21/12

269 21 12
                                    

| Narrado por Christopher |

Não faz nem um mês que Dulce e eu nos mudamos para a nova casa. Logo quando descobrimos a gravidez começamos a procurar um local maior e com maior conforto para criarmos nosso filho. Ela está de quatro meses e sua barriguinha é o que de mais lindo eu já vi na vida.

No momento estamos terminando de enfeitar a nossa primeira árvore de natal enquanto o ceviche de cogumelo que estou preparando para o nosso jantar não fica pronto. Na verdade, não estamos terminando de enfeitar a árvore a essa hora da noite de vinte e um de dezembro só por esse motivo.

- Amor, não sei por que quer terminar de arrumar tudo hoje e como ainda tem disposição para preparar um jantar. Eu só quero dormir. - Riu dengosa me abraçando pela cintura.

- Linda, sei que está cansada e é por isso que achei que deveria te mimar um pouco. Agora vamos terminar de enfeitar a árvore, só falta pendurar essas caixinhas de presente. - Disse a apertando em meus braços e depositando um beijo em sua testa. - Tira elas da caixa que eu já volto para te ajudar, vou ver se nosso jantar já está pronto.

Segui para a cozinha desligando o fogão e finalizando o nosso prato. Na sala de jantar a mesa já estava posta.

- Voltei! - Adentrei nossa sala.

- Já pendurei algumas. Vamos fazer o seguinte, eu finalizo a parte de baixo da árvore e a parte que eu não alcanço fica pra você.

- Combinado! - Roubei um selinho dela e fiz o que pediu. Até que por reflexo observei ela paralisada olhando para a caixinha que tinha em mãos, mas fingi que não notei e continuei o que estava fazendo.

- Amor... - Sussurrou e me virei para ela. Estava com os olhos brilhando.

- Oi! - Tentei não demonstrar nenhuma reação, mas estava difícil.

- Isso... Iss... O que é isso, Christopher? - Disse enquanto olhava para a caixinha e depois seu olhar encontrou o meu. Eu já não pude mais disfarçar e me aproximei dela segurando em sua cintura.

- Abre. - Incentivei.

- Christopher... - Me olhou boquiaberta e seus olhos já estavam marejados. Abri meu melhor sorriso.

- Dul... - Disse pegando a caixinha vermelha de veludo de sua mão e em seguida olhando no fundo de seus olhos. - Certa vez estudando sobre a Cabala quando estávamos separados, li sobre almas gêmeas, onde dizia que nem sempre o encontro com nossa alma gêmea é fácil, na realidade, dizia que uma das características desse encontro é o fato dele ser marcado por dificuldades no caminho. Os cabalistas acreditam que essa dificuldade acontece por algumas razões, uma delas é a valorização desse encontro, é realmente se empenhar e colocar  energia para superar qualquer adversidade que aparecer no caminho, isso irá proporcionar aprendizados de enorme valor para as pessoas envolvidas, e que, portanto, mais do que qualquer outro relacionamento, é preciso estar disposto e empenhado para esse  encontro. Eu posso dizer que desde o nosso primeiro beijo, naquele festival na Bélgica, eu te reconheci como meu amor de outras vidas, e de todas as vidas. Desde o primeiro instante a nossa conexão foi surreal, e eu queria manter isso, mesmo que por algum tempo negando à mim mesmo que já era amor. Em um momento de conturbação, o nosso encontro foi marcado por dificuldades, e no momento em que eu lia sobre o assunto, percebi que não valorizei esse encontro, não valorizei o privilégio de amar e ser amado por alguém que em algum momento surgiria na minha vida, porque o destino já tinha escrito assim. - Ela me olhava atenta enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. Podia jurar que estava ouvindo as batidas de nossos corações acelerados. - Mas eu fui teimoso, não queria insistir naquela história que tanto nos causou mágoa pelo fim que teve, porém, o Universo como sempre conspirou em nosso favor e me deu esse empurrãozinho, e nada foi por acaso. Durante esse caminho doloroso adquirimos aprendizado, maturidade, para estarmos aqui hoje, na casa que é nossa, aguardando ansiosos a chegada de nosso filho, e convictos do nosso amor, da nossa sinfonia. E eu, Christopher Alexander Luís, quero selar esse nosso encontro e celebrar esse nosso amor de todas as formas à cada dia mais, e com as bênçãos de todos aqueles que nos amam, e das forças maiores em que cremos. - Me ajoelhei. - Minha linda, minha melhor amiga, mulher que desde quando conheci passou a ser o primeiro pensamento do meu dia e revirou minha vida da melhor forma possível, amor da minha vida... Aceita se casar comigo? - Ela soluçava de tanto chorar. Os hormônios da gravidez contribuem com isso.

Ela apenas assentiu sem conseguir dizer uma só palavra e colou nossos lábios em um beijo cheio de amor.

- Sim! Sim! Sim! - E me presenteou com o sorriso que eu amo.

Coloquei o anel de noivado em seu dedo e voltei a selar nossos lábios em um beijo apaixonado.

- Agora eu entendo sua empolgação para esse jantar e para deixar a árvore toda decorada ainda hoje, usou bons pretextos. - Riu enxugando as lágrimas.

- Tenho que te confessar duas coisas, a primeira é que amanhã terminamos de pendurar as caixinhas - Rimos. - E a segunda, é que além do pedido e do jantar, tenho mais uma surpresa.

- Mais uma? - Sorriu lindamente.

- Vem! - À puxei pela mão até o sofá e peguei meu violão. - Estava tão nervoso que esqueci de acrescentar que você também é a minha fonte de inspiração. - Ri. - O nome dessa música que compus é Nuestro Amor. - Comecei a cantar e ela me olhava emocionada e com todo amor do mundo acariando meu rosto. Quando terminei, deixei o violão de lado e acariciei sua barriga. - Nuestro dulce amor... - Cantarolei sorrindo pra ela.

- Eu te amo! Muito! - Se jogou em meus braços.

- Eu te amo, mi Dul! Sempre e para sempre.

Em meio à muita emoção e muito amor, fomos finalmente jantar, eu tinha caprichado no prato e na decoração da mesa, realmente um jantar de comemoração.
Por fim nos amamos durante algumas horas, até dormirmos abraçados sentindo a respiração um do outro.

E assim, vinte e um de dezembro nunca mais foi um dia qualquer.

We'll gonna light up the world tonight

We'll gonna light up the world tonight

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Quando é pra acontecer... (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora