CLOSER

- Capítulo 55 -

Apesar de precisar dessa conversa mais do que qualquer coisa, a morena não escondia o nervosismo. De frente para o amor da sua vida, ela mexia o tempo todo com as mãos e na aliança em seu dedo. Tantas possibilidades passavam por sua cabeça que não havia raciocínio lógico para unir tudo tão desencontrado em um único sentido. A hora da verdade era sempre tão difícil. Por qual motivo ela escolheu esse caminho? Agora estava em jogo tudo de mais importante que ela construiu durante os últimos meses. Meses que pareceram anos de tantas novidades, descobertas, de tantos aprendizados. Valeu a pena arriscar? Ela lembrou do olhar triste, mas respeitoso da torcida. Do pessoal da CBV a tratando como se fosse um cristal prestes a quebrar. Do semblante de derrota e decepção do Zé. Do choro das colegas de seleção. Dos jornalistas nitidamente sendo cuidadosos com ela. O tratamento era diferenciado, Sheilla sabia que sim.

Não foi por desespero ou medo, mas por arrependimento que ela começou a chorar novamente. Dessa vez de forma cálida, quase silenciosa. Há quem diga se tratar de um choro dolorido, quase elegante de tão lento e contido, desses capazes de captar a essência conturbada de quem somente agora abraça toda a culpa pra si.

S: Eu não... - e balançou a cabeça negativamente, buscando palavras, sentidos, desculpas. Não havia nada. -- Me perdoa?

Mari percebia a tensão do momento. Ela odiava ver a sua morena daquele jeito. Ao mesmo tempo que queria consolar Sheilla, também carregava o coração cheio de dores. Como ter essa conversa sem brigar? Relações são tão difíceis. Mari sempre soube e por isso tentou evitar, mas ela estava ali agora.

O choro de Sheilla chegava fundo em Mari. A loira mordia os lábios com ansiedade e se ajeitava na cama tentando ganhar tempo para entender o melhor caminho. Havia algum? Na maior parte das vezes o mais correto é só deixar o coração guiar.

M: Eu te amo, She... - afirmou com a voz embargada. --...amo tanto que tô aqui agora numa situação que eu jamais estaria se não sobrasse tanto amor em mim. - a morena assentiu tristemente. Pela primeira vez desde que se apaixonou por Mari uma declaração como essa a deixou mais triste do que feliz. -- Eu quero muito te perdoar, te digo com todo meu coração que nada me faria mais feliz do que estar nessa posição de ser capaz de desculpar tudo e seguir, mas eu não tô. - a oposta abaixou a cabeça e a loira levantou seu rosto com carinho. Ambas se olharam por breves segundos. -- Eu não sei como te perdoar, ao menos não ainda. Não entendo como depois de quase 10 meses juntas e de tudo o que enfrentamos para nossa relação chegar ao nível de compromisso que chegou você ainda tenha tomado as decisões que tomou nos últimos dias, eu não entendo. Sei seus motivos, mas não entra na minha cabeça como tudo isso fez sentido pra você de alguma forma. - e suspirou parecendo sentir o coração pesar. -- Foi além do que eu sou capaz de compreender. E no fim, o que mais dói é saber que você escolheu me magoar assim. - os olhos de Mari encheram de lágrimas. Os sentimentos dela pareciam fazê-la se consumir por dentro.

Sheilla estava aturdida com a dor da culpa. O silêncio pairou enquanto a morena procurava meios de continuar essa conversa. A loira parecia entender o momento da namorada. Ela esperou pacientemente que ela se acalmasse e digerisse as suas palavras.

Sheilla respirou profundamente, ela ptecisava de ar. -- Eu não sei o que fazer pra consertar isso tudo. - confessou. -- Vendo você tão magoada comigo eu tenho até receio de que não tenha conserto. - encolheu os ombros. -- Tô tão envergonhada e tão destruída por ter agido da forma como eu agi e acabado colocando nossa relação nesse lugar difícil...- e o choro apertou um pouco. --...nesse ponto que parece sem volta. - fungou tentando se controlar. -- Eu não sei como fazer pras coisas voltarem a ter sentido de novo pra nós duas, mas Deus! Eu também te amo, Má...muito. Minha única certeza é que eu não quero te perder.