Estúpido Cupido

16 Jude

A primeira coisa que passou pela minha cabeça quando Cardan Greenbriar aparaceu na minha porta, com o corpo mole e a sua maçã do rosto vermelha e sangrando, foi: Ele está bêbado e saiu de uma briga. A segunda coisa foi: Ele veio procurar outra.

Seu cabelo negro estava bagunçado, caindo sobre seus olhos desfocados e sonolentos. Os nós de sua mão direita estavam sangrando, a camisa azul escura amassada e desajeitada em seu corpo. Seus lábios formaram um pequeno sorriso, quando ele falou num tom baixo e grave o meu nome. 

Antes que eu pudesse bater a porta na sua cara, ele se encostou no batente como se não conseguisse ficar em pé sozinho, seu ombro direito o apoiando pesadamente. Abri minha boca para perguntar o que diabos ele estava fazendo na minha casa, mas outra voz aflita falou atrás de mim.

- Cardan, o que houve?

Oriana passou por mim e se aproximou de Cardan, o avaliando de perto, que sorriu e balançou a cabeça como se não estivesse tão acabado quanto parece.

- O treino saiu de controle hoje.

Franzi a testa em descrença, mas Oriana o pegou pelo braço e o conduziu até a cozinha, passando por mim sem uma palavra. Solto um suspiro alto e fecho a porta com força antes de segui-los. Quando entrei na cozinha, Oriana fez Cardan se sentar em uma cadeira ao lado da mesa, enquanto Tayn pegava uma caixa vermelha de primeiros socorros em cima da geladeira.

- Você está bem, querido? Parece um pouco tonto.

Oriana perguntou preocupa enquanto enchia um copo com água gelada, e Taryn se sentava de frente ao Cardan abrindo a caixa vermelha para retirar gazes, ataduras e antisséptico.

- Está tudo bem, mas um pouco de sal seria bom.

- Ah, claro, aqui está - Oriana entregou o copo de água para ele e um sachê de sal - Sua pressão caiu?

- Isso mesmo, obrigado.

Ele abriu o sachê e o virou embaixo de sua língua, antes de beber o copo de água em longos goles, o que fazia seu Pomo de Adão subir e descer em sua garganta. Se ele não estava bêbado, como teve a coragem de aparecer na minha casa?

Apesar da raiva por ele ter vindo até aqui depois de tudo que fez para mim, uma parte de mim não pode deixar de se preocupar em ver seu rosto tão bonito machucado. Taryn termina de limpar sua mão direita com antisséptico, quando vou até o congelador pegar uma bolsa de gelo. Sem olhar para Cardan, coloco a bolsa em cima de sua mão, sentido seu olhar sobre mim. Percebo que os nós de seus dedos têm poucos cortes, provavelmente, o sangue que estava neles não era dele.

Taryn começa a limpar o rosto dele, que solta um suspiro forte com o primeiro contado da gaze com o remédio.

- Vou colocar essa pomada tudo bem? - ela pergunta depois de terminar de limpar, pegando um tubo da caixa - Vai ajudar a diminuir o hematoma.

Cardan concorda com a cabeça, mas seu olhar encontra o meu, enquanto estou encosta na mesa perto dele. Tento não pensar nos sentimentos que seus olhos negros estão transbordando.

- Jante conosco hoje, tudo bem? - Oriana pergunta enquanto tira um assado do forno - E você pode nos contar o que houve com mais detalhes.

Ela não espera resposta e leva o assado para a sala de jantar. Taryn joga os curativos e coloca a caixa vermelha em cima da geladeira antes de sair, deixando nos sozinhos.

Instintivamente cruzo os meus braços a minha frente em claro sinal de defensiva. Não deixarei que ele me engane novamente.

- Antes que você fale qualquer mentira para a minha família, me conte o que realmente aconteceu, já que você nem é bem vindo aqui.