XXXII - Revelar

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Madara não fazia ideia de como Hashirama tinha conseguindo chegar tão rápido ao hospital, mas quando percebeu a roupa de internação repeliu seus desejos de xingar Izuna achando que o irmão tinha feito uma sugestão duvidosa para ele, que o colocou ali, frente a frente.

- Eu queria falar com você. - O Senju não se moveu, sentiu muita ansiedade e receio de Madara terminar de destruir a si próprio com sua presença. - Por favor.

- Como você chegou aqui? - A pergunta foi feita com desgosto e raiva. Madara se impulsionou até sentar e sentiu suas forças sendo drenadas a cada segundo. - Eu não tenho nada para falar com você.

- Por favor Madara. - Era difícil descrever o quanto havia naquele reencontro, mas o desprezo era claro. - Eu não posso deixar você morrer.

- O que? - Ele arrancou a máscara de vez, sentindo a força de respirar com mais esforço. - Por quê você está aqui?!

Madara o encarou com raiva, e Tobirama, ao ouvir o grito quis entrar no quarto. Estavam separados há tanto tempo que existia um abismo entre suas vidas, e uma distância difícil de vencer.

- Eu estou internado esses dias, mas vou embora logo.

- Você podia ter ido sem vir aqui. - Disse entredentes. - Eu não tenho obrigação nenhuma de falar com você Hashirama, sai daqui. – Ele tocou a campainha que dava no posto de enfermagem, mas quando a enfermeira se aproximou, Viktor pediu que não entrasse. – Quem te deu esse direito?

- Eu não posso ir embora, desculpa. Porque se eu te der as costas e você achar que deve morrer, não vou me perdoar.

- Não se meta na minha morte! - Existia um desgosto tão grande nas palavras de Madara, que Hashirama sentiu o amargo delas. Ele já chorava havia um tempo, mas Madara sequer percebeu suas próprias lágrimas surgindo. Tobirama ainda queria intervir. - Você não tem direito de nada.

- Eu não posso te deixar morrer, isso é uma maldade imensa.

- Você fala sobre maldade como se tivesse algum direito sobre isso.

- Não, pelo contrário. Eu sei o que te fiz passar, e que isso mudou a sua vida, mas não vou te deixar morrer.

- Não fale o que não sabe. - Madara sentiu a raiva crescer em seu peito, ele queria Hashirama fora dali. Mas sentiu suas forças indo embora, então sua voz amenizou. - Quem você pensa que é para dizer alguma coisa sobre a minha vida?

- Por mais que te doa, sou a pessoa que mais te conhece na vida.

Hashirama sabia que estava indo muito além, mas tinha medo de recuar, deixar que Madara o expulsasse dali e não houvesse mais uma chance. Precisava fazer ele entender que não poderia desistir da própria vida, mesmo que isso o fizesse perder o Uchiha para sempre, parecendo ousado em suas respostas.

- Sai daqui Hashirama, eu não te devo nada. – A voz se tornou perigosa.

- Eu sei que não, mas quanta injustiça vai precisar acontecer ainda até uma tragédia maior acontecer? - Ele se sentiu tão triste, que foi inevitável não se aproximar. Madara fechou as mãos em punhos, não queria ele ali. - Me deixa te contar tudo que aconteceu, por favor. E aí você não vai mais precisar lidar com tanta mentira, e nem com a minha presença.

- Que conveniente você dizer isso agora. Que merda o Izuna fez para você se internar aqui? Eu sabia que trazer o passado à tona só desgraçaria a minha vida!

O mais novo ouviu aquela parte e sentiu o coração doer.

Hashirama não podia começar falando sobre a medula, senão não teria chance de falar sobre o que os separou. Mesmo que Izuna tivesse adentrado o assunto, ainda era muito delicado conversar sobre aquilo, e dessa vez não era seu irmão mais novo ali, e sim a pessoa que ele culpava por tudo que tinha acontecido.

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