XLIII - Despedidas

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Izuna o abraçou com tanto carinho e força, aliviado após vários meses difíceis, agora sabendo que o irmão estava no processo de recuperação, ainda precisando de cuidados, mas sendo novamente reintroduzido de volta à própria vida. Para Madara era como um presente.

- Eu estou aliviado. - Ele fechou os olhos e se apoiou em Izuna. - Parece que terminei de lutar uma guerra e agora vai ficar tudo bem.

- Você lutou uma guerra muito difícil sim, e vai ficar bem agora. - Viktor enfatizou suas palavras. - Ainda precisa se cuidar, não pode retornar ao banco ainda e nem fazer viagens ou encontrar outras pessoas, principalmente se elas estiverem tossindo ou espirrando, por pelo menos dois meses. Mas está no caminho da melhora, agora não é mais um sonho distante.

Ele mantinha um sorriso discreto, apesar de não poder ter sido visto pela máscara, mas Viktor percebeu por seu semblante como um todo que ele estava aliviado. Era difícil e tortuoso o caminho a ser percorrido por quem precisava lutar contra tamanha injúria, e o oncologista sempre ficava feliz quando conseguia ver seus pacientes chegando aquele momento.

De poder sonhar com sua própria libertação da doença.

- Obrigado. - Madara estendeu a mão para ele, que se uniu daquela maneira costumeira. - Você salvou a minha vida.

- Não, eu só fiz o meu trabalho. Quem nunca desistiu foi você, mesmo com todas as dores, o cansaço e o medo. Continuou seguindo em frente, e dessa vez está diferente de quando chegou.

- Muito. Eu me sentia sozinho quando fui internado, e descobri mais do que esperava em quase meio ano. Talvez essa doença tenha me ensinado mais do que eu esperava.

E agora Madara era o único que poderia determinar se isso era bom ou não, podendo julgar as ações posteriores a partir da verdade. Sua mente estava mais amadurecida, e o que viesse a acontecer em sua vida era algo que lhe dizia total respeito.

Não era mais dependente de seus pais, caminhava com as próprias pernas.

- Não se esqueça de continuar se cuidando, porque o tempo mais frio também pode causar problemas, e a sua imunidade está baixa. Então por mais que a vontade seja de retomar a rotina, precisa tomar cuidado. Nós podemos conversar por telefone se o tempo estiver ruim, e qualquer dúvida você me liga. Agora precisa continuar tomando os remédios na hora certa e mantendo os cuidados, tudo bem? Em dezembro, se estiver melhor, com a imunidade mais forte, podemos ver de te liberar para passar as festas em família. Mas ainda não pode beber e seria bom estar de máscara.

Para Madara era importante que estivesse bem acima de tudo. Ele não se importava de fazer concessões, abrir mão de mais alguns momentos para sua recuperação, porque o pensamento a longo prazo compensava a saudade, e as mudanças que estavam surgindo.

Além disso, ele sentia que estava na hora de poder fazer alguma coisa pelo irmão, mesmo sabendo que talvez Izuna pudesse não entender de começo. Eles deixaram Viktor antes de a chuva forte tomar as ruas de Yokohama, e conseguiram passar em um mercado para suprir algumas coisas.

Decidiram fazer um lámen, apesar de Madara estar evitando muitas coisas da culinária tradicional pela fragilidade de seu estômago, mas ele ainda poderia acompanhar o irmão, nem que fosse com um versão mais branda do prato aconchegante.

Dessa vez Izuna sequer pode tentar fazer com que ele não deixasse ajudar. Os dois voltaram para o apartamento, e Madara deixou a porta de acesso a sacada aberta enquanto cozinhava, e via a chuva forte se chocando contra a cortina de vidro.

- Dá para ver o oceano agitado daqui. - Izuna se aproximou da sacada como uma criança curiosa. - Já até imagino que esse deve ser o seu hobby secreto.

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