Dentro de mim, existem dois lobos:
O lobo do ódio e o lobo do amor.
Ambos disputam o poder sobre mim.
E quando me perguntam qual lobo é vencedor, respondo: O que eu alimento.
E no momento, o lobo sendo alimentado é o que me da forças para seguir em frente... para sempre!A morte me abraçou com afinco, me arrastando com ela para a escuridão, mas trouxe consigo a dor desvairada. Talvez eu estivesse condenada a sofrer pela eternidade como diziam ser possível na escola interna. Este seria o meu destino?
Meu corpo inteiro queimava, ou o que eu achava ser o meu corpo, e a dor era demais para qualquer pessoa conseguir suportar. Eu já tinha perdido antes mesmo de tentar mudar o meu cenário, não tinha mais volta. Fui arrancada do mundo dos vivos e jogada sem nenhuma cautela para o abismo do mundo dos mortos. A agonia era tanta que eu sequer conseguia separar o que poderia ser real do que não era. Eu tentei separar. A escuridão negra que me abraçava era tão dolorosa quanto ser submersa em ácido e ao mesmo tempo ser atingida por um trem. Como se eu estivesse nadando em uma piscina que corrói cada celular do meu corpo, como se estivesse nadando em fogo e enfiando escadas que atravessam os meus membros, rasgada e dilacerada incontáveis vezes. Sem nenhuma pausa ou desencaso.
Quanto tempo havia passado? Minutos ou segundos? A dor tinha ido embora. Eu não podia sentir mais nada. Eu não podia enxergar, também, mas eu conseguia escutar. Havia ar nos meus pulmões de novo, como bolhas ásperas subindo e descendo na minha garganta.
A voz de Magnus se estendeu por todo o canto e eu a identifiquei no meio das demais vozes.
"Fique comigo..." sua voz chorosa me implorava baixinho. Eu queria dizer a ele que estava tentando, queria conseguir encontrar alguma força para abrir meus olhos e dizer a ele que estava tudo bem, que ficaríamos bem, que daríamos um jeito em tudo. Eu tentei sentir o meu corpo, mas eu estava perdida, tarde demais para lutar. Eu sequer tive alguma chance. Eu nunca teria alguma chance. Eu morreria de qualquer forma, seja pela doença ou por forças sobrenaturais que drenaram o meu sangue. Eu era apenas humana, uma humana insignificante.
Tive um choque com o mundo sobrenatural do qual acreditava ser real somente em filmes e livros, Anne Rice estava certa? Vampiros existem! Lobos, também. O que mais há nesse mundo? Todo esse mundo parecia pesado como um planeta; e eu estava sendo incapaz de carregar todo esse fardo em meus ombros. Tudo o que eu podia era não ser completamente envolvida. Era como um modelo pra minha vida, eu nunca foi forte pra lidar com coisas fora do meu controle. Desde que posso lembrar, sempre fui sozinha e tive que aprender a me defender, tive que me defender, mas nada do que passei pode ser comparado a ser atacada e morta por seres que não deveriam existir.
Eu deveria sobreviver para contar a história.
Me agarrando com força a lembrança de Magnus e tudo o que ele representa para mim, me obriguei a lutar contra a escuridão. Mesmo que parecesse impossível, eu poderia tentar, poderia nadar contra aquela força que me puxava para baixo, contra a piscina de fogo e ácido.
Tudo estava ainda mais quente. Muito mais.
Eu senti o meu corpo ser levantado e fiquei contente por sentir uma brisa gelada bater contra o meu rosto. Em seguida, ainda nadando contra a piscina de fogo, senti quando fui posta sobre o que parecia uma superfície horizontal, gelado, um frescor para o calor que me consumia. Eu queria levantar meus braços e abrir o meu peito e tirar meu coração de lá, qualquer coisa para parar com essa tortura. Mas eu não sentia os meus braços, não podia mover sequer um dedo. Quando eu era mais nova, com dezesseis anos, quebrei meu braço em uma aula de educação física, foi a pior dor que já senti e aquilo foi classificado em uma escala como a pior das piores, o acidente com Renesmee e o meu ombro e braço ferido também tinha entrado para a lista. Mas agora, nada poderia ser comparado a isso. Eu preferia aquilo cem vezes. Cem fraturas. E ainda seria grata.
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𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐲 𝐒𝐮𝐧 - 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐚𝐠𝐚
FanfictionSam não foi o primeiro lobo a se transformar, ele não foi o único a sentir seu corpo queimando e os músculos partindo, havia outro, havia um Black. O verdadeiro alfa da matilha, aquele que deveria liderar e defender o seu povo contra os frios. Cont...