𝟐𝟒

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𝐌𝐈𝐍𝐉𝐈

Yoohyeon está me matando essa noite. Eu estava tão excitada, provavelmente levaria uma hora em um banho gelado para me acalmar e ela está bêbada, então eu não posso ir tão longe. Vou até meu quarto, cuidar do problema eu mesma, quando Suzy me encontra.

- Precisamos conversar. - ela acena seu dedo para mim e então ri.

- Eu ainda não decidi! - eu grito por sobre a música. Ela me pega pelo braço e me puxa pelo corredor, esbarrando em pessoas por todo o caminho até o meu quarto. Ela fecha a porta e acende a luz.

- Certo, por favor, poderia explicar por que é tão difícil tomar uma decisão sobre algo que você sempre quis fazer?

- Prefiro não explicar. - ela joga as mãos para o alto, exasperadamente.

- Não entendo você. Tudo no que você falava na escola era sobre viajar pela estrada com uma banda.

- Eu ainda quero - eu digo - Mas não tenho certeza se posso deixar as pessoas para trás.

- Eu entendo isso. Estava preocupada em deixar meu pai sozinho, mas eu falei com ele e expliquei o motivo e você sabe o que? Ele entendeu. - o rosto dela se acalma e suas mãos caem para o lado.

- O meu caso é mais complicado, Suzy. - eu sento na cama, desejando que ela saia - Não estou preocupada com a minha mãe.

- É por causa de Yoohyeon. - ela senta na cama do meu lado e cruza as pernas.

- Eu sou assim tão óbvia - eu digo - Porque eu sempre me achei sutil.

- Você nunca foi sutil. E não é só você. São vocês duas. Mas você sabe que não pode centralizar sua vida em uma garota. Você tem que continuar e viver sua vida do jeito que quiser. - ela bufa uma risada.

- Sim, não vamos falar sobre isso. - ela não entende.

- Tudo bem. - ela segura as mãos para cima - Desculpe. Eu vou te deixar em paz. Só queria te dar algo para pensar.

Ela dá tapinhas no meu joelho antes de levantar e seguir até o corredor. Assim que a porta se fecha, eu me jogo na cama. Talvez ela esteja certa. Talvez seja hora de deixá-la ir.

- Droga. - eu precisava de uma resposta.

Meus olhos se voltaram para a casa de Yoohyeon. Estava escuro, exceto por uma luz. O banheiro aonde a mãe dela morreu. A luz não esteve ligada por oito meses. Por que agora?

[...]

𝐘𝐎𝐎𝐇𝐘𝐄𝐎𝐍

Oito meses atrás...

- Você não vai realmente subir aquela árvore, né? - Minji me olha de cara feia através da escuridão. Ela está vestida com uma calça jeans e, sua camiseta preta é perfeita nela - Você vai quebrar seu pescoço.

- Você sabe o quanto eu adoro um desafio. - eu esfrego as mãos e lhe dou um olhar diabólico.

- É, mas você está um pouco fora de si agora e eu não acho que você deva subir em qualquer árvore. - por trás dela, a lua resplandece no céu e seu cabelo loiro quase brilha. Ela fica ainda mais linda loira.

- Eu vou ficar bem. - eu aceno afastando-a, empurrando as mangas da minha jaqueta para cima. Ela sempre se preocupa comigo. Eu gosto quando faz isso, mas isso não significa que eu sempre vou ouvi-la.

Além disso, se o meu pai me pega chegando assim, e ele de repente está sóbrio, eu vou ser mastigada por ter escapado e por estar bêbada, especialmente porque eu deveria estar com a supervisão da minha mãe nessa noite.

Segurando um ramo, me esforço para calçar o pé em cima da árvore. Mas ele cai no chão e eu rosno de frustração. Minji ri, balançando a cabeça enquanto anda atrás de mim.

- Se você quebrar o pescoço, menina bonita - diz ela - Não é minha culpa.

- Você sabe que seu apelido para mim não é justo. - pego o ramo novamente - Você precisa pensar em um novo.

- É completamente apropriado. Você é a garota mais linda que eu conheço, Kim Yoohyeon. Mas se quiser eu posso te chamar de... Amor. - ela arruma o meu cabelo para o lado e coloca os lábios ao lado da minha orelha.

- Você está tentando ser engraçada? - eu tento processar o que ela está dizendo.

- Eu estou falando sério. Mas não há necessidade de pânico. Tenho certeza que você vai esquecer tudo sobre isso quando o efeito da bebida passar. - ela balança a cabeça.

- Você provavelmente está certa. - eu balanço minha cabeça para cima e para baixo.

Ela ri novamente e seu hálito quente faz cócegas em minha orelha, enviando um arrepio pelo meu corpo. Eu quase viro, rasgo sua camisa e enfio minha língua em sua boca, mas eu não quero estragar a nossa amizade. Minji é tudo que eu tenho no momento e eu preciso dela mais do que de ar. Então eu contenho meus sentimentos o melhor que posso.

Ela coloca seus dedos em minha cintura, onde a minha blusa está levantada, tornando a situação um pouco difícil.

- Ok, na contagem de três vou impulsioná-la na árvore. Tenha cuidado. Um... dois... três... - ela me levanta em cima da árvore e eu balanço as pernas para cima. A casca arranha um pouco a parte de trás das minhas pernas.

Uma vez que eu estou em cima, ela sobe sozinha. Suas mãos se juntam novamente em minha cintura e me ajuda a subir na árvore e entrar na minha janela. Eu caio por ela para o chão com o seu riso silencioso me cercando.

- Você vai se arrepender de manhã - diz ela com o riso em sua voz - Vai ter uma dor de cabeça dos infernos.

- Ei, Minji - eu levanto meu dedo para ela e ela revira os olhos, mas me tolera e volta para a janela. Eu jogo meus braços em volta de seu pescoço - Você é minha heroína. Você sabia disso? - beijo sua bochecha. Sua pele é tão macia. Eu começo a me afastar quando sua cabeça se vira para mim e nossos lábios se conectam brevemente. Quando ela se afasta, eu não posso interpretá-la de forma alguma.

- Tenha bons sonhos, Hyeonie. - ela sorri e desce da árvore.

Minha cabeça se torna ainda mais nebulosa quando eu fecho a janela. Será que ele me beijou de propósito? Eu agito o pensamento para longe e luto para tirar meus braços do meu casaco. A casa está em silêncio, exceto pelo som de água corrente vindo do banheiro. Eu sigo pelo corredor, imaginando que minha mãe deixou a banheira aberta novamente. Ela faz isso às vezes quando ela está distraída. A porta está trancada, então eu bato nela.

- Mãe, você está aí? - eu chamo.

Água sussurra de dentro e eu percebo que o tapete debaixo dos meus pés está encharcado. Eu fico sóbria realmente rápido, e corro para o meu armário para pegar um cabide. Esticando-o, eu enfio o final na fechadura do banheiro. Ouço um clique e empurro a porta aberta.

O grito que sai da minha boca poderia estilhaçar a felicidade do mundo em mil pedaços. Mas o silêncio que se segue, é suficiente para dissolvê-lo completamente.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒 [𝐉𝐈𝐘𝐎𝐎]Onde histórias criam vida. Descubra agora