29- Sem perdão

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Pov'Marcia

Medo. Agora eu tinha muito medo. Não sei exatamente do que, mas meu coração chegava a doer tamanha força com que batia. Definitivamente não era medo pelo Christopher. Mais uma vez ele me provou que não valia nada. Talvez eu temesse por Inês. Nunca, em todo esse tempo, eu a vi tão nervosa e descontrolada. Todas as cenas que presenciei, poderia dizer que ela estava brava. Hoje não. Ela tinha ódio... um ódio intenso.

Seguia a passos rápidos atrás dela, que sequer se dignava a me olhar. Sei que não estava nervosa comigo, mas ela era assim. E sei também que jamais passaria pela cabeça dela que tive alguma coisa com meu irmão. Como ela mesma disse... eu gosto de mulher, não de moleque. E era exatamente isso que Christopher era. Um moleque inconsequente que cismou de brincar com a mulher mais perigosa que já conheci. Inês tinha várias facetas e eu nunca sabia ao certo o que esperar dela. Quando estava a poucos metros do quarto de Christopher, ela parou e se virou abruptamente.

—Acho melhor não vir comigo. O que irá acontecer daqui pra frente não lhe fará bem.

—Não estou falando de você. Sei que é topetuda o bastante para assistir a tudo como se fosse realmente forte. Estou falando dos bebês. Isso não será bom pra eles... e espero que tenha juízo quanto a isso.

— Eu sei o que estou fazendo, Inês— ela revirou os olhos e pegou o celular.

—Diana? Estou saindo daqui agora com nosso amiguinho. Peça ao Gabriel que prepare a "bebida de Jesus" — Franzi meu cenho. Bebida de Jesus? Que código era esse? Ou eles iriam comemorar bebendo vinho?

—Posso saber o que irá fazer Inês ?

—Não —Ela respondeu empurrando a porta do quarto. Confesso que fiquei chocada com a aparência de Christopher. Não me parecia nem de longe o garoto bonito e cheio de vida que conheci um dia. Estava acabado, machucado e pior... agora ele não era mais atrevido. Ele olhava para Inês com pavor.

—Como vai nossa mocinha?

—Cada vez mais deliciosa, chefe— gargalharam. Inês sentou-se à frente de Christopher, os dedos entrelaçados.

— E então, franga? Preparado?— Christopher engoliu em seco, os olhos arregalados, mas nada respondeu— Como estou bem humorada hoje... você poderá escolher nas mãos de quem quer morrer. Nas minhas... ou nas da sua doce irmãzinha?

—Deixe essa mulher longe de mim— Inês sorriu, sarcástica.

— Devo entender que prefere morrer pelas minhas mãos?

— Sim —Ela riu novamente.

—Você não devia ter dito isso, Christopher — Levantou-se e parou à frente do segurança —Traga-o e siga o volvo. Pode usar o aston.

— Sim, senhora —Inês se afastou e fui atrás dela.

Minha garganta estava seca e minha respiração ligeiramente alterada. O fato de não ter a mínima idéia do que Inês  faria é o que me angustiava.

Camila nos interceptou antes que chegássemos ao volvo. Também parecia apreensiva.

—Veronica já foi?

—Sim. Inês... não acha melhor a Marcia ficar?

—Eu acho, mas conhece a teimosia dela tão bem quanto eu.

—Marcy, por favor... Gabriela me falou que... é horrível... —Inês bufou.

— Puff... não que eu esteja discordando, mas vindo de Gabriela qualquer coisa nesse sentido é horrível. Ela é meio frouxa pra isso— Camila  cruzou os braços e fechou a cara para Inês.

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