Livro I
Julia Witwicky apenas queria se entreter com inventos e feiras de ciência, ainda uma criança sem nenhuma preocupação maior no mundo. Entretanto, depois que seu irmão compra um Camaro velho, sua vida pacata fica completamente de pernas para o...
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Tessa Yeager dormiu.
Julia piscou, ainda não tinha terminado de contar sua história de vida quando sentiu um silêncio anormal, e ao se virar para encarar a adolescente que compartilhava consigo o telhado, a encontrou respirando calmamente, encostada de forma torta na antena de televisão, isso a daria uma boa dor na coluna quando ela acordasse. Achou a atitude um tanto rude, como Tessa podia dormir enquanto estava falando sobre algo que ela mesma pediu para contar? Bem, ela devia estar cansada, apenas por isso dava um desconto, embora fosse pensar duas vezes antes de atender outro pedido para que seu passado fosse revelado.
Meneou a cabeça, divagando se a acordaria ou não, optou por deixá-la dormir, descendo as escadas para chamar Shane, ele seria o encarregado por acordar Tessa e levá-la para descansar no quarto de hóspedes. Sua casa não estava muito adaptada para receber visitas, então demorou um pouco para conseguir organizar a família em cantos bons o suficiente para descanso, e para sua surpresa, eles se sentiam tão à vontade quanto caso estivessem em sua antiga residência destruída pelo Cemitério do Vento. Era esquisito.
Julia soltou o ar lentamente, esfregando os braços, a noite estava muito serena e um tanto fria, o céu congestionado de estrelas brilhantes chamava por completo sua atenção, não havia nenhuma poluição da cidade para atrapalhar, era raro, e mais raro ainda as vezes que se sentou para vê-las sem estar afogada em lágrimas. Normalmente seu olhar era científico demais, e seu dedo começava a apontar constelações que ninguém queria saber, ela se lembrava que nas poucas viagens de campo que fez, tentava impressionar Ratchet com seu conhecimento limitado, ele estava dez passos a frente, como sempre.
Sorriu, sentia muita falta de seu querido guardião médico.
Uma buzina soou, fazendo-a fincar os olhos nos veículos que despontavam pela estrada poeirenta, iluminando o caminho monitorado com faróis excessivamente altos.
