Mais Que Um Amor De Fim De Noite

Capítulo 36

MAURÍCIO NARRANDO

A Alice me deixou preocupado, mas eu sabia que ela precisava de espaço e tempo pra entender tudo o que estava acontecendo, e se aquela era a decisão certa a se tomar.

- Ela terminou com ele.- eu disse para o Marcos.

- O que?- ele estava chocado.- A situação deve ter piorado...

- Você acha que eu não deveria ter vindo, que eu compliquei as coisas pra ela?- tudo o que eu não queria era ter culpa do sofrimento dela.

- Eu acho que é você quem vai salvá-la, porque se eles terminaram significa que ele escolheu a Jade, esse era o maior motivo, na verdade o único que permitiria que ela tomasse essa decisão.- ele disse enquanto pegava as chaves para ir para o bar.- Daqui a pouco você vai na Rafaela, vai ficar com ela, a Alice não pode ter muito tempo sozinha mais, se não ela faz besteira. Qualquer coisa me liga.- e ele saiu.

Quando decidi voltar ao Brasil por ela, todos os meus novos amigos me chamaram de louco, que ela não me amava mais, eu também achei que não, mas quando eu cheguei aqui eu senti que uma parte dela ainda me amava. Eu sempre a amei, e nesses três anos eu não namorei ninguém, eu tentava, mas quando chegava a hora de ficar sério meu corpo inteiro dizia: "Não é a Alice". 

Por diversas vezes eu me arrependi de ter escolhido a carreira ao invés do amor, e por muitas vezes eu pensei em voltar, mas eu tinha o contrato com a empresa em que eu trabalhava, era o emprego dos meus sonhos, e se eu o largasse antes do prazo eu pagaria uma multa imensa, e eu não queria voltar pra Alice sem poder proporcionar a ela tudo o que ela merece, queria dar a ela uma vida de princesa, e não ser uma pedra endividada no sapatinho dela.

Lembro de quando nós nos conhecemos, ela era nova no Rio e tinha se perdido, estava de noite e eu quis a levar pra casa, e ela só confiou em mim quando lembrou que o Marcos me conhecia, ela foi teimosa, estava disposta a ficar sozinha num lugar deserto do Rio até o Marcos chegar, e a determinação dela me encantou.

No outro dia eu fui falar com ela, o Miguel e o resto do grupo que eu andava me acharam maluco, a Alice era descuidada com si, toda atrapalhada, e vivia de cara amarrada, mas como um bom empresário eu via o potencial que ela tinha, e bastou eu regar um pouquinho e ela desabrochou. 

A Alice se escondia por ser a filha indesejada, ela se sentia culpada por ter "estragado" a vida da Ana, e eu consegui fazer com ela entendesse o verdadeiro sentido da vida dela, eu a fiz se sentir especial e isso era algo pelo o qual eu amava, paparicar a Alice. Quando eu a pedi em namoro no meio do corredor da faculdade, gritando para que todos pudessem ouvir o quanto ela era especial pra mim, ela me disse não. Me disse não porque ela não achava que eu a amasse, ela disse que eu era uma aposta, que nenhum cara como eu queria algo sério com uma garota como ela, ela via muitos romances adolescentes, precisei pedir mais uma vez, mas fiz diferente, invadi a casa dela assim como tudo o que eu sentia por ela invadiu meu coração, é brega mas é a verdade. Esclareci tudo a ela, todas as perguntas malucas que ela tinha, e todas as dúvidas sobre como amar alguém.

No começo, ela se sentia insegura, não queria sair em público comigo, ela gostava de mim, mas não me amava, porque ela não confiava em mim, ela estava esperando pelo o pior, e quando ela percebeu que o pior não viria, e que eu realmente a amava ela deixou de ser a gata borralheira e virou Cinderela, como ela mesmo disse uma vez. Ela pediu ajuda a Rafaela, e no começo ela se vestia de um jeito bem sexy, já que esse é o estilo da Rafa, mas depois ela foi se encontrando e me deixando ainda mais apaixonado, foram três anos incríveis e tudo o que eu mais quero é poder recuperar o tempo perdido, mas isso vai ser no tempo dela, se ela quiser, eu não vou forçar nada, e se ela quiser o Igor ou ficar sozinha, eu vou aceitar, desde que isso a faça feliz.

- Ele escolheu ela!- ela disse logo que abriu a porta para que eu entrasse, ela estava completamente desestabilizada. Eu fechei a porta e abracei, e ali nos meus braços ela desabou, disse tudo o que sentia, chorou até se cansar e adormeceu como criança nos meus braços a fim de que pudesse sentir um pouco menos da dor que a consumia.