44- de volta as origens

167 12 7
                                    

Pov'ines

Planilhas e mais planilhas, acertos de contas... e ainda os dois carregamentos que chegariam daqui a pouco. Estava meio lenta hoje, cansada... e imediatamente a palavra velhice veio a minha mente. Deus me livre... apenas vinte e cinco anos e já sentindo esse peso todo nas costas? Nem queria imaginar quando chegasse aos setenta.

Isso se eu chegasse. Se continuasse nesse ritmo com Marcia todas as noites eu iria me acabar cedo. Tentei não pensar nisso e me concentrei nos papéis à minha frente. Estava há horas trancada no escritório, pois só assim iria ter um pouco de paz para poder trabalhar. A casa estava uma loucura com o casamento de Camila e me ver tropeçando em pessoas estranhas o tempo todo estava começando a me irritar. Elas que se virassem para arrumar tudo.

Não sei pra que isso... sinceramente? Casamento só o meu e pronto. E a anã ainda fez questão que eu e Marcia  fôssemos madrinhas. Sem contar a cara de pau em dizer que fazia isso por Marcia e não por mim. Felizmente helena estava por aqui ajudando Marcia com as crianças.laura também veio e dessa vez trouxe o filho desmiolado. Era bom tê-los por aqui...

Levantei-me e tranquei a porta, abrindo as duas maletas derramando euros, resultado do carregamento de três dias atrás. Conversei com meu pai durante muito tempo e resolvi parar com palhaçada. Embora muitas vezes eu me sentisse aperreada, pensando no que meus filhos iriam pensar de mim quando crescessem... a máfia estava no sangue. Ficar tanto tempo afastada só me deixou com sede. Queria trabalhar... trabalhar e esse casamento só veio atrapalhar meus planos.

Contei e recontei o dinheiro e só então os coloquei no cofre. Não que eu desconfiasse dos rapazes, mas Veronica foi quem recebeu e como se não bastasse o casamento... ela sempre foi meio lesada. Voltei a me sentar e peguei alguns papeis para analisar. Diferentemente do que pensei, nosso negocio ia progredindo cada vez mais. Meu pai ficaria satisfeito quando visse os resultados. Conferi mais uma vez as horas e então guardei os documentos, preparando-me para sair. A porta se abriu de repente e marcia parou, me encarando ao ver que eu prendia a arma dentro do sobretudo.

—Vai sair?

—O dever me chama.

—Como assim o dever te chama? Hoje é o casamento da Camila.

—E por causa disso o mundo tem que parar?

— Inês Montenegro Guedes não me venha com gracinhas. Você é a madrinha.

—Eu não me esqueci disso, o que não quer dizer que tenha que ficar aqui no meio de um bando de malucas paparicando a noiva— Ela suspirou colocando as mãos na cintura.

—Posso saber aonde vai?

— Tem um carregamento chegando— agora... dois pra ser exata.

—Dois ?Inês  isso vai levar horas.

—Não vai não. E o casamento será daqui a seis horas, portanto tenho muito tempo.

—E vai chegar e ir assim para a igreja? —Eu dei um sorriso debochado.

—Acha que sou como essas mulheres que precisam de três dias para se arrumar e ainda assim ficam mais ou menos? — Seu olhar estreitou-se.

— Está querendo dizer que eu fico mais ou menos, chefona?

—Eu disse ESSAS MULHERES.

—Ah tá... melhorou bastante. E eu sou o que? Homem? — Terminei de prender a arma e em seguida coloquei meu pé sobre a cadeira, erguendo a calça e colocando outra arma.

—Se todo homem tivesse uma boceta deliciosa como a sua eu seria bissexual.

— Nojenta... ordinária.

Poderosa Montenegro Onde histórias criam vida. Descubra agora