"Peço perdão, por mais que eu não mereça."
— Julia Witwicky
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Por muitas vezes na vida sentiu o medo profundo, e lembrava-se bem de todas elas. A sensação de pavor iniciava-se no estômago e distribuía ondas geladas para o resto do corpo, e sempre nessas horas, o cérebro parecia entrar em pane, deixando-a isolada no centro do furacão. Em momentos que deveria fazê-lo funcionar para tirá-la de tal situação preocupante, o órgão pensante apenas conseguia se desesperar e afundar-se ainda mais na lama, com seus choques agonizantes esfriando o sangue.
Esse é o medo.
Nunca foi capaz de agir corretamente em situações que exigiam decisões imediatas, soluções imediatas, e esse era um defeito tão grande e que nunca trabalhou para modificá-lo, que entendia as muitas zombarias de Crosshairs quando perdia o raciocínio e se atrapalhava para conseguir distinguir atitudes corretas de atitudes prejudiciais. Porém, o medo que trouxe lágrimas pesadas para os cantos dos olhos foi provocado por aqueles em que confiava, uma corda sempre tão forte de companheirismo que abalou pelo fato de eles terem dado um passo importante sem ouvi-la, sem levá-la em consideração, sem pesar o dano psicológico presente na sua fraca mente humana.
Havia muito por trás de suas decisões covardes, isso estava longe de se assemelhar ao seu esquecido espírito de guerreira, contudo, antes de prosseguir rumo a outro futuro incerto e com perdas certas no caminho, deveria se certificar de que aguentaria mais uma bomba jogada em seu colo.
Não, Julia não aguentaria.
Adiar o reencontro com os Autobots se tornou o máximo que conseguiu estando em estado de profunda exaustão mental, mas na verdade, queria que não acontecesse. Ver o resto deles desencadearia catástrofes incalculáveis, e no fim, ninguém gostaria de arcar com as responsabilidades das consequências. Se seguiu então, uma onda de sujeiras empurradas para debaixo do tapete, os cobertores de sua mentira sustentada por anos enrolou no pescoço de forma a sufocar, e parecia atada com nós tão fortes que se livrar deles se tornou inviável.
Como deveria encará-los sendo que anos atrás, todos eles tiveram que engolir a sua morte no ataque que aconteceu no meio de uma fuga desesperada?
Julia Witwicky odiava mentiras, e no fim, se tornou a que sustentava a maior delas.
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O apito agudo que vinha de dentro do celeiro cessou após os novos visitantes ultrapassarem o limite da cerca que separava o quintal do caminho de terra, tendo o piscar das luzinhas vermelhas das caixinhas pregadas nas tábuas voltando ao normal. Seus dispositivos de sinalização foram reiniciados, algo que pelo menos aliviou um pouco da tensão nos ombros.
As consequências não valiam o risco, ter todos eles ali era como ligar a presença em vermelho vivo no radar da CIA. Ficava surpresa que todo o barulho não tenha acordado Jolt de sua recarga, ou ele apenas fingia algum tipo de serenidade para mais tarde explodir rente aos seus ouvidos? Vai saber. Vai saber se ele próprio não tramou pelas suas costas junto a Arcee e Mirage, e se mantinha tranquilo em seu canto sabendo que quem arcaria com o maior dos problemas não era ele.
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Rebirthing
FanfictionLivro I Julia Witwicky apenas queria se entreter com inventos e feiras de ciência, ainda uma criança sem nenhuma preocupação maior no mundo. Entretanto, depois que seu irmão compra um Camaro velho, sua vida pacata fica completamente de pernas para o...