27. O último a se apaixonar que feche a porta

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"O cupido está a solta no Gardenia High School! Nossos amados estudantes já estão colhendo os frutos do baile de São Valentim que ocorreu nesta última quarta-feira (14), e rendeu >muitos< casos amorosos, sejam eles novos ou não.
Mas, embora tivéssemos finalmente a confirmação de casais já especulados como Yena Song aos beijos com seu parceiro de robótica Gilbert Ang e Jenna Fincher e René Griffin que chegaram juntas depois de uma noite movimentada na festa de aniversário de Heron Hayes, uma sucessão de surpresas conseguiu anular todas as outras. 

Tudo começou quando Patrick Elsen, o rosto dos Warriors do Gardenia, foi visto acompanhado no baile por alguém que vem aparecendo bastante nos holofotes ultimamente: Adrien Morgan South. A chegada de Adrien e Pat não foi uma surpresa após Elsen já vir demonstrando certo interesse no tímido South desde a festa de Heron, então, se um romance entre os dois se desenrolasse não seria nada surpreendente. Mas o que ninguém esperava - ou talvez esperava - era que Adrien terminaria a noite com outra pessoa de olhos castanhos e que anteriormente já teve seu nome ligado ao dele num acontecido memorável: o "namorado" da filha do diretor, o único e fofocamente edificante Heron Roux Perrin Hayes

Heron e Adrien saíram juntos do baile por volta das oito da noite e não retornaram mais. Algumas fontes anônimas dizem que eles foram vistos caminhando juntos na orla e sentados na areia do píer de Santa Monica como bons jovens amantes, romântico né?

Mas, apesar de terem deixado seus pares para trás para viver o romance de cinema que nos fornece um ideal inalcançável de "o nerd e o popular", a filha do diretor e o líder de torcida não ficaram nada preocupados! Elsen foi visto com um dos membros do clube de artes no after party na casa do capitão do time, e uma das seguidoras fiéis da princesinha do Gardenia postou um stories de Meredith bebendo ponche com Ashley e Avery Hopkins pouco tempo depois das oito - seria recaída pelo abandono? Talvez...

Fato é que depois dessa fuga do baile e dos supostos boatos de que rolaram beijos ~calientes~ pelo corredor entre os dois garotos, todos nós só queremos saber de duas coisas: Heron Hayes e Adrien South estão mesmo juntos após uma história digna de livro adolescente dramático? E que feitiço Morgan South lançou sobre os garotos mais cobiçados do Colégio e além dele?! Algo me diz que o pequeno Adrien ainda vai nos render muito este ano..."

Mal havia terminado de ler a última linha do novo post  do Gardenews quando "Come Undone" da Tove Lo, indicou que alguém me ligava. Alguém este que, embora não fosse surpresa alguma depois de ontem, ainda era engraçado ver seu nome e telefone na tela do meu celular.

- Preciso me acostumar a receber ligações suas às sete da manhã - disse assim que atendi, pude ouvir a risada deliciosa de Heron me receber do outro lado da linha - dormiu bem?

Me joguei de costas no colchão da minha cama e me atentei a voz do francês, tentando não me perder nos meus pensamentos que insistiam em se questionar se tudo que eu estava vivendo desde que saí correndo do baile ontem era mesmo real, porque juro que parecia bom demais pra ser.

- Sendo sincero, nem dormi - ele respondeu, rindo e bocejando em seguida - sinto que as horas de conversa ontem não foram o suficiente, tive de me segurar pra não te ligar durante a madrugada.
- Se tivéssemos combinado não seria tão igual, sinto exatamente a mesma coisa.
- Mas e você? Teve uma boa noite de sono?
- Basicamente tive medo de fechar os olhos e quando acordasse percebesse que foi tudo um sonho, daqueles bem realistas... - devaneei comigo mesmo.
- Podemos apostar quem vai cair no sono primeiro durante a aula de literatura.
- Já tem algum palpite?
- Eu te acoberto quando você perder.
- Há há.
- Addie! Café!

Skye chamou do andar de baixo, me levantei da cama e caminhei até a janela do meu quarto.

- Tenho que ir agora - olhei para as janelas da casa dos Hayes, vi Heron ao telefone na terceira a direita do segundo andar. Ele estava de lado - quer uma carona pro Gardenia? Te aviso quando a René passar aqui.
- Tava pensando em ir de bike hoje, queria te levar em um lugar depois da aula.
- É o que estou pensando?

O vi sorrir. Era o que eu estava pensando.

- Seu sorriso tá te denunciando.

Assim que disse, Heron olhou por sua janela em minha direção e ao me ver acenar para ele, abriu um sorriso ainda maior.

- Você ainda me deve um pôr-do-sol na praia, lembra? - ele apoiou seus cotovelos no batente da janela - e temos também alguns vários cupons da Garret's pra gastar.
- Ah não - gargalhei - vamos fingir que eu só te presenteei com o disco?
- Por quê? Eu amei a possibilidade de poder comprar macarons com cupons pelo resto do ano, juro.
- Você é mesmo uma caixinha de surpresas, Heron Hayes.

Skye me chamou novamente, dessa vez um pouco mais alto que antes.

- Já vou! - gritei de volta - Eu realmente preciso ir agora, a Skye ainda tem que ir pro trabalho e caminhar nesse sol não vai ser nada agradável.
- Tudo bem, eu aguento uns minutinhos como preço a se pagar pra te ter comigo a tarde toda.

Minhas bochechas esquentaram e eu não consegui controlar um riso envergonhado. Heron riu da minha reação.

- Você ama me deixar sem jeito né?
- Com certeza.
- Te vejo no Gardenia senhor galanteador.
- Te vejo no Gardenia, Queen.

Desliguei e puxei a cortina da janela antes que ele sorrisse mais uma vez e me deixasse preso naquela janela pelo resto da manhã. E não duvide do poder dele de me prender e do meu poder de ficar.



- Bom dia.

Talvez tenha cumprimentado minha mãe um pouco alegremente demais a aquela hora da manhã, ela olhou para mim com um sorriso torto.

- Deixa eu adivinhar, ainda sofrendo os efeitos alucinantes do vizinho? - ela se sentou a mesa do café junto comigo.
- Tá tão na cara assim? - servi café para nós dois, Skye riu.
- Nãaao imagina, só um olhar apaixonado, sorriso bobo, fala mansa... deve ser resfriado.

Foi a minha vez de rir.

- Eu me sinto nas nuvens, é até difícil de acreditar que realmente tá acontecendo.
- Ele vem com a gente? Posso passar pra buscá-lo, segundo a avó dele eu sou "uma mãe contemporânea e exótica", deve ser um elogio.
- Nem consigo imaginar como foi a conversa de vocês no hospital.
- Foi contemporânea e exótica - ela disse, nós rimos.
- Sobre a carona, eu perguntei agora a pouco mas ele disse que vai de bicicleta.
- Uh, mais saudável que eu! Achei que você diria que ele ia com os Saint-Jones - ela deu uma pequena pausa - eu nem perguntei ontem pra sei lá, evitar assuntos ruins mas... a garota, Meredith, a reação dela foi muito ruim? 

Skye estava tentando passar um bom humor em sua voz mas eu a conheço e era nítida sua preocupação. Sei que ela me apoiaria em qualquer coisa desde que eu estivesse feliz, mas acho que o sobrenome "Saint" ainda seria um motivo de alerta para ela por muito tempo. E para mim também, consequentemente. Não é como se eu fosse esquecer tão fácil o que houve entre eu e Meredith e nossas famílias, apesar do desfecho ter sido bem menos destrutivo no meu caso.

- Não foi mil maravilhas mas não foi horrível, pelo que Heron me contou ontem, eles conversaram e esperamos que daqui pra frente fique tudo mais calmo.
- Menos mal.

Skye comia em silêncio, pensativa.

- Ei - a chamei e sorri para ela - a história não vai se repetir. Eu te prometo.

Minha mãe me olhou com seus grandes olhos azuis e estendeu seu mindinho na minha direção.

- Melhor selar essa promessa do jeito certo - ela sorriu.

Unimos nossos mindinhos e depois as pontas dos dedões como fazíamos desde que eu era criança. A promessa estava selada da forma mais eficaz possível.

- Agora vamos terminar de comer porque já é quase sete e quarenta, a René já deve estar vindo e eu preciso ir pra agência.
- Sim capitã!

Terminamos o café na tranquilidade de sempre, conversando e rindo. René não demorou a chegar e logo estávamos no carro.

- Então, preparado para o primeiro dia de aula como "namorado de Heron Hayes"?

Me perguntou René animadamente enquanto esperávamos Skye fechar o portão da garagem que mais uma vez estava emperrado. Até então eu estava bem feliz, mas a pergunta de René girou uma chavinha do meu cérebro que eu sequer tinha me lembrado: Primeiro dia de aula pós baile. Primeiro dia sendo o suposto ladrão de namorados aos olhos da população.

- Estava - meu estômago gelou - acha que vai ser muito ruim?
- O que vai ser ruim, Adrien? - René perguntou inocentemente, e não era ironia.
- Você sabe, os olhares, os burburinhos, as fofocas...
- Ah, claro! - René murmurou (e resmungou) para si - não esquenta com isso, você sabe que o Gardenia é fogo de palha e também, não é como se o romance de vocês fosse muito discreto, você já devia estar preparado desde que mandou a primeira carta dizendo você que "sem pretensão nenhuma".

René sorriu de forma maliciosa. 

- Eu li seu post hoje de manhã, tá bom?
- Jura?! - ela abriu um enorme sorriso - Ficou digno do Entertainment Tonight não foi?
- Achei meio sensacionalista, beijos calientes René Griffin? - ri do termo.
- Aaah acha que eu não sei que foi assim? Inclusive, você tem que me dizer o que foi que rolou depois da fuga! Prometo que fica no sigilo - ela ergueu a mão direita em juramento - palavra de amiga de infância!
- Nós só conversamos, ele me contou algumas histórias, trocamos pontos de vista e andamos de mãos dadas...
- Meu Deus eu vivi por esse momento - René levou as mãos ao rosto - mas e aí, teve mais alguma coisa????
- Se rolou mais alguma coisa não é nada que você já não saiba - sorri.

René levou as mãos ao rosto chocada mas ainda assim com um sorriso e olhos brilhantes.

- Na sua casa ou na dele? Não, na casa dele não foi, nem todos tem uma mãe de boa como a Skye... PERA! - René arfou - FOI NA PRAIA?

Meu sorriso desapareceu e meus olhos se arregalaram. De novo não!!!

- QUÊ?! N-NÃO É ISSO! - me retratei imediatamente.
- Aham tá bom, de santo você só tem a cara Sr. South - O rosto de René estava igual ao emoji de lua. Comecei a ficar nervoso embora eu estivesse plenamente certo de que só caminhamos e conversamos ontem a noite - pode me contar tudo tá? Sou sua amiga, não precisa ter vergonha.
- E-eu estava me referindo a caminhada na orla! c a m i n h a d a! Só isso! Duas pessoas andando juntas uma ao lado da outra enquanto conversam! O que tem demais?! Não tem nada demais!

Eu tentava desenhar a verdade para René me embaralhando de vergonha enquanto ela gargalhava sem dó, já estava soletrando a palavra "caminhada" quando percebi que ela estava só gastando com a minha cara. Lhe dei um soquinho no braço de vingança.

- Vou começar a te provocar com isso mais vezes, nunca te ouvi falar tanto de uma única vez!

René limpava as lágrimas de tanto rir, já estava pronto para provocá-la eu mesmo quando por algum motivo meus olhos pararam no portão da garagem e eu notei que Skye não estava sozinha.

- O que é que aquele cara tá fazendo ali?! - pensei alto, René seguiu minha visão.
- Minha santa dos acasos do destino é o Gus Saint!

Ficamos os dois olhando Skye e seu ex-noivo abaixando o portão da garagem que, com a força de dois pares de mãos, nem fez questão de emperrar. Os dois agora conversavam, não diria como amigos mas, como conhecidos que não tem uma história trágica de pano de fundo e isso é bem surpreendente. Como aquilo era possível? E quando raios foi que eles fizeram as pazes???

- Ei, será que eles voltaram? - palpitou René sem tirar os olhos da cena.
- Nunca! - disse imediatamente - impossível! Ela teria me dito com toda a certeza.
- Então fizeram as pazes?

Olhei atentamente cada movimento dos dois enquanto conversavam. Em dado momento, Skye esboçou um sorriso. Simples e nada muito grandioso, mais ainda era um sorriso.

- Tô achando que sim.

Pouco tempo depois de uma conversa que eu não entendi nada pela distância, minha mãe e Gus pareciam começar a se despedir. E a confirmação de que amigos ainda era uma afirmação muito precipitada veio quando o Tio de Meredith ofereceu um abraço e Skye o afastou com um tapinha no ombro de despedida e caminhou de volta para a Dóris o deixando para trás com uma feição confusa. René me olhou com as sobrancelhas arqueadas como se diz "eita".

- Todos prontos aí? Colocaram o cinto? - ela disse assim que entrou e fechou a porta.
- Sim - eu e René respondemos ao mesmo tempo e no mesmo tom.
- Ok coral - Skye riu - próxima parada, Gardenia High School!
- Realmente não é Paris, Tia Skye? - René descontraiu.
- E aí Addie, o Heron aceita ser nosso tradutor?
- Eu realmente não sei que graça vocês veem em atiçar minha timidez!

Nós três rimos.

- Vamos logo que eu já estou atrasada, segurem aí.

Skye manobrou o carro e seguimos rua a cima direto para o colégio.
Confesso que estava apreensivo, claro que a minha vontade de estar com o Heron era imensa e eu queria passar o dia todo com ele, mas ainda parecia assustador expor o que sentíamos um pelo outro para mais de mil alunos, e ainda mais com tudo que aconteceu até aqui onde chegamos. Eu contava com a espontaneidade de Heron para ignorar - ou dividir - o peso dos boatos até que "nós" se tornasse algo trivial do dia a dia escolar.

Quando chegamos, o portão já havia aberto e alguns alunos já entravam. Eu e René nos despedimos da minha mãe e seguimos pro Colégio enquanto ela sumia rua a cima - e sem citar absolutamente nada sobre o Gus.

Enquanto andava eu tentava não olhar muito para os lados, a situação não estava tão catastrófica quanto eu imaginei que estaria e isto me acalmou bastante. Resolvi ocupar minha cabeça com alguma coisa enquanto andava pelos corredores e acabei imaginando como seria a cena de eu e Heron chegando no colégio juntos, só conseguia lembrar da Bella e do Edward descendo do volvo prata e desfilando pelo estacionamento no primeiro filme. Ri sozinho. Se Crepúsculo se passasse na Califórnia os vampiros não durariam um dia - e nem as lentes antirreflexo.

- Já está pensando no seu amor? - Provocou René enquanto parávamos em frente a fileira do meu armário - tá até rindo sozinho.
- Quase isso.

Olhei em volta observando a movimentação. Os alunos passavam por mim sem sequer se importar, claro que haviam exceções que ainda viravam suas cabeças na minha direção e iam cutucar seus amigos para que olhassem também. Ninguém controla o telefone sem fio que corre pelo colégio, e seria difícil lidar com esses olhares por algum tempo, mas eu deixaria que o sentimento que a pouco me agarrou na beira da minha janela enquanto conversava com a outra parte da história, seria maior que tudo isso.

Quando olhei de volta para minha amiga, seu olhar já estava perdido em outro lugar, ou melhor, outro rosto. Ela olhava para Jenna que conversava com suas colegas de torcida do outro lado do corredor, a morena a olhava de canto de olho com um sorrisinho dissimulado e mexia no cabelo.

- E você, está pensando no seu amor? - foi a minha vez de dizer, René riu.
- Amor é uma palavra forte demais, Adrienzinho.
- Namoro? Amizade? Namoro e amizade?
- Eu diria que estamos em uma pegação sem compromisso. A Jen é demais mas eu realmente não quero namorar, não agora.
- E ela pensa o mesmo?
- Digamos que essa é nossa única diferença.

Já estávamos prestes a fechar meu armário quando fomos abordados por um dos alunos com uma prancheta. Ou melhor, René foi abordada.

- Finalmente te encontrei Griffin! - disse uma garota loura a nossa frente com um sorriso meio sem jeito.
- Olha Ad, minha chefe Lea Winfrey, ou melhor, ex-chefe - René endireitou a postura e seu rosto foi tomado por um sorriso debochado - sabia que eu estava agora mesmo pensando sobre um novo modelo de jornal mas ah é! Eu fui trocada por Canons, dois dólares e um smooth, que pena.

Era a líder do jornal. As faíscas guardadas desde terça vão voar e eu não tenho certeza se quero ver isso.

- Precisamos conversar - a garota disse calmamente, René cruzou os braços.
- Me dê um bom motivo para dar ouvidos a vendidos!
- Olha não foi bem assim que as coisas...
- Então você vai negar que fez os caprichos da filha do diretor pra benefício próprio e mandou alguém inocente pro raio que o parta??
- Você sabia que era proibido intermediar cartas fora do cesto, não é como se fosse inocente também.
- É mesmo? E que provas vocês tinham contra mim? Quem garante que eu estava intermediando cartas? A Meredith?!

Lea respirou fundo fechando os olhos por alguns segundos.

- Olha René, nós do jornal tivemos uma conversa séria hoje mais cedo e combinamos de eu vir numa boa conversar com você, eu estou fazendo um esforço mas fica difícil quando me esforço sozinha então por gentileza me acompanhe até o clube e vamos acertar nossas divergências. Tá legal?
- Pra mim é um enorme prazer que eu seja difícil de lidar! Eu sempre fui talentosa demais e ninguém nunca me dava os créditos, mas agora que vocês deixaram os leads na mão do Duncan e meu talento está em falta, vocês me procuram com o rabinho entre as pernas! Cara, o Duncan? Ele inicia todas as palavras com letra maiúscula!! E digo mais, o desenvolvimento das notícias...

Fechei meu armário com a ponta dos dedos e fui dando pequenos passos para trás enquanto René despejava três anos de insatisfação na cara da recém nomeada líder que massageava as têmporas impacientemente. Conhecendo a René ela falaria até cansar, já que nem o sinal da primeira aula a pararia.

Eu andava rumo ao terceiro andar para a aula que começaria em breve, mexia no celular a procura de uma música pra silenciar meus pensamentos intrusos quando acabei esbarrando em alguém.

- Ai, d-desculpa e-eu não...

Quando ergui meu rosto me dei de cara com a última pessoa que eu esbarraria se fosse um dia comum.

- Adrien! - Patrick Elsen exibiu seu sorriso felino de sempre - não te vi mais no baile ontem depois das nove, mas fiquei sabendo que você não estava sozinho.

As notícias correm rápido mesmo.

- É e-eu, tive que resolver uma... pendência.

Exibi um sorriso amarelo, largo e nervoso. Pat ergueu uma sobrancelha e riu, ele definitivamente não caiu nessa.

- Oi meninos - Deeva se aproximou e apoiou as mãos nos ombros de Pat.

Greta, que viera junto com a indiana, assim que me viu me lançou um sorrisinho malvado. Ashley também veio junto e não disfarçou o climão.

- Olha só se não é o papa-namorados - Greta disparou, garantindo um olhar feio de Deeva, um revirar de olhos seguido de risada de Pat e Ashley e um rubor meu.
- Você prometeu se comportar, Gree! - repreendeu Deeva.
- Vocês estão namorando?? - perguntou Ashley curiosamente - está todo mundo querendo saber, principalmente o Pa... AI!
- O pessoal todo! - Pat impediu a garota com um pisão no pé - todo mundo quer saber se vocês estão juntos. Curiosidade geral!

Os quatro me olhavam atentamente esperando por uma resposta, senti minha voz sumir da garganta. Não sei até onde era seguro afirmar ou negar alguma coisa, ou até mesmo se eu devia negar ou afirmar algo! O que eu digo????

Antes que eu completasse de formular minha rota de fuga dos Warriors, senti uma mão no meu ombro e uma voz salvadora soar ao meu lado.

- Bom dia gente.

Heron chegou como um anjo salvador de saias justas na hora certa e local certo. Ele exibia um sorriso tranquilo como se fosse o dia mais normal do mundo. Acabei deixando um respiro aliviado escapar.

- Atrapalho? - ele perguntou com a maior tranquilidade, diria até um pouco de sarcasmo.
- Imagina - Greta tomou as rédeas, todos olharam para ela - estávamos perguntando agora mesmo ao Adrien South se vocês estão namorando, você pode nos responder?

Agora todos olhavam para Heron, inclusive eu.

- Estamos nos reconhecendo.

Heron me olhou com carinho, eu sorri um pouco surpreso e olhei para meus pés sentindo novamente meu rosto em chamas.

A boca de Deeva se escancarou, Greta a olhou com os ombros recolhidos como se dissesse "eu te falei", Ashley também parecia surpresa mas ainda esboçava um sorriso e Pat, bem, sorriu do seu jeito de sempre e cruzou os braços.

- M-mas e a Meredith??? - Indagou a indiana - vocês não estavam namorando há sei lá quantos séculos?
- Eu nunca disse que estávamos juntos, e nem ela então...
- Surpreendente - Pat murmurou com um riso irônico.

Cartas para Heron HayesOnde histórias criam vida. Descubra agora