As coisas andavam estranhas.
Pensava nele, sentia ele, queria ouví-lo, queria vê-lo. Necessitava passar pela mesma coisa que passou a duas semanas no estacionamento do aeroporto.
Não era sua primeira vez beijando alguém, não era o priemiro homem com quem ficou, mas era a primeira pessoa que o fez ficar tão... Perdido. Sentia falta do toque, do perfume e da boca de Zoro, mas estava confuso e envergonhado demais para encará-lo.
Por que sentia tanto sua falta? Por que desejava tanto sua respiração quente em seu pescoço. O que aquele homem tinha que o deixou tão alucinado. Era como droga, viciava e desejava distância mas não conseguia, não queria. Queria ele.
Deu uma desculpa aos amigos, talvez "Estou doente", ou quem sabe "Viajei com meus pais", o suficiente para fugir. Para não ver marimo. Para pensar. - Filho, sabe que pode contar comigo não? - Sora diz com olhar terno e amoroso, colocando as mãos na do filho. Após repousar a xícara de chá na mesa.
- Sei sim. - A mulher aguarda, conhecia o filho ele falaria se ela esperasse o momento certo. - Sabe mamãe, eu beijei alguém esses dias. Mas não foi qualquer beijo, não posso dizer que foi o melhor pois estaria mentindo mas foi o único que me deixou- - Uma pausa. Não sabia o que dizer ou como explicar. Apontou para si mesmo, dando de ombros. - Assim...
A loira sorri ainda com os finos lábios na xícara decorada. - Filho, você está apaixonado.
- Que? Eu? - A mulher concorda. Sanji se deita acomodado no peito da mãe, que acaricia seu cabelo. - Eu não sei. Claro que gostaria de beijar ele de novo, de passar mais tempo com ele e o conhecer melhor. Mas paixão?
- Sabe, as pessoas se apaixonam, alguns muitas vezes outras nenhumas. E eu sei que você se fechou para relacionamentos depois dos problemas com aquela garota, mas a vida consiste em se deixar viver. Se você está com ele na cabeça, se você quer o beijar, se você quer o conhecer, então corra até ele, o beije e o conheça. Se permita amar meu bem.
- Mas e se acontecer tudo de novo? - Os olhos ardem tomando coloração avermelhada, a voz trêmula e pausada. Queria chorar.
- Então chutamos ele! Chutamos com toda nossa força.
- Mãe. - Eles se encaram e caem no riso. - Não vai ser tão ruim né?
- Eu confio em você. Mas gostaria de conhecer e-
- Nem pensar.
Estava decidido, iria permitir-se amar, ou pelo menos ficar com alguém. Coisa que não fazia a um bom tempo, sim, flertava com incontáveis moças e recebia de volta as provocações mas se afastava. A alguns anos descobriu que sua ex-namorada o traíra constantemente, eles tinham 3 anos juntos, foi um choque. Pensou em perdoar, e como pensou, mas depois de ter seu coração pisado e quebrado no dia do término... Perdeu o rumo.
"Eu nunca te amei, você tem uma boa família, e tem dinheiro. Pra que amar? Hah, que palhaçada. Eu não acredito que só descobriu agora, depois de três anos. E ainda trouxe flores? Sério? Flores? Enfia elas na bunda Sanji, inferno. Eu não confio em você, 'aí aí gosto de homens, de mulheres, bla bla bla'. Escolhe um! Porra, nem isso consegue? Inútil. Nunca mais apareça na minha frente e boa sorte nessa merda de gostar de todo mundo, viado!"
Ele ainda dançava nessa época.
Dançar, quanto tempo não dançava. Zoro disse que gostaria de o ver dançar. Deveria tentar de novo.
Terminou de lavar a louça e secou as mãos no guardanapo do ombro, não consegue para de pensar no canto aberto que tinha no Baratie. Ao fundo, algumas plantas, grama e no máximo uma mesa de madeira, era aberto e tinha um chão fofo.
Pode tentar.
- Velho, eu quero tentar uma coisa, vou ficar lá trás um tempo tá?
- Vai lá, berinjela!
Ele revira os olhos pelo apelido, mas sorri ao se virar. Caminha para fora da cozinha principal pela parte de trás, pegando a curva para um pequeno corredor que levava a duas portas, abriu a da frente e lá estava o jardim.
Sua mãe vivia nesse jardim, ela gostava de acompanha-los mas não podia ficar perto das pessoas ou do barulho, então adaptaram essa área para ela. Como sua condição piorou, parou de usá-la mas ainda era bonita. A grande macieira, a grama verde e a mesa de piquenique de madeira clara, tem uma linda visão do céu azul também.
Será uma boa experiência.
Começou com os alongamentos, fez dos mais leves aos pesados, seu corpo nunca para mas fazia um bom tempo que não dançava.
Tentou um passo fácil, funcionou bem. Logo começou uma coreografia ensaiada, continha pulos e rodopios aéreos, errou alguns pousos mas nada comprometedor. Fechou os olhos aceitando o convite da imaginação, pode ver a plateia hipnotizada com seus movimentos, ouviu a música clássica soando e acomodando seus ouvidos. Era tranquilizante, gostava de ver a expressão das pessoas ao assistir, estavam amando aquilo que amava, é o mesmo sentimento de quando cozinha.
Reconfortante, se sentia inteiro.
A música para, seus olhos se abrem de volta a realidade. - Está decidido, Sanji você irá voltar a dançar. - Sorriu caminhando em direção ao vestiário, iria se trocar ir para casa e talvez planejar alguma coisa com os amigos.
No meio do caminho viu uma cabeleira suspeita, verde. Sempre ele. - O que você tá fazendo aqui, Marimo? - O esverdeado se virou confuso e perdido.
- Sobrancelha!
- Como você entrou aqui? Só funcionários entram aqui.
- Eu estava procurando você oras!
- E como entrou?
- Pela cozinha, uns caras me deixaram entrar mas me passaram as coordenadas erradas!
- Se perdeu né? - O espadachim cruza os braços, fazendo um beiço irritado. - Eu estava literalmente do outro lado, Zoro.
- Talvez eu tenha me perdido. Enfim, aqui eu vim trazer isso. - Sem qualquer cuidado uma sacola de fantasminhas é estendida em sua direção, quase deu um pulo para trás.
- Que isso? - Apontou para o pacote, com receio. Zoro funga desviando o olhar enquanto as bochechas ficam rosadas.
- Sabe quando você ficou lá em casa e tomou banho?
- São as minhas roupas? - O loiro agarra a sacola sem ao menos ouvir a resposta do espadachim. - Como esqueceu delas? Já faz mais de dois meses!
- Em minha defesa você também não lembrou.
- Te entreguei a muda que usei no dia seguinte.
- Das suas roupas, você não me cobrou delas.
- Tá tá, mas por que agora?
- Meu pai resolveu lavar as roupas e viu as suas, eu peguei e trouxe para você. Fim.
- Você não lavou roupa por TODO ESSE TEMPO?
- Eu fui expulso da área de limpeza de casa.
- Eu não quero saber o porque. Acho que você não pode se casar, cozinha mal, não sabe lavar roupa e até o chuveiro quebra.
- Sabe lavar roupa?
- Sei.
- Então eu posso me casar com você.

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Se for com você
RomantizmDeixando aqui 👍 ================================== Zoro, um espadachim antissocial é arrastado para uma festa por seu melhor amigo, lá ele reencontra uma figura marcante em sua vida. Um talentoso (ex) bailarino, da qual em apenas uma apresentação c...