O cordeiro em pele de lobo

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Minhas pernas estavam moles e meu coração parecia ter ido em queda direto para o meu estômago. Eu abro e fecho a boca diversas vezes, meus olhos incapazes de se fecharem e eu incapaz de acreditar no que estava vendo. Todas as lendas eram verdades. Tudo o que disseram na fogueira, todas as fantasias que acreditei serem fictícias na verdade eram bem verídicas e eu estava perdendo minha maldita cabeça.

Quando Magnus apareceu no lugar do lobo grande, eu não pude mover nenhum músculo do meu corpo. Ele me olhou com expectativa e estendeu sua mão em minha direção, eu não pude pega-la, me sentindo estupidamente imbecil por nunca ter notado nenhum indício da sua real natureza. Mas também, como eu poderia acreditar no que os meus olhos tinham acabado de ver?

— Eu jamais machucaria você Alina. — Sua voz é retumbante quando ele diz, sua mão ainda estendida em minha direção aguardando pacientemente algum movimento meu. — Confie em mim, por favor. Não tenha medo!

Medo? Não, medo não! Eu estava amedrontada? De fato não sou capaz de decidir se o que percorre todo o meu corpo é medo, pavor, ou qualquer outra coisa diferente disso. Medo, talvez. Não, não de Magnus, mas de toda essa realidade que me foi apresentada.

— Alina... — Ele tem alguns passos em minha direção e eu pulo sobressaltada quando o som de um galho se partindo ecoa pela floresta tamanho o silêncio que nos envolvia. Parecia que o mundo havia parado para que eu pudesse absorver aquela informação. — Meu trabalho é proteger você!

— Dos olhos vermelhos?! — Ele concorda, deixando sua mão cair ao lado do seu corpo nu, ciente de que eu não me aproximaria dele agora.

— Inclusive deles.

Eu estava dormindo e esse era mais um sonho bizarro dos que já tive ao longo de toda a minha vida. Esse tipo de coisa não existe. Monstros foram feitos para estarem em filmes de terror, é só! É claro que em qualquer momento eu poderia acordar e me dar conta de que tudo não passou de um sonho bizarro.

— Isso tudo não existe. — Balbucio atordoada, olhando para qualquer lugar, menos para ele. Olhar para Magnus agora me dava à certeza de que tudo isso estava de fato acontecendo, e comprovar que vivo em um mundo completamente desconhecido e irreal me traz reações muito complicadas de administrar. — Coisas assim não existem...

— Eu existo Alina. — Sua voz grossa me puxa de volta para ele, minha atenção toda em seus olhos que outrora eram escuros, agora tinha uma coloração âmbar. — Eu estou aqui, e você não precisa ter medo de mim. Eu te amo, te amei até mesmo na primeira vez que nos vimos, eu sempre esperei por você, eu só não sabia disso antes.

Magnus sabe como me desarmar. Ele sabe que é o meu ponto fraco e está bastante consciente de tudo. E eu fiquei desarmada, permitindo que ele se aproximasse de mim e tomasse minha mão na sua. Seu corpo quente, nu, tocou o meu corpo frio. Sua outra mão deslizou pelo meu braço em direção ao meu ombro e chegou ao meu pescoço. Seu rosto se aproximou do meu e sua boca ficou a centímetros da minha. Seu hálito quente lambeu meu rosto.

— Eu sei que você me ama, Alina. — Balanço minha cabeça concordando, sem conseguir deixar nenhuma palavra sair. — Esse é o meu mundo, eu prometo que vou te contar tudo o que você quiser saber. Mas por favor, não me afaste. Não posso viver sem você.

— E-eu... — Respiro um par de vezes tentando acalmar minha mente. — Eu amo você Magnus, eu... confio em você, mas... — Ele me corta com um beijo rápido e singelo me calando.

— Quando você estiver comigo, esqueça essa parte da minha vida, não pense nisso. — Pede.

— Como eu poderia?

— Só pense que eu sou Magnus, o mesmo que você conheceu há dez anos e o mesmo que ama você, independente de qualquer coisa.

Eu prendo uma risada com o pensamento que brilhou na minha mente.

𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐲 𝐒𝐮𝐧 - 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐚𝐠𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora