"Não acredito que uma chave inglesa seja o presente certo para dar a um orgânico com vazamento ocular."
— Ratchet, Oficial Médico dos Autobots
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Uma guerra quando estoura, varre tudo o que encontra pelo caminho, não interessa se você ama ou gosta intensamente de alguém, se esse alguém estiver no meio, em qualquer linha de batalha, será chutado igual uma sujeira incomoda caso se depare com uma força maior.
Guerras apenas causam destruição, dizimam portos antes seguros e levam vidas. E a dor da perda é intensa, é dolorosa e vai além da dor física, qualquer coisa na pele não é muito maior quando o sofrimento está esticando os machucados da alma, deixando cicatrizes que nunca serão apagadas, tampouco diminuídas.
A dor da perda não pode ser medida, apenas sentida, e ela nunca se vai, ela apenas fica ali, em algum canto no qual você a empurrou e aprendeu a conviver.
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Estava dando agonia.
Estava quente.
Estava queimando.
Julia Witwicky descartou o moletom do irmão na primeira oportunidade que teve com muita dificuldade, usufruindo da brisa nada refrescante que percorreu a epiderme machucada, mas era melhor do que a sauna que o moletom de tecido grosso fazia, sentia que poderia explodir de tanto suor que escorria pelos poros e o calor intenso que acumulou no corpo depois de tanta adrenalina enfrentada. Estava cansada, e apenas desejava seu quarto, sua cama e um bom prato de comida, porém, as coisas em Mission City não estavam terminadas ainda, nem para os humanos, nem para os Autobots.
O centro da cidade foi reduzido a ruínas, prédios destruídos, pessoas que perderam a vida espalhadas pelo asfalto, veículos achatados iguais panquecas que o sabor é o metal, parecia cenário de filme de ficção científica depois da derrota do vilão que tinha planos de dominar o mundo, embora tudo não passasse da mais pura e assustadora realidade, e isso se comprovava com as carcaças Cybertronianas que enchiam além da visão, suas faces apagadas da violência que antes cultivavam.
Acabou se arriscando, mais pela curiosidade e fascínio do que qualquer outra coisa, em perambular pelos corpos mortos, seus dedos coçando para tocar toda aquela tecnologia alienígena desconhecida, mesmo que bandeiras vermelhas a alertasse de que não deveria fazer tamanha irresponsabilidade, e só de lembrar de qualquer coisa referente a responsabilidade, dava de ombros para os grandes sortudos que iriam limpar todo o lixo desta cidade azarada, apenas esperava que o lixo recolhido não fosse despejado direto em sua cabeça.
Era um tudo bem, mas que não estava por completo bem, e ela própria foi chutada do pedestal do humano imaculado.
O fim de uma guerra não parecia em nada com o que os filmes de televisão mostravam, existia a sensação calmante de que o perigo maior foi neutralizado, claro, apenas para que outros problemas brotassem em massa, e um desses problemas se intitulava Setor 7 com aquele palhaço do Agente Simmons a tiracolo. E, para compor e trazer um toque especial ao fim da história, que terminou favorável à existência do universo de espécies carnais, um organismo extraterrestre se voluntariou para ajudá-la com seus problemas humanos um tanto sensíveis, que exigiam atenção de um especialista, mesmo que esse especialista não fosse quem esperava.
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Rebirthing
FanfictionLivro I Julia Witwicky apenas queria se entreter com inventos e feiras de ciência, ainda uma criança sem nenhuma preocupação maior no mundo. Entretanto, depois que seu irmão compra um Camaro velho, sua vida pacata fica completamente de pernas para o...