34- De volta para casa

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Pov'Marcia

Dor... dor... e mais dor. Eu quis ser forte, não gritar, não dar escândalo, mas chegou uma hora em que foi inútil lutar contra a natureza. A dor foi quase insuportável. Eu digo quase porque ainda consegui me controlar um pouco. Porque ela estava ali, ao meu lado. Inês  me transmitia força, segurança. Por mais que eu visse a aflição e o medo em seus olhos... ainda havia a força impressionante que só Inês tinha.

Infelizmente as coisas aconteceram exatamente do jeito que ela não queria. Afastadas de tudo, do conforto de uma maternidade, sem uma merda de uma anestesia para aliviar a minha dor. Sim... não tinha anestesia, mas tinha o braço dela. Braço que Inês colocou em minha boca para que eu mordesse e evitasse gritar. Se ainda existisse alguma parte do meu ser que não fosse apaixonada por Inês... ela tinha acabado de se apaixonar. Quantos parceiros nesse mundo seriam capazes de fazer isso pela sua mulher?

Eu vi o desespero em seu rosto, o medo de me machucar, de me perder. Não tinha dúvida nenhuma do amor dela por mim. Em meio à dor e às lágrimas eu vi a cena mais linda que eu jamais imaginei ver um dia. Minha mulher... minha poderosa ajudando seus filhos virem ao mundo, chorando de emoção ao pegar nossa princesinha nos braços. Eu nem sabia se chorava de dor, de emoção...

Vê-la cortar o cordão umbilical foi outro baque em meu coração. E logo depois nosso príncipe vinha ao mundo... também pelas mãos de Inês. Era uma emoção difícil de controlar e de contar. Agora eu via que as coisas pareciam acontecer para nos mostrar a luz, o caminho certo a seguir. Inês vinha falando em se afastar dos negócios. Eu não conseguia imaginar isso, mas depois de tudo o que aconteceu... só podia ser um aviso, um sinal. Fui obrigada a ter um parto normal, em casa, por causa da chuva torrencial que desabava sobre a cidade, impedindo carros, helicópteros, qualquer meio de transporte de se locomoverem. E pouco depois que meus bebês nasceram... a chuva simplesmente desapareceu como se jamais tivesse existido. Eu vi Inês  eufórica, falando ao celular enquanto Evangeline fazia a higiene em mim. Inês era conhecida e respeitada em várias partes do mundo e aqui não era diferente. Quinze minutos após ela ter ligado, o helicóptero chegava para me transportar para o hospital. Inês veio ao meu lado, é claro, segurando minha mão.

—Está tudo bem, Marcia ? Não está sentindo nada? — Inês pergunta acariciando minha bochecha

—Estou bem, Inês. Mediram minha pressão... está normal. E os bebês?

—Quietinhos ali...— Os olhos dela brilhavam ao olhar para os filhos —eles são lindos, Marcia... lindos —Baixou a cabeça e me beijou suavemente.

—Já ligou para sua família?

— Ainda não. Só depois que vocês estiverem examinados e estiverem realmente bem — Inês deu um sorriso triste e passou os dedos em meu rosto — Você me assustou. Pensei... pensei que fosse perder você.

—Você foi maravilhosa, Inês. Mais poderosa que nunca.

— Eu não sou nada disso... nunca fui.

— Pra mim é. Ponto final —ela sorriu, segurando minha mão e voltando seu olhar para nossos filhos.

—Já escolheu os nomes?— me pergunta

— Eu quero fazer isso com você, Amor.— sorrio

—Hum... menino... diga um nome, eu falo se gosto.— eu falo

—Nicolas— Ela sorriu abertamente.

—Eu acho bonito —eu sempre gostei desse nome, achava forte... imponente. Filho de poderosa tinha que ter um nome à altura. Ines brincou com meus dedos, depois beijou-os.

—Agora você, Inês... diga o nome de uma menina.

— Acho que você não vai gostar. — fala meio acanhada

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