CAPÍTULO VINTE E SETE

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Um mês mais longo da vida de Mew. Os dias se arrastaram a passo de lesma.

O humor dele estava negro e tenso demais e qualquer um com pouco de inteligência teria mantido distância. Mas Nike, ainda nas alturas por causa do nascimento do seu filho, aparentemente não percebeu os sinais de alerta.

- Estou lhe dizendo Mew aquele meu garoto consegue tomar litros de mamadeira.

- Essa coisa precisa sair daqui. - Mew estava concentrado no trabalho que fazia na cerca, então apoiou o ombro contra a estaca e empurrou. A maldita coisa precisava sair para que pudesse consertá-la.

E parecia que ele vinha fazendo todo trabalho sozinho naquele dia. Mew relanceou o olhar para o Nike. O outro homem estava apoiado contra o paralama da caminhonete, um tornozelo cruzado sobre o outro, os braços cruzados e ostentando um sorriso tolo no rosto.

Era engraçado, mas Mew nunca havia percebido como a felicidade de outra pessoa podia ser irritante.

- Zoe foi fantástica – Estava dizendo Nike, a voz pensativa lembrando. - Você deveria tê-la visto. Sem lágrimas nem gritos. Havia uma mulher que estava aos berros, parecia que ia colocar o hospital abaixo.

Mew se encolheu por dentro. Ele também se lembrava claramente do nascimento de Natasha. Vicky foi uma mulher que gritava. Ela xingava Mew de todos os nomes possível que conhecia. Berrava com os médicos e enfermeiras e não queria ver a filha nem pintada de ouro, queria distância dela e do Mew.

Talvez tivesse sido melhor para Vichy que aquela gravidez “acidental” não houvesse acontecido. Mas ele jamais se arrependeria de ter tido Natasha. E de certo modo, o nascimento da filha acabou as coisas com a Vichy. A mulher mostrou quem era de verdade e fez o favor a Mew de desaparecer de sua vida e da filha, que ela rejeitou no nascimento dela.

E ele e a filha vinham se virando muito bem sozinhos. Até Gulf parecer. A mente de Mew no mesmo instante conjurou a imagem dele rindo e ele cerrou os dentes.

Maldição.

Era feliz antes de Gulf aparecer.... Ou contente ao menos. Então ele surge e o faz ficar ansioso para vê-lo de novo, para ouvi-lo.

Gulf trouxe flores para casa de Mew e luz para o coração dele. Droga.... Ele não pediu a ele para fazer nada disso.

- Zoe foi tão incrível – estava repetindo Nike ainda impressionado com o absoluto milagre do nascimento do filho.

Mew se viu contagiado pelo deslumbramento na voz do amigo e se pegou imaginando como teria sido se Gulf fosse o pai de Natasha. Mew também imaginou que Gulf não conseguiria nem fingir que imaginava Gulf abandonando a própria filha.

Ele desistiu de se esforçar para abraçar a estaca da cerca e deixou a mente divagar mais longe. Viu imagem de Gulf e Mew adotando, mas um filho dos dois. De Gulf segurando a mão de Natasha e Gulf com um menino ou menina no colo que eles haviam adotado.

Os quatro sentados na mesa da cozinha, rindo e comendo cookies. Então sua mente foi mais além e aparentemente decidiu que podia torturá-lo ainda mais.

Claro como dia. Mew se pegou imaginando quatro ou cinco crianças correndo pelo rancho e viu Gulf e ele sentados na varanda, de noite, Gulf no colo do Mew, enquanto os dois riam vendo as crianças brigarem.

Então com a mesma rapidez com que surgiu, a visão terminou e Mew se viu de volta ao presente em que estava escutando o seu ajudante a se gabar pelo filho. Mew perdeu o controle do mau humor e se virou irritado para Nike.

- Você vai me ajudar aqui ou vai ficar parado aí encostado nessa caminhonete o dia inteiro?

- Desculpe. - Nike se afastou rapidamente da caminhonete, se posicionou do outro lado da estaca e começou a puxá-la. Mas enquanto trabalhava, o capataz decidiu arriscar a vida.

- Está tudo bem com o Gulf?

Mew o fuzilou com o olhar.

- Tudo maravilhoso. Podemos trabalhar agora?

- Sim senhor chefe. – Nike abaixou a cabeça, mas Mew percebeu o lampejo de aborrecimento nos olhos do amigo.

Ótimo. Agora não só eu estava sem o Gulf, mas agora vou ficar sem amigo também. Oh sim as coisas só melhoram...

BEIJE - ME AGORA!Onde histórias criam vida. Descubra agora