XXVIII - Atritos

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Hashirama não teve uma boa noite, longe disso.

Foi horrenda em muitos sentidos.

Sofreu com pesadelos durante a madrugada e acabou despertando algumas vezes durante o período, de modo que estava com um semblante cansado quando visitado pelo médico. Viktor percebeu que não parecia bem, e a verificação dos sinais vitais não foi surpreendente ao oncologista por estarem alterados.

- Eu vou pedir acompanhamento de um cardiologista, você vai precisar ser monitorado, está bem abatido para o procedimento.

- Me desculpe, reencontrar o Madara depois de tantos anos e saber que está doente quando eu já perdi alguém para o câncer tirou todas as minhas forças.

- Tudo bem, nunca é fácil. - E lá estavam as mãos dadas, ele acolhia a todos que precisassem. - Eu entendo que vocês devem ter algo maior do que é possível entender agora, e que estão machucados por isso, mas nesse momento eu quero se concentre em você. Foi como te falei ontem, a sua ação aqui pode ser responsável por salvar a vida dele e isso é algo que apenas você pode fazer. Pense nisso.

Viktor conseguiu atingir um ponto, porque tirou um sorriso pequeno de Hashirama, que lhe trouxe calma. Ele pareceu ter assimilado sua importância, ao invés de voltar para o que tinha acontecido no passado, e se sentiu melhor sem precisar lidar com tanta culpa surrando sua mente. Estava com fome, precisava ficar de jejum, mas como Viktor tinha dito, a captação da medula seria feita logo pela manhã, então em pouco tempo ele estaria podendo doar.

- Obrigado doutor. Agora eu só quero poder fazer alguma coisa boa pelo Madara.

- Então fique tranquilo, porque vai conseguir.

Mais uma vez Viktor o acompanhou. Tobirama apareceu um pouco antes para falar com o irmão, e ficou acompanhando de longe enquanto a maca era levada até o centro cirúrgico. Agora ele estava com um avental apropriado ao local, e acompanhado por algumas pessoas mascaradas e cheias de luvas e outros acessórios que deixavam apenas seus olhos à mostra.

- Hashirama-san, bom dia. Meu nome é Suzuki Felipe, eu sou hematologista aqui do hospital e vou fazer a captação da sua medula.

- Tudo bem. - Hashirama sorriu. Ele havia sido transferido para a cama do próprio centro e acomodado pela enfermagem. Felipe esperava enquanto um outro médico apareceu, indo direto ao Senju.

- Olá Hashirama-san. - Ele não viu o sorrir, mas percebeu a mudança da feição. - Me chamo Henrique, e sou anestesista aqui. Você vai receber anestesia geral para o procedimento, e depois ficar acompanhado na UTI.

- Tudo bem. Obrigado.

No fim das contas não seria tão ruim dormir um pouco mesmo que a base de anestésicos. Ele estava com um acesso no braço onde uma ampola grande fora inserida após ter sido feita a salinização para evitar qualquer tipo de infecção. Henrique acompanhou os sinais vitais do Senju, que recebeu uma máscara de oxigênio.

- Respire fundo, por favor. - Ele o atendeu. O médico olhou em seus olhos e disparou a anestesia pelo acesso. - Bom descanso.

Hashirama dormiu antes de completar o ciclo de respiração.

...

- Tobirama, é o meu irmão. Eu vou proteger ele tanto quanto você com o Hashirama.

- Eu não estou julgando isso. Mas o Madara não vai dizer o que quiser para o Hashirama sem ouvir umas boas verdades sobre isso, como se tivesse esse direito.

Eles não estavam tão bem desde aquele fato. Porque se seus irmãos entrassem em conflito, eles iriam apoiar seu lado, e isso lhes colocava em conflito. E estavam sendo divididos por isso, de modo que Izuna, já irritado, se aproximou do outro com raiva.

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