da noite e o vento gelado com a luz do luar deixava tudo mais intenso.

Sim, era proposital. Kuina pensou nisso e comprou as passagens desse horário.

- Não. As pessoas podem tentar mas é só, você sabe socar elas.

- Você me mataria?

- Por beijar homens? - Estavam do lado do carro, Sanji falava com o cigarro na boca dando uma iluminação peculiar a seu rosto e ao olhos. Malditos olhos. - Não, deveria?

Mal pode terminar a frase.

Os braços de Zoro o prensou entre o carro e seu corpo, se assustou. O cigarro caiu ao chão e seus olhos encontraram com os dele.

Era um olhar matador. Se sentia uma presa.

Sentia o corpo dele. A proximidade trazia o sentimento, a presença e energia das pessoas.

Sentia seu cheiro. Um perfume importado talvez. Podia ver os detalhes de sua pele. Marcas e cicatrizes pequenas que não fazem diferença. Seus brincos dourados que sintilavam e batiam-se entre si. Eram detalhes, detalhes que gostava de ver.

Antes mesmo de conseguir se pronunciar o esverdeado precionou os lábios contra o seu.

Podia sentir os lábios rachados e o gosto do hidratante labial que Kuina lhe obrigou a passar no carro. Era de coco.

O que era para ser um simples toque de lábios se tornou um beijo voraz quando o loiro retribuio.

Sanji não sabia o que pensar, mas não era ruim. Era bom. Era tentador.

Zoro desceu as mãos para a cintura do loiro, o puxando para mais perto. Estava em êxtase. Se permitia explorar cada bom ponto da boca adocicada do cozinheiro, gostava de abrir os olhos para ver a expressão confusa e envergonhada do outro. Como era bom. Como estava contente.

Em um murmurar e um empurrão o esverdeado sentir as mãos perderem o apoio. Se forçou a abrir os olhos odiando imaginar o porque do afastamento.

- Espera um pouco, espera um pouco. - O olhar pesado e irritado de Zoro marca a pele de Sanji, que mexe nos cabelos em reação. - O que foi isso?

- Um beijo, nunca beijou não?

- Óbvio que já mas... Por quê?

- Se eu não tenta-se morreria sem saber. E isso não vai me matar.

- A frase era para isso?

- Não sei, foi o que Kuina me disse eu só segui depois de analisar.

- Queria tanto assim me beijar?

As bochechas do maior tomam uma coloração avermelhada, ele perde um pouco da pose levando as mãos à nuca, envergonhado. - Colocando dessa forma fica estranho.

O loiro solta uma risada alta, o deixando mais vermelho. - Tá bem, tá bem. Entra no carro, eu tô com fome. - Diz entrando no carro, pode parecer que esqueceu ou superou em questão de segundos mas estava morrendo por dentro. Seu corpo gritava loucamente, queria saber mais sobre aquilo, queria sentir mais o que sentiu. Queria conseguir Zoro.

Queria Zoro.

- Gosta de sorvete?

- Nem gosto, nem desgosto.

- Serve.

- Vamos tomar sorvete? - O cozinheiro afirma. - Achei que não comia em lugares simples...

- Não sou eu quem mora numa mansão.

- Bom argumento.

Se for com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora