Brigas

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- Você e Kuina são do Japão? - O loiro pergunta se apoiando próximo do boxeador.

- Sim, eu me mudei para cá depois da morte dos meus pais, mas ela cresceu lá. Foi meio estranho no começo mas crianças se adaptam.

- Comigo também foi assim, é solitário no começo mas no final da tudo certo. A gente encontra as pessoas certas. - Os dois estão em sintonia, passaram por coisas diferentes e parecidas, sentiram coisas semelhantes e encontraram uma família, num país distante, em pessoas estranhas. - Mas me fala, seus pais morreram? Mas e o seu pai e a sua irmã?

- Ah sim, claro. - Ele sorri terno olhando para o teto, seus olhos brilham. - Eu morava no interior do Japão e Kuina cuidava de mim, meus pais viajavam muito, acabei me virando sozinho. Mas ela era como uma verdadeira irmã mais velha. Quando meus pais morreram eu fiquei meio largado, não tinha uma família além deles e o pai de Kuina não podia me adotar.

- Aí que entra seu pai? - Estava curioso, e como estava. Um pai e uma irmã, adotivos e como uma relação tão boa. E tinha a casa, aquela enorme casa, deviam ser no mínimo conhecidos.

- Sim, era tipo amigo dos meus pais, sei lá. Acabou que ele ficou com a minha guarda, antigamente eu tinha chamava pelo nome Mihawk pra cá e Mihawk pra lá. - Sanji paralisou ao ouvir o nome. - Mas quando saiu o "pai", não teve muita volta. Minha irmã foi criada por ele desde o início e era chata no começo mas é uma boa irmã.

‐ Que fofo, não imaginei que seria tão apegado à família. - O esverdeado fica envergonhado e irritado. - Enfim, você disse que seu pai se chama Mihawk. Então ele é Mihawk Dracule um chefão das artes marciais e de corte que faz vinhos.

- É um jeito bem engraçado de citá-lo mas sim.

- Então a cozinha que eu usei e aquele vinho que me ofereceu era do seu pai? Do Mihawk.

- Sim. Você tá bem? Que diabo, óbvio que foi. Tem vinho pra caramba lá em casa mas eu prefiro outras bebidas.

- Eu posso conhecer seu pai? - A animação de Sanji era óbvia, ele agarrou as mãos de Zoro e se aproximou de seu rosto sem dar importância. - Por favor! Eu sou um grande fã. Eu simplesmente amo os vinhos dele, são os mais refinados, o gosto é particular e único. Adoro usar de acompanhante nos meus pratos.

- Ah- - Estava bem sem graça, não falava de si ou da família tão abertamente assim, mas falou, apenas fluiu para fora e era fofo ver a reação do loiro. - Fofo.

- Fofo?

- O que?

- Disse fofo!

- Não disse.

- Disse sim. Enfim, isso é um sim?

- Tá, tá bem. Quando ele estiver em casa eu te chamo e vocês conversam. Mas ele é um cara bem calado e antissocial.

- Acho que só expressar minha admiração é o mínimo.

- Pra um cara como você admirar tanto um homem é uma surpresa.

- Meu pai me ensinou a ser você mesmo e amar o que você ama, o respeito é a base de tudo mas é questionável quando não se é respeitado. Então respeite e ame mesmo com as pessoas te perturbando, afinal um bom chute resolve tudo.

- Poético. - O loiro sorri alegre, soltando um "não é?". - Mas seu pai, pelo que você disse ele é o dono do restaurante.

- Sim, ele teve que largar a antiga carreira depois de um ferimento, então se fortaleceu na sua paixão. Demorou um bom tempo até construir tudo isso, mas é a paixão dele.

- E sua mãe? Disse que ela ama dança mas não pode dançar...

- Ah sim, eu e minha mãe viemos da França para cá, ele que nos acolheu. Na época era comprometido com os esportes entao resolvi aprender a dançar, e orgulhar minha mãe, aqui ballet é popular e eu era bom, acabei fazendo umas 3 apresentações grandes mas meu pai se acidentou, parei para ajudá-lo. Minha mãe nos apoiou bastante e sempre quis provar nossa comida, não pode ajudar muito fisicamente pela saúde debilitada então dava todo o apoio que podia. Ela teve sorte de encontrar Zeff, eles são ótimos amigos!!

- Parecem ser bem legais.

E assim como os de Zoro, os olhos azuis de Sanji parecem demonstrar amor e carinho, brilhando ao falar da família. - Minha mãe é um doce, é gentil e esperta, agora aquele velho maldito é muito mal-humorado, ele é preocupado e detalhista. Mas é uma boa pessoa.

- Gostaria de conhece-los algum dia também.

- Ah- - Os dois param, se encarando por um curto tempo. Envergonhados e arrependidos, o esverdeado não sabia o que falar, foi tão natural que não parecia errado. - Por mim tudo bem, minha mãe vai gostar de você. Zeff está fora hoje mas normalmente ele fica pelo restaurante. - Ele fica com um olhar indecifrável, parecia bravo e triste, neutro? - Se ver um velho com tranças na barba e uma roupa casual, pode ter certeza que é ele.

- Surpreendente para o tipo de restaurante. - Sanji concorda. - E sua mãe, ela vai gostar de mim? - O espadachim apoiou o braço no balcão, e o queixo na mão, sorrindo sacana e brincalhão.

Estava perto.

- Sim, ela curte homens "fortes".

- Homens fortes?

- Sim... Você sabe, se olhe no espelho. Isso é vergonhoso.

Zoro solta uma gargalhada surpreso. - Vou levar isso como um elogio.

- Você é ridículo.

- Não parece que concorda.

- O seu cabelo lá diz tudo.

- Não jogue sua vergonha para o meu cabelo.

- Ele é verde.

- E o seu é amarelo. Qual foi?

Os dois começam uma longa discussão, xingamentos e até elogios ocultos saem de suas bocas. Era comum entre eles, brigar e brigar. Mas já fazia parte, eram momentos dos dois, de Zoro e Sanji, de Marimo e Sobrancelhas. Luffy e os outros estavam acostumados e até passaram a ignorarem.

- Isso não é perigoso? Sanji está com uma faca. - Vivi parecia aflita e ansiosa.

- Pode ficar tranquila meu amor.

- Nami tem razão, eles não se matariam de verdade. Talvez só um hospital.

- Eles nunca saem das palmas. - Usopp complementa e que Kuina disse, com olhar de decepção para os amigos.

- Eu acho que é tapa de amor, e tapa de amor não doe.

Os outros olharam para o moreno, que devorava a torta de maçã que Zoro lhe deu. Estavam surpresos por ele conseguir colocar para fora o que todos ali desconfiavam de forma tão simples.

- Vocês também concordam?

- Sim! Achei que era só eu.

- Nossa eu também.

- Até eu gente...

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