CAPÍTULO DEZOITO

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As coisas estavam voltando ao normal.

Ao menos era isso o que Mew continuava a dizer a si mesmo. Não viu Gulf há quase dois dias, desde que ele deixou seu corpo em fogo e foi embora, deixando-o arder sozinho.

- Melhor assim – Falou ele, jogando o saco de dormir de Natasha e a maleta decorada com balões da menina, no banco de trás do carro. Gulf obviamente acabou aceitando que fosse o que fosse que houvesse entre eles, simplesmente não tinha futuro.

- Ei chefe!

Mew virou a cabeça e semicerrou os olhos contra o sol da tarde para ver Nike se aproximar.

- O que houve?

Nike balançou a cabeça e indicou a própria casa no outro extremo do rancho com o polegar.

- Você vai voltar direto para cá, da cidade?

- Sim devo demorar cerca de meia hora.

- Excelente. Quando estiver voltando, se incomoda de parar e comparar uns tacos para Zoe?

Mew riu para si mesmo.

- Pensei que ela estava com desejo por sorvete.

- Isso foi semana passada. - Disse Nike, com um suspiro. - Essa semana o desejo é por tacos.

- Está certo, eu trago para ela.

- Obrigado. - Falou Nike, já se encaminhando para a estrebaria. - Fico lhe devendo essa.

- Sem problemas. - Falou Mew que se lembrava muito bem do que era lidar com uma esposa grávida. É claro que Vicky havia se ressentido da situação toda e reclamava de tudo e durante os noves meses. Ela detestava as mudanças no próprio corpo, detestava o bebê. E principalmente detestava Mew em primeiro lugar por ter feito a criança.

E por mais longa e miserável que tenha sido a gravidez, nada daquilo teve importância no minuto em que a enfermeira lhe entregou sua filha recém-nascida. Entregou-a para Mew, pois Vicky nem quis olhar, virou o rosto e rejeitou a pequena. Mew ainda podia ver Natasha tão pequena, muito vermelhinha e berrando a plenos pulmões. Ele ainda pensava naquele momento como um milagre. E desde então, parecia que tinha a palavra “babão” escrita na sua testa, no que se referia a sua menininha.

Mew sempre quis filhos... três ou quatro filhos. Mew sorriu ao pensar no rancho vibrando com o som de gritinhos e risadas. Mas um instante depois o sorriso desapareceu, quando lembrou a si mesmo que Natasha seria a sua única filha. E isso era uma pena, ele admitiu. Não contara com a possibilidade de passar o resto da vida sozinho. Queria a sua pessoa especial, uma família grande.

Mas estragaram tudo e de tal modo, que achava que desperdiçou sua única chance. Agora não era sua vez de sair e tentar encontrar a felicidade. Não permitiria que Natasha se apegasse a mais ninguém para não correr o risco de ser abandonada de novo. A filha era sua prioridade. Agora era a vez de Natasha. E Mew estava disposto a fazer tudo o que pudesse para se certificar de que sua garotinha fosse feliz...

BEIJE - ME AGORA!Onde histórias criam vida. Descubra agora