Capítulo 58

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Minha cabeça não parava de pensar, realmente estava acontecendo eu ia ser mãe. As dores tinham começado às 19h e eram 2h da manhã. O pessoal foi lá pra casa mas eu pedi pra eles irem dormir, eu só queria ficar quieta e toda aquela conversa estava me deixando nervosa. Minha mãe deitou no sofá da sala e cada uma hora vinha me ver, o Marcos que não saiu do meu lado a cada contração ele me ajudava a respirar e conversava as vezes pra me distrair.

A madrugada foi angustiante, eu não conseguia dormir, as contrações vinham mas pelo o menos a dilatação não aumentava, isso dava tempo ao Igor. Era 5h da manhã e eu resolvi tomar um banho e me arrumar pra receber meu filho, o Marcos pegou as bolsas da maternidade e me ajudou a me vestir, coloquei um dos vestidos que comprei mas logo depois tive que tirar e colocar uma calça de moletom, o vestido me deixou desconfortável e também estava um pouco frio vesti uma camisa branca larguinha e coloqui um cordão pra tentar melhorar um pouco visual.

Minha mãe queria que eu comesse, mas só de pensar em comida já me enjoava, as contrações estavam mais fortes e eu não sei o que seria de mim sem o Marcos, ele me dava todo suporte e facilitou um pouco mais o processo.

- Parece que alguém quer chegar!- disse me mãe apontando para minha calça que estava toda molhada, a bolsa tinha estourado.

- Não, ainda faltam 9 horas Henri! Por favor meu filho!- eu disse apavorada.

O Marcos correu pra pegar outra calça, a Rafaela foi ligar o carro e eu só conseguia pensar o quanto eu não queria que nada daquilo estivesse acontecendo. Minha mãe dizia que eu tinha que aproveitar o momento, mas eu não tinha ideia de como.

Cheguei no hospital e contrações estavam cada vez mais fortes, eu gritava, eu apertava a mão do Marcos e depois pedia desculpa, era horrível e o meu telefone começou a tocar uns 10 minutos depois da última contração.

- Maurício!-não esperava que ele fosse me ligar nem tão cedo.

- Oi! Como você está? Espera, você está no hospital?-ele percebeu pelo monitor dos meus batimentos do meu lado.

- Parece que eu vou parir hoje!- eu ri.

- Ah! Que ótimo! O Igor deve estar animado!- ele disse sorrindo.

- Eu não sei, ele tá no avião e ainda faltam umas oito horas pra ele chegar aqui. Só um minutinho...- outra contração, talvez aquela tenha sido a mais forte até agora, mas o Maurício ele foi a minha luz no fim do tunel.

- Sou eu quem vou seguir você do primeiro rabisco até o B A- BA, em todos os desenhos coloridos vou estar...- ele começou a cantar O Caderno, ele sabia o quanto eu amava essa canção.

- Na casa, na montanha, duas nuvens no céu e um sol, a sorrir no papel...- eu continuei com ele e aquilo alivou a dor.- Sou eu quem vou ser seu colega, seus problemas ajudar a resolver, e acompanhar nas provas bimestrais, você vai ver.- a contração passou e nós continuamos a cantar.-  Serei de você confidente fiel, se seu pranto molhar o meu papel.- eu acariava a minha barriga e comecei a chorar, a ficha de ser mãe estava caindo.-Sou eu que vou ser seu amigo, vou lhe dar abrigo se você quiser, quando surgirem seus primeiros raios de mulher...

- Mas é menino!- o Marcos riu e nós também, mas continuamos.

- A vida se abrirá num feroz carrossel e você vai rasgar meu papel, o que está escrito em mim comigo ficará guardado se lhe dá prazer, a vida segue sempre em frente o que se há de fazer, só peço a você um favor se puder, não me esqueça num canto qualquer...

- Impossível esquecer você, Alice.- o Maurício disse.

Ele estava de folga e ficou conversando comigo, por horas, nas contrações ele cantava outra música e me acalmava cada vez mais, mas dessa vez ficou impossível eu chorei de tanta dor que sentia. A Fernanda, minha obstetra entrou no quarto e disse que eu estava com 8 cm de dilatação, ainda faltavam três horas, ela queria me anestesiar pra dor melhorar eu ficaria mais relaxada, mas tinha o risco de acelerar as coisas, por isso estava sentindo tanta dor, eu faria de tudo pra ajudar o Igor, mas estava ficando difícil demais, eu não tinha mais controle de mim, eu chorava, eu gritava. Eu me sentia incapaz de aguentar mais tanta dor, mas eu não queria que o Igor perdesse isso por nada.

- Alice! As coisas só vão ficar piores, e você precisa relaxar um pouco, eu tenho certeza de que o Igor vai achar tolice você sentir toda essa dor por ele, aceita a anesteisa!- o Maurício disse com calma.

- Ela não tem que aceitar nada, Alice, você vai ser anestesiada sim! Chega de sofrer atoa!- o Marcos ordenou e eu concordei.

As coisas ficaram mais fácies eu sentia as contrações, mas não sentia dor, Marcos, Maurício e a Rafaela eram a minha rede de apoio, conversamos para passar o tempo e tudo estava bem, em uma hora o Igor chegaria e tudo ficaria bem, eu estava aguentando, mas o Henri não.

- É Alice, não dá mais! Ele está completamente encaixado, você está com 10cm de dilatação e a gente não pode esperar mais.- disse a Fernanda.- Tá na hora de empurrar!

- Mas, falta um hora, ele tá chegando... por favor não fala isso!-eu comecei a chorar.

- Alice, eu sinto muito, mas a gente precisa começar.- ela disse e eu entrei em desespero.

- Eu não posso, eu prometi a ele, eu não vou empurrar.- eu estava em pé e veio outra contração, só que dessa vez eu sentia a necessidade de empurrar, mas doia, eu sentia dor física e mental, meu parto não estava sendo como eu imaginava e eu não ia conseguir, doia demais.- Não, não, não...

- Alice, não luta contra isso, vocês vão se machucar.- a médica disse e a contração passou.- Na próxima a gente empurra.

- Era pra ele estar aqui, o Igor tinha que fazer isso comigo! Eu não consigo sem ele.- eu chorava desesperada, e dava pra ver a pena de todos no quarto por mim.- Quer saber eu vou até ele, eu consigo.- eu fui pra porta do quarto e o Marcos me segurou.- Marcos não faz isso! Ele tá la fora ele tá vindo, AAAAAIIII, PARA HENRI POR FAVOR O PAPAI TÁ VINDO! Marcos sai da minha frente!- eu implorei a ele que me abraçou e tentou me colocar na cama.- Igor, por que você fez isso! Eu tô sozinha...

- Você não está, Alice! Você consegue! Deita, por favor!- o Marcos me empurrava pra cama.

- Eu te odeio, Marcos, é culpa sua, se eu não tivesse tomada anestesia eu teria mais tempo! Sai da minha frente! O Igor, ele tá vindo! Ele vai chegar! AAAAH, ISSO DÓI DEMAIS, EU QUERO O IGOR!- eu gritava pelo quarto.

- ALICE!


Mais Que Um Amor De Fim De NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora