XXVI - Destruído

254 48 25
                                    

Dez anos.

Eles ficaram separados por dez anos, por conta de um plano arquitetado pelo Senju e o Uzumaki, para que Hashirama não envergonhasse o sobrenome de seu pai estando junto a um homem, o obrigando a se casar com uma mulher grávida, que o condenava a nunca se separar dela. E sem que Madara ficasse sabendo da verdade, odiou Hashirama por todo esse tempo.

Por longos dez, solitários, difíceis e doloridos anos.

Para que Hashirama descobrisse que ele estava entre a vida a morte, dependendo de sua medula para ter uma chance de sobreviver, porque estava com câncer.

Ele o estava perdendo sem antes de ter tempo de lhe pedir perdão e contar a verdade, e sequer sabia disso.

Então Hashirama caiu incapaz de lidar com a dor por saber daquilo. Ele olhava para Viktor, negando e balbuciando alguma coisa ininteligível enquanto chorava sem controle, tomado pelo desespero de nunca mais ter a chance de ver Madara e o encontrar mesmo após tanto tempo.

Ele queria vê-lo, nem que fosse para ouvir de sua boca que o odiava, e não descobrindo que estava com aquela doença devastadora.

- Não. - Ele baixou a cabeça, chorando. Negava para si mesmo enquanto tomado pelo desespero. - Não é possível. Ele não...

Viktor alcançou um copo e o completou com água antes de entregar para Hashirama. O Senju ainda cabisbaixo, chorando, ergueu o rosto em direção ao médico, e o que ele viu foi a face triste, desolada, completamente inconsolável, incapaz de reagir. Em questão de segundos, ele caiu.

- Toma a água devagar, vai ajudar. - Ele garantiu privacidade, deixando a persiana baixada para que Hashirama tivesse tempo para si.

- Obrigado.

Tanto tempo tentando buscar alguma informação sobre Madara, e ele estava ali ao esticar de seu braço, na província vizinha, mas acometido por uma doença tão devastadora. E pior! Logo aquela doença! Mais uma vez o câncer se colocando em sua vida!

Mito havia morrido há dez anos de câncer, e Hashirama ainda sofria levando as flores em seu túmulo para saber que Madara estava com a mesma doença! Seu coração doeu tanto com a revelação que ele não conseguiu parar de chorar, as lágrimas apenas vertiam enquanto a realidade o machucava, e a água só serviu para clarear sua dor, mas não amenizá-la.

- Meu Deus. - Ele se apoiou sobre o travesseiro, sentindo um cansaço que ia além da vida. - Que coincidência horrível.

- Desculpe, eu não fazia ideia de que vocês eram amigos.

- Ah. - Hashirama fechou os olhos e as lágrimas machucaram seu rosto, ele se sentiu profundamente desgostoso. - O Madara foi tanto na minha vida, tanto. - Falar era difícil, ele estava quase engasgando com o choro. - Não é possível.

Viktor se acomodou na cadeira próxima e estendeu a mão para o Senju, naquele gesto de carinho. Aquele era o seu jeito de se aproximar dos pacientes, e o contato empático com eles era algo que o médico valorizava acima de tudo.

- Respira fundo tá? Quando estiver melhor a gente conversa.

Anuiu, mas não conseguiu se acalmar. - Ele está bem agora?

- A doença foi controlada por enquanto, e com o transplante de medula as chances de cura aumentam. É um conforto a mais, né?

Ele concordou devagar. Hashirama era um homem que estava sempre feliz, esperançoso, tendo as palavras mais doces e encorajadoras para os outros independente de como estivesse destruído por isso. Mas vinha sofrendo há tanto tempo por ter sido separado de Madara, e ter precisado lidar quase sozinho com o câncer de Mito, que a junção do homem que amava, com essa doença devastadora, o derrubou.

Not EnoughOnde histórias criam vida. Descubra agora