Pov'Marcia
Como é difícil ser frágil, mas tendo que ser forte. Mais do que nunca eu precisava da força e coragem que aprendi com minha mulher. Pelo menos grande parte dela veio da minha convivência com Inês. Estava
moída por dentro, mas ainda assim estava de pé.O baque foi grande demais e me pegou completamente desprevenida. Eu não entendia... por mais que eu pensasse, simplesmente não entrava em minha cabeça o por que de minha mãe ter agido assim. Credo... parecia que queria mesmo morrer.
Eu senti, claro, não irei negar. Mas a dor maior foi ver meu Joseph sofrendo tanto. Ele mesmo me avisou que minha mãe havia saído sozinha. Bastou uma distração minha... e ela saiu. Joseph veio correndo, os olhos arregalados e o coração batendo freneticamente. E depois aquela notícia horrível. Eu senti no ar que havia algo de errado, mas meu primeiro pensamento como sempre foi Inês. Com Dom Matteo solto, pensei que ela fosse seu primeiro alvo. Burra que sou... lógico que ele não iria tentar acertar a fortaleza primeiro. Iria atrás dos mais fracos... ou dos sem juízo, como a minha mãe.
Entretanto eu não poderia ficar sentada, chorando as pitangas. Por isso mesmo fui atrás de Inês no dia anterior.
Queria ficar cara a cara com a vaca que supostamente assassinou minha mãe. E eu me senti a poderosa ao ver como Inês me olhou com orgulho e não me mandou embora dali como das outras vezes. Ousei pensar que ela queria mesmo me ver ao seu lado nos negócios, mas isso eu iria conversar com ela depois.
A tal Heidi não abriu a boca nem por um segundo. Apenas encarava nós duas, com ar de deboche que me fez querer estapear sua cara de vadia, mas eu já conhecia bem os métodos de Inês. A tortura psicológica era o primeiro passo. Ela gostava de deixar suas "presas" acuadas, sem saber qual seria o seu destino. Aliás... sem saber como seria seu fim, pois o destino delas traçado desde quando ousaram cruzar o caminho dela. Nesse dia à noite dormimos separadas. Inês dormiu ao lado de Joseph que ainda estava quase em choque e eu coloquei os pequenos em nossa cama.
Até mesmo eles sentiam a mudança no ar. Nico como sempre carinhoso colocava as mãozinhas em meu rosto o tempo todo. Heloísa apenas olhava para o meu rosto, com os olhinhos arregalados como se esperasse uma explicação minha.
Dormi mal, temerosa por esse momento triste, mas inevitável. A hora do adeus à minha mãe. A prova irrefutável de que não foi um pesadelo. Achei melhor deixar as crianças em casa. Camila como não gostava de enterros, ficou com ela. Joseph fez questão de vir. A principio eu fui contra, mas Inês acabou me convencendo. De certa forma Joseph agora era um filho da máfia e teria que se acostumar com esse tipo de coisa. Além do mais ele simplesmente adorava minha mãe. Talvez ele fosse um pouco como eu... teria que ver pra crer.
Durante todo o tempo ele permaneceu com a mão agarrada a minha, enquanto ouvíamos as orações de conforto. Eu me contive: não chorei. Acho que já tinha chorado o suficiente com Joseph assim que saímos de casa. Inês passou o braço sobre meu ombro e me olhou intensamente antes de voltar os olhos para o túmulo onde o caixão acabara de ser colocado. Eu sabia que ela também sentiu o baque, embora sua expressão fosse distante. A cerimônia foi bem restrita, cercada obviamente de toda segurança. E Inês enfrentou mais uma luta, dessa vez com Laura que queria estar presente ao funeral.
mesma a mataria caso aparecesse por aqui, foi que Laura se conformou. Assim que a cerimônia chegou ao final eu ainda fiquei parada próxima ao túmulo, rezando em silêncio. Mesmo sabendo que minha mãe tinha grande culpa nisso tudo... eu não poderia deixar de sentir ódio. Passei anos sem sua presença. Depois fui premiada com seu retorno à minha vida. E não poderia ter sido melhor. Ela sempre me amou e isso foi um alento, depois de descobrir que meu pai e irmão eram dois monstros. E agora... tão rápido ela se foi.
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Poderosa Montenegro
FanfictionRaiva,odio,desejo e entre tudo uma chama de amor que irá nascer entre Inês e Marcia ao longo do tempo ....