Passado

206 25 5
                                    

Magnus estava sentado no sofá de couro escuro que tinha um rasgo no meio do assento. Ele não pareceu se importar, não dando a mínima. Seu corpo se mexe com leveza mesmo sendo o dobro do meu tamanho e ele tem passos calculados como se estivesse em uma dança para não esbarrar em nada e causar algum acidente. Ele é alto, algo como um metro e noventa mais ou menos. Eu podia supor que ele tenha essa altura uma vez que sua cabeça quase bateu no batente da porta de dois metros de comprimento.

E ele faz totalmente o meu tipo.

É estranho estar sozinha em uma cidade que praticamente não conhece, convivendo com pessoas que nunca viu na vida, estar completamente só no mundo todo, e mesmo assim se sentir acolhida por um estranho. Eu me sentia desta forma na presença dele. Desde que nos conhecemos há dez anos, desde o primeiro olhar, eu senti como se algo estivesse agarrando meu coração e o cobrindo com uma manta quentinha.  Uma sensação difícil de aceitar já que em toda a minha vida as pessoas nunca permaneceram por muito tempo.

— Você já foi até os quartos? — Ele me pergunta do nada depois de um momento de estranho silêncio. Suas mãos estão juntas na frente do seu corpo e seus ombros curvadas para frente com seus cotovelos apoiando em seus joelhos. Ele é bonito além da conta. Acho que nunca vi um homem tão bonito em toda minha vida.

— Só dei uma olhada. — Conto, não entrando em muitos detalhes. Sentada na outra extremidade da sala, em uma poltrona do papai, resolvo que não é o momento de me queixar sobre como o quarto principal parecia ter sido atacado por um bando de animais selvagens. Os móveis estavam destruídos e tinham buracos nas paredes. Sinistro. Seth até mesmo fez uma piada dizendo ter sido um ringue de luta, talvez fosse verdade.

— Você não deveria ficar aqui sozinha. Além da casa não oferecer nenhuma proteção, está praticamente caindo aos pedaços. Por que não ficou na casa de Sam?

— Porque não sou o problema dele, ele já tem os seus filhos. — Respondo ácida. Por que ele se importa?

— E a casa de Forks?

E a casa de Forks...

Eu não fazia ideia do que tinha sido feita da casa da cidade. Meu tio Bernard nunca se desfez da casa em que costumávamos passar as férias de inverno, mas depois que ele morreu e Vince assumiu tudo da nossa família não posso dizer com clareza o que foi feito das propriedades. A única coisa que sei é que depois que fomos embora do Mississippi, tio Bernard já não era mais o mesmo. Vince foi ficando cada vez mais responsável pelas contas e pelo dinheiro, me matriculou em escolas e fez suas próprias escolhas. Quando tio Bernard morreu, Vince me levou com ele para New Jersey e me deixou em uma escola interna por três anos, até que eles me colocaram pra fora por débito na mensalidade. Então eu vim para Forks passar algumas semanas com ele até decidir o que fazer comigo.

— Eu não sei o que foi feito da casa. — Assumo.

Magnus olhou longamente dentro dos meus olhos como se estivesse buscando alguma alternativa ou alguma mentira. Ele acha que estou mentindo? Será que ele quer desfazer o que seu tio Billy Black fez e deseja ter a casa novamente?

— Você quer que eu saia daqui para retornar? — Mesmo tentando não demonstrar nenhuma preocupação eu estava com os nervos embolados.

— Não! — Disse rápido, suas feições se transformando. — Não desejo te tirar daqui, só desejo que você tenha o mínimo de conforto. A casa não está em condições habitáveis, não quero você se machucando por causa disso.

— Eu... — Minhas palavras sumiram. Ele se importa comigo?

— Vamos. — Magnus se levanta e me oferece sua mão. Vacilando eu a pego, sentindo a quentura da sua pele contra a minha. — Vamos ver o que foi feita da casa de Forks. Vou ficar mais tranquilo se você estiver por lá.

𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐲 𝐒𝐮𝐧 - 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐚𝐠𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora