25. La vie en rose

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Eu não sei quando foi que as coisas começaram a dar errado.

Talvez tenha sido semana passada na festa com a minha tentativa extremamente falha de confissão, ou segunda feira quando tentei conversar com ele mas novamente minha falta de clareza me impediu de lhe dizer que eu ouvi tudo na sala de música, ou até mesmo ontem quando fui me declarar na porta de sua casa direto para sua mãe, o que pode o ter envergonhado, não sei.
Mas a questão era que eram cinco para as seis de uma quarta-feira e mais de 24 horas desde que fui até sua casa, e ainda não havia mensagem alguma. Nem ligação. Nem carta. Nem sinal de fumaça. Nada de nada. E eu me sentia na escuridão da ausência de respostas que tanto temi.
Perdi as contas de quantas vezes de ontem pra hoje liguei e desliguei o wi-fi do meu celular, quantas vezes senti uma adrenalina louca quando tinha alguma nova notificação, e quantas horas gastei encarando a tela a espera de uma única resposta, e até agora encarava, ao pé da janela do meu quarto a espera da mesma coisa.

Eu realmente não sei quando as coisas começaram a dar errado, mas queria consertar todas essas possibilidades que me vieram a cabeça e outras que eu talvez ainda nem notei. Eu não aguentaria mais uma rodada desse silêncio, e nem aguentaria saber que de tanto demorar, eu o perdi, os dois: a Queen e principalmente, o Adrien.

Parecia haver um abismo entre nós do outro lado da janela que dava para sua varanda. Mas era só uma rua de no máximo doze metros.

- Heron? - ouvi a voz de minha mãe e a porta do meu quarto sendo aberta - já está pronto?

Me virei para ela desviando o olhar do celular pela primeira vez em umas três horas.

- Uau! - ela sorriu e caminhou até mim passando a arrumar a gola da minha camisa - sabia que essa estampa ficaria ótima em você.
- Eu não estou mesmo parecendo o Adam Sandler naquele filme com a Drew Barrymore?
- Não! Estas estampas de folhagem com fundo preto estão na moda sabia? Você tá lindo!
- Obrigado mãe - sorri brevemente e voltei a olhar o meu celular.

Nada de nada ainda.

- Você disse que melhoraria essa cara até a hora de sair - ela ergueu meu queixo delicadamente.
- Não sou bom fingindo felicidade - cruzei os braços e me apoiei na cômoda.
- Heron - ela me advertiu - o que nós conversamos hoje de manhã? Essas brigas de vocês precisam acabar!
- Me obrigar a ir a um baile com a Meredith não vai solucionar nossas diferenças, talvez até as faça piorar...

Minha mãe respirou fundo, desviei meu olhar para o chão.

- Desculpa se eu não consigo ser perfeito como a nossa família pede.
- Olha pra mim, mon petit - a olhei sem muitas esperanças de sair daquela situação - eu sei que nada do que eu disser vai mudar essa sua cabeça dura, mas tenta, pelo menos hoje, não brigar com a Meredith, hum? Ela é uma boa garota apesar dessas "diferenças" que você diz ter. Estamos aqui há pouco mais de um mês e vocês não se viam pessoalmente há anos! Vocês dois só precisam se reconectar e logo logo estarão roubando biscoitos da cozinha e escondendo os óculos da sua avó como antigamente.
- Se eu fizer isso hoje em dia ela me deserda - ri acidentalmente.
- Não se eu estiver lá para dizer que ela apenas se esqueceu onde guardou.

Nós dois rimos.

- Estamos apenas pensando no que é melhor pra você, sabe disso, não é?

Acenei com a cabeça e olhei para o chão.

- Pode me prometer que não vai causar nenhuma discussão com a Meredith e vai curtir o baile de forma tranquila, então?

Engoli em seco. Era uma promessa grandiosa demais que provavelmente eu não conseguiria cumprir depois do que eu ouvi ontem.

Antes que eu pudesse pensar numa forma de dizer que não prometia nada sem preocupar minha mãe, fui controversamente salvo pela buzina do carro do Senhor Jones na entrada de casa. Endireitei minha postura no mesmo momento.

- Ah... o Tio Hugh já está aqui, eu... vou antes que me atrase, tchau mãe.

Coloquei meu celular no bolso, beijei seu rosto e saí do quarto antes que ela me abordasse novamente e eu não tivesse mesmo como sair da situação.
Desci as escadas rapidamente, passando pelo caminho da cozinha antes de ir direto pra entrada, já podia ouvir a voz alta do pai de Meredith - e da minha avó também que não perdia a oportunidade de babar ovo dos Saint-Jones.
Encontrei meu pai saindo de seu escritório no momento em que passei pela sala de jantar.

- Bela camisa, garoto!
- Valeu pai - sorri - belo... moletom velho.
- É o uniforme de um trabalhador! - ele riu enquanto pendurava seus óculos fundos de garrafa na gola do moletom  - E aí, Hugh, será que finalmente vamos conhecer algum pretendente da parte dos nossos filhos? - ele falou alto para que seu colega do Ensino Médio pudesse ouvir.
- Está atrasado Stephen, a pretendente do Heron já está bem aqui - minha avó rebateu, como sempre faz com qualquer coisa que meu pai diz.

Já estava demorando...

- Você está ótimo, Heron - disse Dona Adele com seu sotaque acentuado assim que me viu - mas ainda acho que deveria estar de smoking.
- É só uma festinha vó, nada muito formal.
- Deveria pelo menos estar com sapatos sociais, não é um baile? Onde já se viu usar botas para entrar num salão?

Ela passou a abotoar os botões faltantes da minha camisa, controlei minha respiração ao máximo. Não revirar os olhos. Não reclamar. Não respirar fundo demais.

- É só uma festa escolar, Senhora Roux - Meredith se aproximou - na festa de formatura pode deixar que eu mesma cobro o smoking.
- Oh! comme tu es belle ma chérie! - minha avó soltou minha blusa para admirar Meredith, desabotoei a camisa novamente no mesmo momento.
- Merci! - Meredith se curvou e riu graciosamente.

Nossos olhares se cruzaram brevemente.

A filha mais velha do tio Hugh usava uma saia jeans com botões na frente, uma blusa branca ombro a ombro e uma meia calça preta com bolinhas mais escuras. O cabelo estava preso em um coque lateral baixo com uma flor branca. Meredith estava bonita. Ela é bonita. Independente de suas ações, sua beleza é algo que ninguém podia negar.
Mas tantos predicativos favoráveis só complicava ainda mais a minha situação.

- Feitos um para o outro - suspirou minha avó, Meredith riu - vamos Heron! Não vai elogiá-la?
- Não pressiona ele, mãe - minha mãe apareceu na sala - eles são adolescentes e a senhora sabe como são os jovens, suuper envergonhados.

Minha mãe piscou para mim. Obrigado Deus!

- Na minha época o cavalheirismo independia de idade - resmungou minha avó.
- Olha só, já são mais de seis! Não estão atrasados? - meu pai olhou seu relógio de pulso.
- Já era para estarem lá - Disse o Sr. Jones - vamos, eu vou levar vocês.

O Sr. Jones foi para seu carro, Meredith olhou para mim novamente, mas sem tempo acompanhou seu pai.

Agora começariam a chuva de recomendações.

- Tchau filho - mamãe me abraçou - se cuida, não vá na conversa de ninguém e volte antes das dez, ok?
- Pode deixar - Confirmei com a cabeça, ela sorriu.
- Boa festa Heron, seja respeitoso com a Meredith, beba com moderação e não se mete em furada, tá legal?
- Tá bom, tá bom.

Agora era a minha avó. Eu já estava me preparando para o sermão de meia hora quando ela colocou as duas mãos em meus ombros e disse apenas uma frase.

- Não deixa ela escapar das suas mãos, avez-vous compris?

Respirei fundo, acho que pela quarta vez em menos de uma hora.

- Entendi.
- Parfait.

Ela deus dois tapinhas nos meus ombros e enfim, pude sair de casa.

Minha avó me pressionar a ficar com a Meredith eu posso até reclamar, mas não tinha o direito de achar toda aquela preocupação dos meus pais um exagero.

Se estávamos morando em Santa Monica agora é porque eu não me comportei como deveria em Miami, e percebendo agora, essa era a primeira festa que eu estava indo desde a mudança e que provavelmente eles só deixaram eu ir porque a Meredith, o exemplo de educação e obediência, ia junto. Eles deviam temer que eu voltasse com outro braço quebrado, ou quem sabe dessa vez uma perna, e precisavam de alguém pra controlar a quantidade de ponche que eu tomaria hoje.

- Acabaram as recomendações? - Meredith brincou assim que entrei no carro.
- Durou menos de meia hora dessa vez - respondi.
- Queria muito saber o que você fez de tão errado para toda essa preocupação.
- Posso culpar a tala - ergui o braço direito, Meredith ficou séria de repente - Tudo bem Tio Hugh? - mudei o rumo da conversa antes que o clima pesasse.
- Tudo certo, Errôn - ele pronunciou meu nome como minha avó, revirei os olhos e ri - juízo vocês dois aí atrás viu? É a minha primogênita, garoto.
- Pai! - Meredith o censurou, Sr, Jones riu.
- Pode ficar tranquilo Sr. Jones, sou um cavalheiro.
- Era isso que eu queria ouvir de você!

Para todos fora de casa, nós mudamos para tentar uma vida mais tranquila e sem toda aquela agitação da Flórida, e como tínhamos amigos de longa data na Califórnia, viemos. E era nessa motivação que os Saint-jones acreditavam, e ai de mim contar que foi porque depois que fiz dezesseis eu voltava as quatro da manhã das festas na praia todo dia e depois de irem me buscar no hospital apagado de bêbado e com uma mão quebrada decorrente de uma briga que eu mal me lembro, viemos para cá. Minha avó morreria de vergonha! Mas antes disso, me mataria por contar e sujar a imagem da nossa família para a família vizinha "tão bonita e respeitosa". Eu era a ovelha desgarrada, mas eu reconhecia o meu erro e estava melhorando. Não queria fazer meus pais passarem novamente por uma situação como essa.

Conforme o carro ia seguindo o seu caminho, eu observava as casas da vizinhança pela janela, o sol coloria tudo de laranja dando a impressão de verão fora de época, isso era algo que eu amava na Califórnia. A aura de verão eterno. Mas, olhando para o meu lado, a companhia atual não era bem a que eu planejava para o dia de hoje.

Fomos pela rua de baixo. Passaríamos pela Rua Kingley no trajeto e eu já me preparava para ver a casa azul avarandada dos South e sentir aquele gelo na barriga que eu sentia todas as vezes que passava lá em frente. Tinha esperanças de vê-lo na varanda, ou na janela, ou observando o céu no terraço onde o sol tocava sua pele lhe dando o mais perfeito tom de cobre. Era uma bela visão só de imaginar.

Nem tive tempo de me preparar para procurar seu rosto em algum canto da casa quando algo me chamou a atenção. E para que não restassem dúvidas, a garota ao meu lado me esclareceu todas elas em voz alta e clara.

- Aquele não é o carro do Pat Elsen?

A voz de Meredith dava a entender que nem ela esperava por uma dessas. E eu, então...

Era um conversível vermelho parado bem em frente à casa do Adrien. Greta, seu namorado capitão dos Warriors e a namorada de René, Jenna Fincher, esperavam no banco de trás.
Meus olhos procuraram por Adrien imediatamente e felizmente - ou infelizmente - o achei bem rápido. Atrás de René, que acenava alegremente para Jenna, Adrien vinha caminhando ao lado de Pat em direção ao carro.
Ele estava com seu estilo clássico de camisa e calça preta, com o diferencial que usava uma blusa comprida listrada de vermelho e preto por baixo da camisa Trasher Magazine.
Ele estava incrível, chocando um total de zero pessoas, mas confesso que fui pego de surpresa quanto a ele estar indo ao baile junto com o principal - e mais bonito deles - rosto dos Warriors.

Virei meu pescoço de volta para frente antes que eu desse um mal jeito tentando olhar a casa azul que já ia ficando bem para trás. Pra quem se dizia invisível nas cartas há até algum tempo... mas não que isso seja um problema! Ele é livre, pode sair com quem quiser, e afinal, não temos um contrato de exclusividade ou algo assim, isso é perfeitamente normal e eu não devia ficado incomodado de forma alguma com a felicidade alheia..

- Pelo visto o tipo ideal do Adrien South são os atletas - Meredith disparou entre risinhos, apoiei meu braço na janela e tentei focar no vento no meu rosto e abafar em meus ouvidos as claras provocações dela - mal terminou com aquele quarterback de West Gate... até que ele tá bem servido com um líder de torcida.

Ri. Talvez até de forma debochada aos ouvidos da Saint-Jones. Mas era só a manifestação da clara estaca zero da paixão que atingi: sentir ciúmes. Estes bem merecidos, diga-se de passagem, pois se ele não está ao meu lado agora como meu par, é culpa apenas e exclusivamente minha.

Passar a noite inteira soterrado até o pescoço pelas mentiras de Meredith, ver o cara que estou apaixonado dançando com outra pessoa, manter as aparências acima de tudo, abaixar a cabeça e dizer amém...

Não é nem sete da noite mas eu já quero mais que tudo voltar pra casa.

Chegamos rapidamente a fachada do Colégio. O estacionamento estava lotado, alunos e mais alunos chegavam ao Gardenia em seus melhores e mais exóticos trajes. Sorrisos, beijos, abraços... era tudo que se via. O clima de São Valentim estava na raiz de seu significado.
O Sr. Jones saiu do carro primeiro, foi falar com um dos professores que estava ali em frente, e pela primeira vez naquele dia, eu e Meredith ficamos sozinhos.
O silêncio engolia a atmosfera, os dois quietos esperando algum de nós ter coragem de dizer alguma coisa. Eu ainda tinha esperanças de que ela me diria o que fez com o Adrien sem que eu precisasse perguntar. Eu queria que ela me dissesse sozinha.

- Gosta dele.

Ela quebrou o silêncio. Numa frase que parecia mais uma afirmação do que uma pergunta.
Continuei em silêncio.

- Todos aqueles amigos que apareciam nos seus stories em Miami, nas festas com você, eles não eram seus amigos mesmo, né? - sua voz começou a embargar, segurei a porta do carro ainda mais forte - Eles eram?
- Existe mais de uma letra na sigla - disse tentando não transparecer meu coração batendo a mil por hora - sou pansexual.

Meredith ficou em silêncio por alguns segundos. De canto, a vi fechar os olhos e engolir o choro de uma única vez. Agora qualquer coisa era possível.

- Seus pais sabem?
- Não os ouço falar "namorada" há alguns anos, devem saber e não me contaram.
- Sua avó sabe?
- Não. Ainda não - prendi a respiração - vai contar pra ela?

Meredith ficou quieta outra vez. Meu sangue gelou. Meus pais podem até levar numa boa, mas a minha avó é capaz de entrar na justiça pra me tirar do testamento, vindo dela e de sua rigidez arcaica eu não duvido de nada.

- Não posso fazer isso - a loura respondeu, voltei a respirar - por que faria?

Minha língua coçou para dizer um grande "por causa do Adrien" mas me contive.

- Sei que não faria - disse, ela sorriu com um leve tom de ironia - seu pais não iriam te querer andando por aí com uma "má influência" não é?
- É por isso toda a proteção, então?
- Beijar garotos ainda não me rendeu problemas desse tamanho.
- Mas gostar deles sim - ela rebateu sem tempo e olhou para mim - já fraturou sua mão comprando uma briga que nem era sua, quase pegou uma advertência... até onde você é capaz de ir pelo Adrien South?

A olhei nos olhos.

- Me diga você - dessa vez, não me contive.

Eu queria que ela me contasse! A Meredith não é uma má pessoa, eu sei disso! Ela com certeza sabe que o que fez não foi certo, só preciso que ela me conte e me diga que não estou errado em ainda acreditar que ela se arrepende do que fez a René e consequentemente ao Adrien.
Nos encarávamos quase a ponto de nos tornar clarividentes de tanto procurar respostas indiretas um no outro, mas antes que obtivesse uma resposta - ou confissão - o pai dela bateu no vidro do carro nos chamando.

- Eis vocês, deixem para namorar lá dentro.

A feição de Meredith mudou da água pro vinho e ela sorriu da forma graciosa de sempre. Nós dois saímos do carro ao mesmo tempo.
Meredith cruzou por trás do carro e foi até mim, entrelaçando seu braço ao meu.

- Juízo hein, estou longe mas tenho olhos por toda parte! - Gritou Sr. Jones do carro enquanto eu e sua filha caminhávamos em direção a entrada do ginásio.
- Não precisamos fingir - Disse Meredith, continuamos olhando para frente e sem pararmos de andar - sua família gosta de mim, sua avó me adora. As coisas seriam mais fáceis, não acha?
- Talvez fossem mesmo.

Entramos no Ginásio, as pessoas começavam a acenar para nós.

- Então porque a gente não tenta? - ela grudou ainda mais seu braço no meu buscando mais aproximação - eu faria qualquer coisa por você.
- É por isso que a gente nunca daria certo, Meredith. - falei baixo, seu sorriso tremeu na máscara de simpatia a qual ela recebia os outros alunos - você faria qualquer coisa por mim, e isso não é amor.

Beijei seu rosto e me desprendi dela, dando as costas e indo em direção a mesa de comida, onde haviam alguns rostos que eu não conhecia direito mas eles me conheciam e isto bastava para parecer uma saída discreta. Mal saí de perto dela e logo ela já estava rodeada de pessoas.

A Meredith não me amava, ela enxergava em mim uma amizade, ou talvez alguma verdade que ela não via nos outros. Todas aquelas pessoas ao redor dela eram apenas interesseiros que se afastariam em sua menor queda. Eu odiava aquela vida de aparências, mas, como eu, a Meredith era apenas uma vítima dos planos calculados antecipadamente pela própria família, a diferença é que ela não se perdeu na metade do caminho como eu e realmente acredita que ceder ao roteiro de vida que escolheram pra ela é o certo a se fazer, ou, que é o caminho mais fácil e seguro de se ter sucesso.
Não que fazer coisas erradas seja a melhor forma de governar a própria vida, mas o que eu mais queria nessa vida era que ela enxergasse que não era aquilo que ela queria - e que eu também não queria voltar para essa vida.

Peguei um copo no canto da mesa, enchi até a boca de ponche de frutas, e finalmente olhei para o espaço a minha volta.

O ginásio, que tinha luzes coloridas dançantes pelo teto, chão e paredes, estava enchendo aos poucos, já haviam panelinhas distribuídas pelo espaço rindo e conversando, alguns casais que provavelmente sairiam com câimbra na boca até o final da noite e outros apenas preocupados em pegar o máximo de petiscos da mesa sem serem pegos. Era uma festa clássica de ensino médio que renderia casais novos, histórias de vômito, after party na casa do capitão do time e talvez até traições. Indo um pouco mais longe nos pensamento a cerca de mim e da Meredith e do nosso "namoro nunca desmentido", eles deviam estar esperando que algo acontecesse, e quando eu digo algo é absolutamente qualquer coisa que lhes dessem o que comentar pelo resto do ano. Sem. Exceções.
Mas para o azar deles, a coisa mais chocante que poderia acontecer seria eu ir embora daqui antes das oito e completamente sozinho, e era o que eu pretendia fazer caso as coisas ficassem entediantes demais - ou se não continuasse tocando 80's até o fim da festa, a playlist estava demais e isso eu não podia reclamar.

Devia fazer cerca de duas ou três horas que cheguei. Estava jogando conversa fora com o pessoal do clube de música em uma das arquibancadas, e driblando as perguntas invasivas que um deles soltava de vez em quando, mas nada tão ruim quando poderia ser se eu estivesse no meio da pista com os Warriors. Eu, Janet e Sebastian discutíamos qual poderia ser a música pra próxima apresentação do clube, eu estava até bem interessado no assunto e isso distraiu minha cabeça por um bom tempo, o que foi essencial para que eu conseguisse perder o Ad e o Pat de vista naturalmente depois de os ver entrando no ginásio - e imaginar como seria se fosse eu a estar com o braço por cima de seu ombro e lhe sorrindo a cada meio minuto, só pra ele ter certeza de que gosto tanto dele que fica fácil sorrir para as paredes sobre qualquer circunstância.

Cartas para Heron HayesOnde histórias criam vida. Descubra agora