Extra 3: Aliança: O recrutamento da N.E.S.T part 1

65 5 2
                                    


PARTE 1

Ter um amigo extraterrestre na garagem de sua casa era uma nova circunstância que Julia Witwicky estava tentando com muito custo se acostumar, pois, por mais que amasse a situação de ter conhecido seres de um planeta muito longe da Terra, e esses seres serem organismos sencientes com mais de cinco metros de altura cada, a garagem ainda era seu espaço pessoal que estava sendo dividido, um espaço que antes era só dela e apenas dela, para usufruir do silêncio e privacidade como bem entendia. Ter que se desfazer de suas regalias e ceder a algumas modificações para melhor conforto do amigo amarelo se mostrou longe de sua zona de conforto, e Julia não era adepta a ficar muito longe de sua bolha.

A garagem de seus pais servia como um mini laboratório - para não se usar a palavra escritório -, que fazia seus experimentos escolares, criava protótipos e dava vida a invenções robóticas que utilizava no dia a dia do clube e eventos anexos à escola. Seu quarto não dispunha de um bom espaço, principalmente para as muitas ferramentas que utilizava e bugigangas que colhia por aí, então a garagem caiu como uma luva, servindo de um espaço pessoal que ninguém interferia, seus pais apenas a deixavam em paz para fazer suas coisas e Julia ficava satisfeita com isso. O silêncio era apreciado, a solidão era apreciada. Ninguém a veria falando sozinha, ninguém a veria no estado de frustração quando algo não dava certo ou quando jazia afundada em mágoa, e ninguém interromperia seu raciocínio nos momentos de puro estudo na criação de projetos. Então, vê-se o quão foi difícil ter que abdicar de tudo isso por um novo amigo? Era mais que um simples esforço de dividir uma cobertura, era o esforço de abrir as portas de sua privacidade, abrir as portas para seu interior recluso.

O batedor Autobot, Bumblebee, era um modelo de Camaro 2006 bem polido, pintura intacta, pneus em ótima forma, cheirava a carro novo e aquele aroma de ozônio característico dos cybertronianos. Ele não se comunicava verbalmente devido a sua caixa vocálica estragada, que Ratchet estava trabalhando para consertar. Bee era um Autobot gentil, energético e companheiro; em outras palavras, Bumblebee era um baita de um carro de luxo com uma personalidade brincalhona, tal qual um adolescente bobo alegre na puberdade, que tinha como responsabilidade proteger Sam Witwicky e sua família de loucos, é claro que essa missão incluía ele ter que dividir o mesmo teto que sua família, e consequentemente, seu espaço pessoal que era a garagem.

Os primeiros dias após a volta para casa foram divertidos e caóticos, desde conversar com seus pais sobre os primeiros acontecimentos aos últimos, a explicar o acordo de proteção feito com Optimus Prime, de manter Bumblebee por perto para melhor proteção de Sam. A reação de seus pais foi clara demais a quem olhasse de longe, surtos atrás de muitos surtos, até finalmente aceitarem a situação, pelo menos de forma parcial. Judy realmente não chegava perto de Bee, seu pai muito menos, até Mojo parecia correr para bem longe da garagem como se visse seu pior inimigo por lá. O segundo passo da cerimônia de boas vindas depois do caos foi a adaptação, e cá entre nós, depois de Julia analisar com clareza algumas coisas, esse segundo passo seria um dos mais complicados, não para Bee que já parecia estar confortável em sua forma de carro, e sim para ela.

— A garagem é muito espaçosa, eu não sabia que era tão espaçosa até vê-la de outro ângulo — disse Sam com as mãos na cintura, analisando a garagem da família. Era um ambiente coberto, fechado, o que favorecia a privacidade de Bumblebee, e o espaço era razoável para que ele não se sentisse sufocado.

Julia sentia bem no fundo de seu estômago, certo nervosismo atípico, um sentimento estranho ao ver seu irmão tão analítico com o espaço da garagem - seu espaço.

— Eu preciso de apenas um dia para limpar e organizar tudo. — Julia arqueou a sobrancelha para os materiais, fios, ferramentas e muitas outras coisas que a pertencia jogados no chão, ela não se recordava de ser tão desorganizada. Isso daria trabalho. E dando um rápido olhar para a tipoia cobrindo o braço, concluiu que não terminaria muito cedo. — Talvez dois dias. Bumblebee pode ficar estacionado do outro lado, abaixo da sua janela, onde ele ficava quando chegou.

RebirthingOnde histórias criam vida. Descubra agora