14. La Condesa

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Ela ficou alí por muito tempo comigo, e permanecemos de mãos dadas sentados na sala do hospital enquanto não tinha notícias, mesmo com as pessoas passando em volta. Mesmo nessa situação, ou principalmente nessa situação, amei saber que ela era alguém que podia contar também nas horas difíceis, e não só nas viagens e passeios. Aquilo tinha uma importância enorme pra mim, e talvez foi nesse exato momento que percebi uma das maiores descobertas da minha vida. Assim que o médico veio me dizer que meu pai ficaria bem, explicou que foi só um susto e que ele precisava de cuidados com o coração e nós dois comemoramos juntos com um beijo, eu descobri que estava apaixonado naquela mulher doce e cheia de vida, que tinha o poder de me dar a paz que eu não tinha.

- Você promete que vai jantar em casa? - Disse acariciando meu rosto.

- Não sei, Dul. - Disse sorrindo pra ela.

- Você não vai comer aqui. - Ela falou brava. - Vou fazer a janta pra nós dois. Meus pais estão na Itália visitando minha irmã Claudia, Chris, e a Blanca você sabe que mora sozinha.

- Eu sei, minha linda. - Disse beijando sua mão. - Eu vou, prometo.

Dulce foi embora quando eu fui liberado pra ver meu pai, quase no fim da tarde. Subi no elevador até seu quarto com a mente longe, e agradecendo ao universo por ter mandado ela pra me distrair. Meu coração estava bem mais calmo que o normal se a gente levasse em conta que meu pai tinha tido um infarto, mas eu tinha um sentimento dentro dele agora e sabia que nada seria fácil.

- Oi, pai. - Disse sorrindo quando abri a porta.

- Oi, filho. - Ele sorriu e beijei seu rosto.

- Como está se sentindo?

- Com um pouco de dor, mas bem, já tomei o remédio. - Ele disse baixo.

- Não precisa falar muito, pai, a sua esposa já está chegando. - Me sentei ao seu lado preocupado. Ele estava bem agora, mas faria o possível por ele, mesmo a nossa relação não sendo a melhor do mundo.

Minha madrasta não demorou a chegar com Allie, e foi um choro só. Eu teria que dormir alí com ele essa noite e então Allie passou na casa da minha mãe antes e trouxe a minha mochila. Me despedi do meu pai pra poder ir tomar um banho e Allie apareceu atrás de mim.

- Quer que eu vá com você? - Perguntou.

- Não precisa. Muito obrigado por ter ido ficar com ela. - Disse a abraçando. - Obrigado mesmo.

- Não tem que agradecer. - Ela disse.

- Vou pra La Condesa. - Avisei quando cheguei no meu carro.

- Fazer o quê? - Ela me olhou estranho.

- Dulce ficou o dia todo aqui comigo, e está fazendo comida pra mim na casa dela. - Me apoiei no carro e suspirei. - Preciso ir.

- Está sério mesmo, né? - Ela sorriu e se encostou do meu lado. - Achei que era só sexo.

- Era pra ser, mas no momento acho que estou apaixonado. - Ela arregalou os olhos e sorriu.

- E o que você vai fazer?

- Não sei. - Falei. - Acho que vou deixar rolar.

- Vai falar pra ela?

- Queria, mas não sei. - Disse e ri bobo.

- E ela também está?

- Não sei, mas acho que sim. - Ri.

- Fala pra ela. - Ela sugeriu.

- Faz muito tempo que eu não me sinto assim, é tão diferente pra mim.

- Ela é uma excelente pessoa pra você, Uckermann.

- Será que eu sou pra ela? - Perguntei rápido.

- Não fala besteira.

- Não é. Estou falando sério. Ela tem uma vida tão tranquila.

- Você tem que conversar com ela, decidir junto se vale a pena levar adiante.

- Vamos ver, né... - Disse me afastando. - Vou indo, senão eu não volto hoje. - Disse rindo e me despedi, entrando no carro.

Amava dirigir, e enquanto ia até o bairro dela, comecei a perceber que meu coração batia forte, nunca tinha sentido tal coisa por alguém antes, mesmo muitas vezes achando que amei. Estava ansioso pra ver ela e confirmar pra mim mesmo isso.

Dulce morava num condomínio de alto padrão em La Condesa, e quando cheguei lá, liguei pra ela e fui informado que a entrada estava autorizada pela placa do carro. E realmente estava. Não tinha problema algum pra entrar, e logo em seguida já estava dentro procurando pela casa que ela descreveu. Até que encontrei, e antes de pegar o celular para avisar que já estava na porta, ela se abriu. Dulce estava lá com um sorriso no rosto e eu fui até ela, lhe dando um beijo.

- Seu pai, como está?

- Melhor, a esposa dele está com ele. - Abracei ela e senti aquela tal coisa no coração. - Como é bom estar com você.

Quando é pra acontecer... (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora