A água queima por todo meu corpo, tentando lavar toda a tensão do meu corpo, tentando acalmar meus pensamentos que se voltam para o quarto na casa de Bomba, para Jude, seu corpo, sua boca e seus gemidos.
Encosto minha testa no azulejo frio, gostas de água pingam do meu cabelo, a água quente arde nas minhas costas, e me forço a me concentrar nessa sensação até ser insuportável.
Desligo a água, saio do chuveiro e me olho no espelho. Minhas bochechas e nariz estão vermelhos, minha boca ainda inchada pelos beijos, minhas mão parecem elétricas quando lembro que as passei pelo corpo dela.
Meu celular vibra na pia e vejo uma mensagem de Barata.
A onde você foi?
Deus, por favor, que você não esteja bêbado no gramado de algum vizinho da Bomba
Pego meu celular e o tranquilizo. Os vizinhos de Bomba toleram suas festas com música alta e maconheiros, com tanto que eles não causem nenhum dano no bairro, desde derrubar caixas de correio à transar em seus arbustos.
Estou bem, em casa, cansado do jogo.
O jogo parece que aconteceu a um ano, mas não digo a verdade a ele. Não digo que depois que Jude se foi eu tive que esperar meia hora para poder sair do quarto, tentar me acalmar e diminuir o volume na minha calça.
Não achei que poderia me manter assim por muito tempo, assim, sai o mais rápido que pude de lá. Sem avisar meus amigos ou comemorar com eles nossa vitória.
Vou ao meu quarto, jogo minha toalha numa cadeira e me deito na cama, deixando o ar frio esfriar minha pele.
Eu não falei a ela. Não disse como fiquei feliz em vê-la no jogo, não disse que pensei nela durante toda minha corrida para o touchdown, nem como ela estava linda dançando e sorrindo fácil na casa de bomba.
Olho no relógio, são quase quatro da manhã. Eu deveria estar dormindo, meu corpo precisa descansar depois do jogo, mas minha cabeça ainda está agitada.
Olho para o céu escuro pela janela, o poste de luz da rua fornecendo a única iluminação no meu quarto.
Quando fecho os olhos para me forçar a dormir, o rosto de jude explode na minha visão. A luz vermelha piscando em seu rosto, contornando suas maçãs do rosto altas, seu maxilar definido, sempre erguido, sua boca carnuda, seus olhos semicerrados pela maquiagem e pelo desejo.
Fiz certo em não colocar nenhuma calça para não me apertar.
Levanto da cama, pego minha toalho e volto para o banho, para fazer a única coisa que me deixará dormir.
Apesar de ter dormido tarde, acordo cedo, ainda com resquícios de desejos que me deixam agitado.
Preciso correr.
Visto uma roupa para correr, na esperança de livrar meus pensamentos dela.
Desço as escadas e escuto barulhos na cozinha. Suspiro e vou até lá, sabendo que meu pai acharia um desrespeito se eu saísse sem avisar, talvez seja, mas eu não ligo, não estou com cabeça para seus comentários desnecessários.
- Bom dia, pai.
Digo quando entro na cozinha.Ele está fazendo omelete com algumas folhas verdes e sorri quando me olha.
- Filho, bom dia. Quer uma omelete? Você merece pelo jogo de ontem, venha, sente-se.
- Eu vou correr, prefiro estar de jejum.
- Você superou minhas expectativas, sabe - seu sorriso aumenta ainda mais, parecendo uma careta em seu rosto- Não achei que você estivesse focado o suficiente para ganhar ontem, mas olha para você, além de ganhar, está indo correr na manhã após o jogo. Continue assim e talvez você alcance o que seu irmão conquistou.
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Estúpido Cupido
FanfictionCardan é conhecido pelo colégio Elfhame como o Cupido, isso porque ele tem o dom de unir casais. Porém, faz quase 6 meses desde a última fez que ele juntou um casal, e seus amigos o desafiam a fazer a garota mais carrancuda da escola a se apaixonar...