- Namizinha eu fico honestamente muitíssimo alegre com um convide espontâneo assim mas por que temos que montar um quebra-cabeça? - Estavam sentados em espreguiçadeiras plásticas, de frente à uma grande piscina cheia de pessoas.
- Gosto de quebra-cabeças!
- A senhorita está de biquíni, além do refresco que está tomando. Definitivamente não planeja me ajudar a montar. - A ruiva engasga e perde a postura.
- Ah... - Suspira derrotada. - Vou ser franca, Sanji. Robin planejou uma coisa e me pediu para ajudar, esse é o motivo do quebra-cabeça.
- Robin-chan que me deu esse jogo? - Nami afirma irritada, concordava com o plano mas o amigo não ajudava. Era frustrante. - ENTÃO O MONTAREI COM TODO MEU AMOR. - Se levanta, cantarolando alto enquanto ergue a caixa e preciona o peito.
- Tá tá tá. Mas senta aí para eu poder fazer a minha parte.
- Tudo bem.
- Vamos começar com, o Show do Brook. - Pode perceber a travada que a mão do loiro deu ao ouvir a menção. A caixa é aberta e Sanji começa a separar as peças por cenário. - Eu sei o que houve.
- SABE? - Se indireta, coçando a garganta. - Digo, o que houve?
- Preciso falar? Que o Zoro pagou um pra você? Sério? - O mesmo sentimento de contar a uma criança a falsidade por trás do Papai Noel. Ele estava semi morto. Entrou no automático como defesa. - Então?
- É... Foi isso mesmo.
- E como foi?
- Curioso e bom. Foi tudo culpa minha, eu sou estúpido. Ele nunca entende a real intenção da frase.
- O que você disse?
- Uns dias antes falei que nunca tinha feito aquilo. Que queria tentar.
- E tentou?
- Não, dei pra trás na hora e ele tomou a frente.
- Está evitando ele por isso?
- Não. - Nami fica visivelmente confusa, já viu muitos e muitos amigos e amigas evitarem os "ficantes" depois de um oral, seja pela falta de interesse sexual, talvez por querer fugir do relacionamento...
- Não?
- Não. Estou evitando ele porque percebi que um beijo por mês não são o suficiente.
- Você quer mais?
- Quero.
- Quanto?
- Ele por completo.
- Quer dar pra ele Sanji?
- O QUE? - O loiro desperta do transe, estava ciente das outras perguntas e de suas respostas honestas mas algo tão profundo assim era meio... Chocante. Nunca tinha pensado nisso.
- O que foi diabo?
- Dar? Eu serei o que da? Eu não quero dar Namizinha...
- VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COM A MINHA CARA. - Seu punho levanta e é desferido um lindo golpe na cabeça do loiro, que choraminga coisas idiotas.
- Sinto muito.
- Ótimo. Então, me responda de forma decente. O que é "Ele por completo?"
- Nami, me diga, como percebeu que gostava da Vivi?
- Foi... - Suas bochechas ficam avermelhadas, ela adorava relembrar cada detalhe de seus dias com Vivi, até os mais problemáticos e tristes. Era sua história com ela, mas falar em voz alta era vergonhoso. Mas se isso ajudar Sanji, podia tentar... - Era uma tarde como essa, estava ensolarado e tinha um vento forte, eu estava em uma biblioteca quando vi a garota mais bonita da minha vida, guardei em minha memória e esbocei alguma coisa num papel que carregava. Quando estava esperando o ônibus, um chapéu voou em minha direção, eu peguei e olhei pros lados. Ela estava me acenando, correndo até mim com um vestido esvoaçante. Disse que encontrou meu desenho e começou uma conversa, eu menti por duas semanas que desenhava apenas para fugir da verdade. Foram os melhores cinco minutos da minha vida. Nas próximas semanas eu me apaixonei por seus detalhes mas nunca dizia nada, ela tinha uma carreira política, seria prejudicial... Óbvio que não gostaria de mim. Mas no final, ela que se confessou, o chapéu foi uma forma de aproximação. Desde o início eu sabia que era ela. - A garota termina sorrindo pro nada, pensando em muitas coisas.
- Exatamente. - Sanji sorri de volta, também encarando o céu. - Desde aquela maldita apresentação eu sabia.
- Lembra da apresentação? - Os dois se encaram por algum tempo, Nami estava confusa, jurava que o amigo não se lembrava de nada específico.
- Não é todo dia que um idiota com uma moita na cabeça aparece assim... - Os dois riem, voltando ao conforto nas cadeiras, admirando o céu. - Aquele moleque que eu era, ficou chocado com um cara de cabelo verde. Ele correu atrás do garoto e o encontrou agachado num canto dizendo "Não pode ser, não pode ser", ele corria sempre que me via pois eu coloquei um capacete de armadura, usado nos teatros, para o guiar até a irmã dele. "Uma garota estranha de cabelo estranho". Era um adolescente que não sabia socializar, perguntei o que ele fazia ali e ele me disse "Queria ver o garoto mais bonito que eu já vi" foram muitos elogios. Eu nunca esqueci. Ele não faz ideia que eu sei disso, até porque é estúpido. E ele é o estúpido. Mas durante os anos, as coisas ruins aconteciam e eu sofria, e como magia as frases gentis de um jovem ingênuo e irritado me faziam despertar pra vida.
- Eu não... Eu não sabia disso, Sanji. É meio, uau, surpreso.
- É por isso que nunca contei. Uma coisa vergonhosa e pessoal. Pensar que por anos usei isso para me reerguer é ridículo.
- O que? Não! Sanji. Não. Todos nós temos nossos próprios meios, seja uma frase, um olhar ou um chapéu. É meio ridículo mesmo, não vou mentir mas isso nos faz nós! O chapéu me fez a namorada da Vivi. Então essa frase pode sim o fazer namorado do Zoro.
- Aquele Marimo Idiota. Ele seria meu namorado, eu não seria o namorado dele. - A ruiva gargalha alto, segurando a mão do amigo. - Eu realmente tô apaixonado de novo né?
- Está sim.
- Vai doer muito? - Ela aperta a mão do amigo.
- Não vai. E se doer aí dentro de você, nós usamos tacos para fazer doer nele também.
- Gosto da ideia. - Ele respira fundo, fechando os olhos e sentindo o vento gelado. - Hidratantes sabor coco.
- O que?
- Na noite do aeroporto, quando ele me beijou, senti o gosto de coco. Kuina havia o feito passar hidratante sabor coco. - Ele se vira procurando algo no casaco. Encarando o cilindro sorri de canto. - Uso aquele mesmo hidratante, para lembrar de seus lábios.
- Tá, isso já foi bem boiola.
- Poxa Namizinha...
- Então, o que mais?
Com insegurança e medo, do que está por vir, o loiro inicia a série de erros fofos, cuidados e detalhes pessoais que Seu Marimo tinha. Desde os mais inocentes gostos de hidratante até a forma pervertida que via seus lábios depois do Show.
Foram boas horas deles dois colocando em lista as coisas apaixonantes de seus devidos 'parceiros. Já estava anoitecendo e a chuva que vinha da cidade começava a cair. Rala.
- Tchau Sanji-kun!! - A amiga acenava alegre e saltitante enquanto o loiro se distanciava com o carro. Precisava chegar em casa, tomar um banho, fazer o jantar e então correr para a casa daquele homem.
Seriam duas longas horas até seu destino, Nami morava numa área fora da cidade. Uma vila estável e bem bonita, repleta de árvores frutíferas, por isso sempre vinha até ele, ou aos outros, mas ficou feliz pelo chamado e pela conversa, era uma ótima amiga. Confiava muito nela e não foi pra menos. Mas bem que podia morar mais perto!
Ligou o rádio e ouviu a previsão do tempo, estava chovendo forte na região, deveria ser rápido. Ver como a mãe estava para conseguir chegar em Zoro. Deixou uma música tocando enquanto dirigia ansioso porém calmo.
- Mamãe, cheguei. - Fechou a porta atrás de si, pendurou as chaves e deixou a bandeja com uma gato pela metade no balcão da cozinha. Caminhou até a sala e não encontrou ninguém, o andar de baixo estava tudo apagado e silencioso. Começou a subir as escadas e pode finalmente encontrar a mãe, deitada na cama mais pálida do que o de costume, uma vela ao lado, numa robusta cômoda, iluminava um pouco do quarto mas principalmente sua mãe. - Mãe!
- Oh! Filho. Sanji! Zoro, o Sanji chegou. - O grande homem sae do banheiro secando as mãos, ele coloca o pano no ombro e força a visão para a porta.
- Zoro?
- Eu! - Respode por impulso, antes de perceber o olhar matador de Sanji.
- O QUE?
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Se for com você
RomansaDeixando aqui 👍 ================================== Zoro, um espadachim antissocial é arrastado para uma festa por seu melhor amigo, lá ele reencontra uma figura marcante em sua vida. Um talentoso (ex) bailarino, da qual em apenas uma apresentação c...