Ｗｈａｔ ｉｓ ｍｙ ｔａｓｔｅ? • [Osamu]

Cap.15 | O silêncio como resposta de sua reciprocidade

No dia seguinte, fui para o trabalho me sentindo completamente revigorado. Meu corpo não doía tanto e eu estava animado para ver Osamu. Adentrei no restaurante pela entrada dos fundos, fui até a cozinha e avistei a figura do homem ali, preparando o arroz. E, como ele pareceu não ter notado a minha presença, me aproximei lentamente para surpreendê-lo.

Pensei em apenas assustá-lo, mas quando eu estava perto dele o suficiente, pude sentir o cheiro maravilhoso de seu perfume, tal qual me deixou levemente inibriado durante alguns segundos.
 
— Bom dia, Yuxian. — Disse ele ainda virado para frente.

— Ah, eu ia tentar te assustar, seu estraga prazeres!

— Quando você chegou, pude ouvir o barulho de sua moto. — Ele explicou. — Vá para o vestiário se trocar para começar a trabalhar. Logo irei abrir o restaurante.

Fiz um beicinho, decepcionado por ele ainda ser tão focado no trabalho, mas minha expressão se acalmou quando senti seu perfume de novo. Cheguei um pouco mais perto dele, pousei uma de minhas mãos em seu ombro, aproximei meus lábios de sua orelha e sussurrei em um tom mais grave:

— O cheiro do seu perfume é maravilhoso, Osamu.

O homem sobressaltou, se afastou e me olhou, parecendo um pouco assustado com meu ato. Não se importou de mover uma de suas mãos – que se encontravam molhadas com a água do arroz que estava lavando – até sua orelha ruborizada.

Lembrei de imediato da cena de meus primeiros dias de trabalho, onde eu tentava provocá-lo com ações e palavras, mas não obtinha absolutamente nenhuma reação de sua parte.

Sorri diante o contraste dessas duas situações ambíguas, extremamente feliz pelo ocorrido.

— Desculpe te assustar. — Pronunciei. — Eu vou me trocar para poder dar início ao expediente, com licença.

Me virei e andei em direção ao vestiário, tendo certeza de que, a partir de agora, eu poderia começar a tentar algo mais definitivo com ele, cessando meus joguinhos bobos e passando a dar em cima dele de forma mais direta.

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Eu trabalhava no salão, dividindo minha atenção entre servir todos os clientes corretamente e pensar em uma boa abordagem para finalmente conseguir transar com Osamu.

Mas, mesmo estando submerso nessas coisas, meu foco foi atraído para uma das mesas ali perto, visto que todos sentados à ela estavam falando em uma língua muito conhecida por mim:

— Com licença, vocês gostariam de fazer o pedido? — Perguntei ao me aproximar, não recebendo uma resposta concreta dos jovens que apenas se entreolharam, parecendo um pouco perdidos. Por fim, resolvi continuar em meu idioma nativo: — Vocês não sabem falar japonês?

— Você fala chinês?! Ah, que alívio! — Um garoto que aparentava ser um estudante anunciou. — Estamos morrendo de fome, obrigado por isso!

— Apenas quero ajudar. — Sorri calorosamente. — Vocês já podem fazer o pedido, se quiserem.

Após meu aviso, todos os 4 jovens ali à mesa não demoraram para acatar o que eu havia proposto.

— Muito obrigado por nos ajudar. — Um deles agradeceu pelo grupo.

— Sua pronúncia é perfeita! Você não é japonês, certo? — Um dos garotos questionou.

— Exato, eu nasci na China. — Expliquei, desejando que nenhum outro cliente me chamasse, já que eu estava amando conversar com eles.

— Em qual província? — Uma garota perguntou, puxando a cadeira ao seu lado para que eu me sentasse.

— Guizhou. — Respondi ao me sentar.