Redoma

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Gillian se aproximou de mim, sentou do meu lado no sofá e olhou para o meu rosto por um tempo, suas sobrancelhas franzidas e os lábios em uma linha reta. Eu a encarei de volta me perguntando o motivo dela parecer tão esquisita com a minha presença e me ocorreu que possivelmente ela estivesse pronta para me jogar no chão e afundar seus dentes em meu pescoço. Eu não estava sozinha com ela na casa grande de madeira, Renesmee estava sentada no pé da escada com o seu celular nas mãos e um olhar aflito, Alice estava próxima da janela olhando para o nada e parada feito uma estátua, e os outros tinham saído para ajudar os Cullens e os lobos em coisas dais quais eles não disseram para nós. Mas Gillian e Alice estavam conosco na casa, enquanto eu tentava digerir tudo que Renesmee tinha me contado sobre esse universo fantasioso que nunca considerei existir.

― Você costuma frequentar médicos de rotina? ― Gillian me pega de surpresa depois de um tempo muito longo em silêncio. ― Os humanos costumam fazer isso, não é? ― Olha em torno para Renesmee e Alice que agora tem a sua atenção totalmente em nós.

― Por que a pergunta? ― Desconfio, inclinando uma sobrancelha. Gillian repete o meu gesto, cruzando os braços na frente do corpo e levanta o queixo.

― Porque um médico conseguiria identificar o seu probleminha. ― Gesticula em minha direção como se não fosse nada.

Aquilo me pegou de jeito. Que tipo de problema ela estava falando?

Alice deu alguns passos em nossa direção, mas parou quando notou o modo como Gillian a encarou. Elas pareciam se comunicar pelos olhos e isso me incomodou mais do que antes. Assim também foi para Renesmee.

― Por que diz isso, Gillian? ― Renesmee se aproximou de mim e sentou ao meu lado. A atmosfera em torno se transformou de repente. O clima frio do Alasca pareceu congelar ainda mais se possível. Gillian somente deu de ombros e se levantou, batendo sua roupa para desamassar.

― Você já sabe que alguns de nós tem dons, e o meu é ser uma especialista em enfermos. Você deveria procurar um médico, antes que seja tarde demais. ― Alice se sentou ao meu lado, olhando Gillian tão intrigada quando eu estava.

― Alice? ― Renesmee deixa uma pergunta silenciosa no ar, e os olhos de Alice se tornam vidrados. Ela para olhando para o nada e seus dedos das mãos pálidas se contorcem uns nos outros. ― O que você vê? ― Renesmee pega a minha mão na dela e a sua pele morna me conforta.

A situação ficou estranhamente mais confusa do que antes. Quando os olhos amarelados de Alice voltaram em minha direção, eu me perguntei o que ainda estava fazendo ali. Naturalmente eu estaria correndo e tentando salvar minha vida, mas, aparentemente, essas pessoas não estavam apavorando o inferno para fora do meu corpo. Pelo menos não por enquanto.

― Eu-eu... ― Alice gaguejou e tentou se recompor. ― Eu acho que ela tem razão, Alina. Não fui capaz de ver o seu futuro com clareza porque Magnus está nele e eu não consigo ver através dos lobos. Mas, eu... não vejo mais de você...

Eu senti meu estômago embrulhar. Renesmee apertou sua mão na minha e me olhou com pesar, seus dentes brancos e extremamente alinhados rasparam no seu lábio inferior quando segundo mais tarde ela estalou a língua e tentou me enviar um sorriso fraterno.

— Não deve ser nada de mais, Alice também não consegue ver o meu futuro tanto quanto o seu, por causa do Jake. De todo caso, Carlislie pode checar você quando nos encontrarmos. — Pisca, um sorriso fechado desenhou nos seus lábios de carmim.

Alice balançou sua cabeça concordando, mesmo que ela não tivesse nada melhor para me dizer.

Eu não estava doente. Pelo menos não que eu soubesse e com toda certeza eu saberia. Minha última consulta rotineira foi há pelo menos três meses, um pouco antes de chegar em Forks. Tudo aquilo além de absurdo era bastante confuso.

𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐲 𝐒𝐮𝐧 - 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐚𝐠𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora