8- raro momento

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Pov Inês

Mais de três horas de reunião e ainda não tínhamos chegado a um consenso. Embora eu desse a última palavra e o que eu dissesse deveria ser cumprido, hoje não estava funcionando. Simplesmente porque minha mente estava longe. Não tinha um pensamento específico.

Era tudo muito confuso e misturado. Mas em todos os pensamentos Marcia estava neles. Principalmente depois da notícia que Diana me dera mais cedo. Há tempos vasculhávamos o ocorrido cerca de seis anos buscando o culpado.

Embora eu tivesse quase certeza, não podia afirmar. Mas agora felizmente já sabia a verdade. E isso complicaria demais a minha vida. Simplesmente porque eu não conseguia deixar de ser uma mulher rancorosa e vingativa. Era meu pior defeito, eu acho.

—E então, Inês? O que acha? —Zayn pergunta.

— Acho que já podem ir. Não estou com cabeça para pensar nisso — na verdade, nem sabia do que estávamos falando.

—Mas Inês...

— Zayn... agora não. Aliás, nossa cabeça funciona quase da mesma maneira. Repense algumas coisas e depois me diga - vi Diana fuzilar Zayn com os olhos. Dei de ombros. Zayn era o único que trabalhava e agia da forma que eu gostava.

— Podem ir. Já são quase duas da manhã e daqui a pouco teremos que nos encontrar lá no galpão.

—Certo chefe... Boa noite então.

—Boa noite — Os homens se levantaram, mas Diana permaneceu quieta.

—Posso falar com você rapidamente? — sentia a incerteza em sua voz.

— Diga.

—Com relação aquele assunto... sobre a
Lili.

—O que é que tem?

—Você não está ficando com a Marcia... por vingança não né?

—Deixa de ser idiota, Diana. Eu ainda nem tinha certeza disso quando a quis pra mim.

— Claro que tinha. Você sempre tem certeza de tudo.

—Pode até ser, mas desse jeito você ofende a Marcia. Acha que ela não tem qualificação suficiente para ser minha mulher? Que serviria apenas como vingança?

—Não! É que...

—Além do mais, Diana. Eu já me vinguei. Matei o pai dela.

—Entendo... Bom! Desculpe-me se fui intrometida.

—Tudo bem, Diana. No fundo, sei que se preocupa comigo e sei que às vezes sou bruta e rude com você, mas... eu não quero continuar nessa vida eternamente. Alguém terá que assumir um dia.

—Seu filho...

—Se eu tiver um... ou então você assume — Vi o brilho de surpresa em seus olhos.

Eu jamais dirigi uma palavra reconfortante ou que parecesse mais carinhosa. Essa realmente foi a primeira vez e era o máximo que eu me permitia.

Mas, no fundo, eu amava demais minhas irmãs. Daria minha vida para defendê-las. Eu só não falava. Como diria minha mãe: o que a mão direita faz, a esquerda não precisa ficar sabendo.

—Bom... não sei se me adequaria ao papel...

—Se encaixaria perfeitamente. Basta deixar de ser manteiga derretida — Acabei sorrindo e ela também —Agora vá. Estou morrendo de sono.

—Boa noite, Inês.

—Boa noite, Di — saiu fechando a porta atrás de si.

Escorreguei meu corpo na poltrona fechando meus olhos. Eu precisava de um banho, de cama... dormir. Estava exausta e olha que nem tive tanto serviço hoje. Pelo menos não com a máfia, mas na minha cama...

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