XVI - Cabelo

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Tobirama, contornando algumas ruas e conseguindo acesso por outras, chegou a Tóquio mais rápido que o esperado, ao ponto de conseguir passar em casa e tomar um banho, trocando a roupa por um social bonito de tom azul escuro com gravata vermelha que combinava com o tom de seus olhos. E faltando exatos dois minutos para seu prazo, adentrou a sala do pai vestido com sua feição séria que não dava espaço para argumentações.

- Quem você pensa que é? – Butsuma se ergueu, empurrando a pesada mesa de madeira no processo. – Para simplesmente sair no meio da semana e deixar seus compromissos de lado?!

Ele estava enfurecido, no entanto o mais novo pouco temia suas palavras, ou o jeito agressivo. Tobirama tinha aprendido a lidar muito bem com as atitudes do pai, então não se desesperava em sua presença. Esperava apenas a oportunidade perfeita para conseguir lhe virar as costas e ir embora, sabendo que o velho Senju não teria nada para lhe cobrar sobre a efetividade de seu trabalho.

- Está com medo de perder o seu dinheiro?

- Insolente! – Ele se adiantou na direção do filho, mas foi interceptado pelo outro. – Você é uma vergonha!

- Pai! – Hashirama se colocou entre os dois. – Será que o senhor não pode apenas relevar? Sabe que o Tobirama deixou tudo sob controle.

- Não me interessa. – Ele cuspiu as palavras no mais velho, não mais dando a importância que o primogênito um dia tivera para si. – Vocês dois sempre infernizaram a minha vida por causa daqueles Uchiha, e eu achei que tinha ficado bem claro quando você se casou.

- Não volte ao passado, por favor. Não estamos aqui para falar sobre o que aconteceu há anos.

- Os problemas do meu casamento não te dizem respeito. – Tobirama parecia tranquilo, sequer dava a impressão de estar na mira do ódio desmedido do pai. – E você não se importa.

- Mas quando envolve o andamento do trabalho na minha empresa, me importo e muito.

- O processo está longe de uma finalização, e você não precisa de mim aqui. Não vamos para frente do juiz tão rápido.

- Mas não te quero dando atenção para aquele moleque Uchiha que ousa chamar de marido. – Ele novamente cuspiu a frase, com desdém. – Você é uma vergonha.

Tobirama apenas lhe deu as costas e deixou a sala, conforme planejado. No passado ele tinha sofrido com as imposições e a raiva que Butsuma tinha para consigo e seu relacionamento, mas aprendeu a lidar com isso se mantendo calado e não dizendo mais do que o necessário. Sua benção pessoal era ser o filho mais novo, pois sabia do tamanho da pressão nos ombros de seu irmão, apesar de não se aproveitar disso para tirar alguma vantagem sobre o mesmo.

De modo que podia fazer seu trabalho sem ser toda hora alvo de Butsuma. Esclarecendo os processos para si, e ganhando todos os possíveis, teria o paraíso provindo do pai. Mas não esperava isso dele também, apenas fazia o que era preciso enquanto trabalhava escondido para resolver suas próprias questões.

Sua sala ficava no andar debaixo, alcançada somente após passar por um salão espaçoso com mesas ocupadas por outros advogados de menor patente. Tobirama deixou o terno apoiado na poltrona confortável, e ligou o notebook enquanto adequava o ambiente a seu modo. A janela atrás de si abria para fora, composta por duas partes. Ele afastou a persiana marrom e permitiu que um pouco de sol adentrasse o ambiente, expulsando aquele ar parado e morto.

Toda a extensão da sala era recoberta por carpete, e havia uma estante na lateral, que em grande maioria guardava livros de direito, e alguns de gosto pessoal do Senju. No entanto o espaço havia sido repartido em dois, e a estante servia como divisória, dividindo o ambiente. Atrás dela ficava uma porta com acesso ao banheiro, uma cafeteira de mesa própria com cápsulas guardadas em um pote de vidro, e uma mesa de centro menor, rodeada por um sofá circular repartido a cada duas pessoas, bem como uma segunda janela.

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