Cap.8 | Um culpado para toda essa complicação

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A voz de Kenma chamando meu nome adentrou pelos meus ouvidos à medida que eu despertava. Molhei os lábios secos com um pouco de saliva, sentindo o gosto do álcool da cerveja que bebi na noite anterior. O desconforto me fez perceber que eu estava sentado no chão da sala, no meio das pernas de Kenma – que se encontrava mais acomodado em cima do sofá –, ainda segurando o controle de vídeo-game, visto que passamos a madrugada toda jogando e bebendo.

— Hey, Yuxian. Acorde!

Já estou acordado. — Murmurei, dando um bocejo e esfregando os olhos com o dorso da mão.

— Você não tem que ir trabalhar hoje?

Sim, eu tenho. Mas meu turno só começa às 10h. Que horas são?

— São 10h37.

Levantei-me do chão em um pulo, larguei o controle na mesa de centro e corri para o banheiro para escovar os dentes. Penteei e amarrei o meu cabelo, troquei de roupa e me perfumei o mais rápido possível. Por fim, peguei minha moto e me dirigi até o restaurante, tendo a sorte de não parar em muitos semáforos.

Acabei chegando em meu destino às 11h13 e entrei pelos fundos para que eu não tivesse que passar pelo salão, mesmo que, naquele horário, o movimento de pessoas fosse baixo.

Bom dia, Osamu. — Me aproximei do homem que estava moldando os oniguiris e lhe fiz uma reverência. — Desculpe o atraso, eu realmente sinto muito!!

— Ah, okay. De qualquer forma, nós não temos muitos clientes agora.

Ainda sim, eu sinto muitíssimo!

— Ei, não se preocupe. Está realmente tudo bem, não precisa continuar com essa reverência. — Disse ele gentilmente ao se aproximar um pouco.

Prometo que isso não irá se repetir, muito obrigado por compreender. — Ergui meu tronco e lhe encarei.

Sua expressão acolhedora pareceu se esmaecer assim que seus olhos se focaram em meu pescoço e só então me lembrei das marcas roxas alí deixadas pela boca de Kenma, na noite passada.

Me mantive estático para não demonstrar à Osamu que eu estava nervoso, mas estremeci assim que seus olhos voltaram a fitar diretamente os meus, transmitindo uma certa irritação.

— Oh, sim. É claro que eu compreendo. — Disse ele de forma impassível.

Bem, eu acho que devo me trocar então, não é? — Dei um breve riso tímido.

— Se você quiser continuar nesse emprego, sim, você deve.

Pisquei algumas vezes, ainda processando o modo rude como ele havia me respondido.

C-Certo, eu estou indo! — Avisei antes de finalmente me dirigir ao vestiário.

Eu estava completamente esgotado! Não apenas pelo fato de hoje ser sábado à noite – e o movimento de pessoas ser o dobro quando comparado aos dias úteis –, mas também porquê Osamu me fez trabalhar praticamente 4 vezes mais do que o comum.

Ele não me deixou parar nem por um segundo, me mandou fazer trabalhos que nunca havia me mandado fazer antes. E, como se o meu dia já não estivesse ruim o bastante, Atsumu veio jantar no restaurante e aqui permaneceu até o horário de funcionamento acabar e as portas do estabelecimento de seu irmão se fecharem.

— Então, Yuxian, está gostando de trabalhar aqui? — O loiro passou a me importunar enquanto eu limpava uma das mesas com um pano.

Aah, estou amando...

What  is   my  taste? • [Osamu]Onde histórias criam vida. Descubra agora