CAPÍTULO TREZE

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Natasha estava adormecida e a febre havia baixado. Mas Gulf se recusou a deixar a menina. Mew o observava da porta e sob a luz suave da luminária de princesa, que ficava em um canto, ela parecia muito bem...

Ele se inclinou apoiando as mãos nos batentes de cada lado da porta, com tanta força, que não se espantaria se ouvisse o barulho de madeira se partindo.

Então, permitiu que seu olhar percorresse o corpo de Gulf. A roupa fresca e recém passada com que chegara estava amassada e manchada com gotas de remédio. Gulf passou a mão com tanta frequência nos cabelos, que estavam bagunçados. E os olhos, tinham uma expressão de cansaço e preocupação.

Mesmo assim, Mew sentiu o desejo disparar por seu corpo ainda mais claro e forte do que naquela tarde. Era mais do que uma reação a beleza dele, embora isso tivesse sua parcela de responsabilidade também. Ele se sentia atraído por quem ele era. Pelo modo como cuidou de Natasha. A maneira como se preocupou, como ficou nervoso com a doença da pequena, sua disposição em ler a mesma história repetidas vezes.

O desejo que pulsava dentro dele era alimentado pelo que viu em Gulf nas últimas semanas. As flores que ele colocava por todo o lugar, a gargalhada que parecia iluminar cada canto de uma casa que acabou se tornando escura demais. O calor que invadia a alma dele por mais que Mew tentasse lutar contra a sensação.

E ele sabia que aquele desejo não teria alívio porque não daria a Gulf o que ele estava buscando. Não poderia se permitir correr aquele risco de novo. Precisava pensar em Natasha e faria qualquer coisa para protegê-la do risco de ser rejeitada novamente. Mesmo se isso significasse negar a si mesmo o homem que queria mais do que qualquer coisa no momento.

Como se sentisse os olhos de Mew sobre ele. Gulf se virou para encará-lo. Quando o olhar dele se prendeu no olhar do Mew. Mew teve certeza de que estava muito encrencado. Gulf se levantou inclinou-se um pouco para acariciar a testa de Natasha.

Mew deu um passo para o lado quando Gulf chegou perto. Quando ele passou, seus corpos se roçaram e a pele quase pegou fogo. Essa era a única explicação para a súbita explosão de calor que quase o fez sucumbir. Mew balançou a cabeça e deu uma última olhada para filha adormecida e saiu do quarto.

Gulf estava em outro cômodo, em uma sala, parado diante de uma fileira de fotos. A maior parte era de Natasha, mas havia algumas outras também.

- Esses são seus pais? - Perguntou Gulf sem virar.

- Sim. - Respondeu ele, ficando alguns metros de distância. Era melhor manter alguma distância entre eles. Eles moram em outro país.

- É uma pena. - Murmurou Gulf a voz baixa, pensativo.

- Minha família quase me enlouquece às vezes, mas não posso me imaginar vivendo longe deles.

- Tenho a Natasha

- E ela lhe basta.

- Ela é tudo para mim.

Finalmente, Gulf se virou para olhar para o Mew. Havia lágrimas nos olhos do Gulf e como Mew foi pego de surpresa, a cena o atingiu em cheio. Ele deu um passo na direção de Gulf e parou novamente sem saber o que deveria fazer. Droga, lágrimas sempre o deixavam tonto.

Gulf secou as lágrimas com as mãos. Ele balançou a cabeça e disse:

- Natasha é mesmo tudo para você. É fácil perceber isso quando vocês estão juntos.

Como Mew deveria responder esse comentário.  Obrigado?

- Observei vocês dois juntos e você é tão bom como pai, tão carinhoso e sabe exatamente o que dizer, o que fazer, não ficou assustado. Eu vi nos seus olhos, não ficou nervoso.

- Você não ficou nervoso, preocupado talvez, mas não assustado com aquela febre que apareceu de repente do nada e... - Deu os ombros, ergueu as mãos e deixou cair novamente ao lado do corpo. - Se você não tivesse chegado àquela hora eu teria saído mesmo na escuridão para te procurar.

- Quando eu estou assim, eu tomo uma aspirina e me enfio na cama. Mas ver a Natasha chorar, sentir seu rostinho quente, os olhos brilhantes por causa da febre... - Gulf se encolheu a mera lembrança. - Foi terrível, me sentir tão impotente, tão burro.

- Gulf. - Mew sentiu que precisava tentar deter aquele fluxo de palavras. As lágrimas voltaram a correr nos olhos do Gulf.

- Por Buda como posso ter uma família ou em pensar em filhos se eu nem sei cuidar de uma pequena febre de uma criança!? - Gulf fala com uma voz contida.

- Isso tudo é bobagem.

- O que? - Gulf levantou a cabeça para encontrar o olhar do Mew. Mew o encarou e sentiu o seu coração apertar diante do rosto marcado por lágrimas e da expressão de infelicidade nos olhos de Gulf. Ele não conseguiu aguentar mais. Em três longas passadas já estava ao lado de Gulf, segurando-o pelos braços, com uma mistura de carinho e firmeza. Ele fez Gulf olhar bem dentro do seu olho e....

BEIJE - ME AGORA!Onde histórias criam vida. Descubra agora