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𝐘𝐎𝐎𝐇𝐘𝐄𝐎𝐍

- Eu juro por Deus, se não encontrar o banheiro logo, eu vou mijar nas calças - SuA salta para cima e para baixo no assento do motorista.

O aparelho do ar condicionado está tão alto quanto e "Shake it Out", de Florence The Machine toca nos alto-falantes. Há um longo caminho de estrada estendido na frente de nós, tecendo sobre as colinas manchadas com árvores, arbustos, salvias e o brilho rosa pálido do pôr do sol. Meu celular está no meu bolso, pesado como se pesasse cem quilos.

- Você sempre pode parar o carro e ir atrás de um arbusto. Além disso, estamos a uns cinco minutos de distância da rampa de saída.

- Eu não posso segurá-lo por mais cinco minutos - ela me lança um olhar sujo e aperta as pernas juntas - Você não pensar que é tão engraçado se eu não achar um banheiro a tempo - sufoco em gargalhada.

- Há um á direita na saída, mas eu acho que é mais de uma casinha - procuro no gps para o banheiro mais próximo.

- Será que tem um banheiro?

- Sim.

- Então isso funciona - ela faz um desvio acentuado, cortando um Honda prata. O Honda buzina e ela se vira no seu assento para mostrar o dedo do meio - Que idiota. Ele não entende que eu tenho que fazer xixi? - eu balanço minha cabeça.

Eu amo a SuA até a morte, mas às vezes ela pode ser um pouco egoísta. É parte do que me atraiu para ela, ela não era tão diferente dos meus velhos amigos do passado em Incheon. Meu celular bipou novamente pela milionésima vez, deixando-me saber que tenho uma mensagem esperando por mim. Finalmente, eu o desligo.

- Você está agindo de forma estranha desde que saímos. Quem te ligou? - SuA abaixou a música. Eu dou de ombros, olhando para o campo gramado.

- Ninguém que eu quero falar agora.

Cinco minutos depois, nós pulamos até a casinha na periferia da cidade. É mas como um barraco com o tapume de metal enferrujado e um sinal desbotado. O campo por trás dele está manchado com carros e caminhões corroídos e na frente do que é um lago.

- Graças a deus! - ela bate palmas e estaciona o carro - Eu volto já - ela salta e se arrasta dentro do banheiro.

Eu saio do carro e estico as pernas, tentando não olhar para o lago ou para a ponte passando por cima dele, mas meu olhar se atrai para o nível da ponte com vigas curvas em cima e para fora a partir os lados. O meio era onde eu estava na noite em que quase pulei. Se eu apertar um olho e inclinar minha cabeça, eu posso identifica-lo.

Uma picape Chevrolet vem voando pela estrada, levantando uma nuvem de poeira. Quando o carro se aproxima, meu nariz contrai-se porque eu sei quem ela é e ela é uma das últimas pessoas que eu quero ver. A picape para em frente ao perímetro do campo atrás dos banheiros. Uma mulher magra, vestindo uma jaqueta, um confortável par de jeans escuro, e coturnos desce do carro.

Lee Yubin, sócia de um clube de luta clandestino, começadora de brigas infames, e a mulher que me deixou na ponte para Deus naquela noite terrível, há oito meses.

- Vamos SuA, se apresse - bato na porta do banheiro.

Yubin olha para mim, mas não há reconhecimento em seus olhos, o que não é de surpreender. Eu tenho mudado desde a última vez que me viu, deixando minhas roupas góticas, delineador pesado e atitude de garota rebelde para uma aparência mais leve e agradável, então eu me misturo com a multidão.

- Você não pode apressar a natureza, Yooh - SuA sibila através da porta - Agora, deixe-me mijar em paz.

Eu assisto Yubin como uma águia quando ela caminha em direção a um grupo de pessoas que deduzo ser conhecidos dela.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒 [𝐉𝐈𝐘𝐎𝐎]Onde histórias criam vida. Descubra agora