Estúpido Cupido

3 Cardan

A água quente cai na minha cabeça e no meu corpo, me relaxa depois do treino de futebol. Temos um jogo para ganhar nesse sábado, lembro do técnico gritando para o time, principalmente, para mim. Como capitão do time de futebol, os resultados dos jogos tem mais peso sobre mim, é minha responsabilidade manter meu time treinado e focado.

Deixo a água varrer esses pensamentos também, só deixando o cansaço.

Desligo a água e me apresso para sair, tento fugir... Mas já é tarde.

- Greenbriar, na minha sala agora!

Me viro e vejo o técnico entrando em sua sala, sigo-o.

- sim, senhor Miller?

- sente-se.

Me sento a sua frente e fico com cara de paisagem, já supondo o que vem por vir.

- Seu desemprenho não está adequado para uma capitão, especialmente, em véspera de jogo.

Abaixo a cabeça e finjo estar prestando atenção.

- Você precisa treinar mais e ter mais foco, onde está sua cabeça!? Quando entra no campo só deve pensar em uma coisa: em ganhar e trazer glória ao colégio! Nenhum olheiro vai se interessar por vc se continuar fazendo corpo mole...

É sempre assim, toda véspera de jogo ele fala a mesma coisa, acho que pensa que assim vou ficar com a cabeça mais centrada no jogo.

Concordo com a cabeça em alguns momentos e digo coisas como: vou melhorar, eu prometo ou vou treinar e focar mais.

- pode ir, Greenbriar. Não se esqueça, só estou tentando ajudá-lo.

Faço cara de culpa, me levando, agradeço e saiu.

Me despeço de Valerian, o wide receiver do time, ele está sorrindo, satisfeito com seu treino, e deve ficar mesmo, é o cara mais rápido que conheço.

Vou a pé até em casa, sentido meus músculos doloridos, mas é uma dor boa e aproveito para olhar em volta. Mais em frente avisto uma das irmãs de Vivi, mas não sei dizer ao certo qual.

Tento olhar para suas mãos, porém ela está de costas e com as mão no bolso do casaco. Jude, uma das gêmeas, não tem a ponta do dedo anelar, é assim que as diferencio rapidamente.

Então olho para o seu cabelo e percebo qual delas é: Jude. Ela está com o cabelo amarrado de um jeito engraçado, lembro de reparar nisso na aula de geografia. Mesmo assim, isso não a deixa feia, só com um visual... Despojado. Precisaria de muito mais para deixar uma dessas irmãs feias...

Me pergunto se devo ir até ela e acompanha-la até em casa... Não, é melhor não, nós nunca conversamos, e está claro ainda, nem sei porque pensei nisso.

Talvez para perguntar sobre o dedo dela, uma parte do meu cérebro pensa, mas eu logo o calo. Seria falta de educação perguntar algo assim a alguém que não sou próximo, não sei se isso pode envolver algum trauma ou assunto particular.

Ainda sim... Observo-a andar sem saber que a estou olhando. Há uma certa arte envolvida em observar alguém que acha que está sozinho, vê-lo sem máscaras.

Me pergunto porque ela está saindo tão tarde da escola, provavelmente, devia estar na biblioteca, ela parece se dedicar muito aos estudos.

Ela vira uma esquina e some da minha vista, vou pelo lado contrário. De repente me sinto muito sozinha sem ela para olhar.