- Capítulo 57 -

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Sheilla chegou na sala e sentou.

-- Filha? A Mari tá bem? - Dona Tereza perguntou preocupada.

-- Ela parece distante, maninha, meio abatida. - ele também preocupado. -- Eu não sei...posso estar errado, mas me pareceu que tem uma nuvenzinha carregada pairando sobre vocês duas.

Sheilla não sabia ao certo o que falar. Não queria contar exatamente o que houve, mas teria outra opção?

-- Ela não tá muito bem mesmo. - confessou. -- Aconteceram algumas coisas durante esse tempo com a seleção, ela meio que brigou com o Zé, a gente perdeu o Pan e não foi nada bom. - suspirou. -- Achei que conseguiria me abrir com vocês, mas a verdade é que não tô pronta pra falar disso ainda.

-- Você teve algo a ver com essa briga? - o irmão quis saber e Sheilla se limitou a assentir, ela jamais havia se sentido tão culpada.

Os dois se olharam em silêncio diante da expressão atormentada da oposta e entenderam que havia muito por trás dessa história, mas em um acordo eles preferiram mudar de assunto e respeitar a vontade da morena de não aprofundar a história. Eles sabiam que amanhã seria outro dia e teriam oportunidade de conversar melhor.

Por outro lado, a morena tentava acompanhar todas as atualizações que os dois estavam lhe passando, mas o cansaço e o pensamento preso em Mari, tornavam a participação dela no falatório um tanto difícil. Ela não parava de pensar que até mesmo os dois tinham notado a distância de Mari e ficou verdadeiramente preocupada com aquilo. Não era nada da sua cabeça ou imaginação. Por mais que a loira estivesse tentando, ainda estava muito magoada com todos os acontecimentos.

Quando chegou no quarto, ela notou que Mari ainda estava acordada, deitada, com olhar distante. Sheilla deitou ao seu lado, encostando a cabeça em seu peito em um meio abraço que compartilharam inúmeras vezes nos últimos meses.

-- Amor, tá tudo bem? - questionou após passarem longos minutos em silêncio. A loira sequer se mexeu desde sua chegada.

Mari pensou e debateu internamente sobre o que responder. Na sua cabeça, já não adiantava mais tocar no assunto. Falar nisso apenas a faria reviver e remoer os sentimentos ruins. Tudo o que elas poderiam ter discutido, já tinha sido falado. Mari acreditava que só o tempo faria com que as coisas voltassem ao normal. Nem sempre é possível perdoar tão rapidamente e seguir como se nada tivesse acontecido. Essa era uma dessas situações.

-- Na medida do possível, tá sim. - e passou a mão pelos cabelos de Sheilla. A morena fechou os olhos sentindo o toque. Como ela sentia saudades daquilo, do carinho da loira. Mari ficou fazendo cafuné nela e as duas permaneceram pensativas.

A história delas mergulhava em águas profundas. Era como se a tempestade do destino as tivesse lançado em um turbilhão que deixou cicatrizes em ambos os corações.

Sheilla inegavelmente havia feito uma grande besteira. Fez uma escolha que feriu quem ela mais amava, abalando os pilares que sempre sustentaram o relacionamento delas. No entanto, o amor ainda ardia, brilhante. Sheilla só precisava entender que o perdão, embora nobre, não era uma chave mágica que curava instantaneamente as feridas.

Como o sol se levantando após uma noite de escuridão, o caminho para a reconciliação plena seria lento. Sheilla ansiava por sentir a conexão que existia entre elas, porém as sombras do que fez lançavam uma nuvem sobre as duas. Seu irmão tinha razão.

A ferida ainda latejava, e as inseguranças de Mari lhe sussurravam que era preciso manter a guarda levantada para evitar mais mágoa. Assim, ela se via incapaz de agir naturalmente, de se entregar completamente. Quem poderia recriminá-la?

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