Capítulo 05

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Elfee

A garota mal respirava, não devia haver nem mesmo um centímetro de seu corpo que não estivesse doendo, sofrendo por um ataque que não fora direcionado a ela. As costelas estavam quase todas trincadas ou quebradas, o ombro direito estava deslocado e ambas as pernas tinham cortes tão profundos que se podia ver claramente o contorno de seus ossos, mas nenhum desses ferimentos era o pior, nem mesmo os milhares de arranhões e rasgos que iam desde sua orelha esquerda até a ponta de seus dedos do pé. O pior estava em seu abdômen, ferido tão gravemente que fora sorte ela não ter perdido algum de seus órgãos.

— Por Zara. — Melanie havia expirado ao ver a garota, ainda que de relance. — Ela ainda está viva?

— Por muito pouco. — Dennis disse sobre o ombro enquanto tratava de direcionar sua magia de cura para a infeliz, um casal de élficos curandeiros havia se juntado a ele, segurando ambos as pernas da garota enquanto Ingrid, irmã de Bianca e Maria, tratava de forçar a garota a ingerir o máximo possível de poção anestésica.

— Ela tem alguma chance? — Araceli perguntou, aproximando-se da garota e tocando seu braço levemente, a pele estava cinza como o céu de tempestade e tão fria quanto.

— Todas, se Thomás estivesse aqui. Sem ele... Faremos o possível. — Dennis disse à sua rainha, mas seus olhos estavam concentrados no corpo sobre o leito ensanguentado. De suas mãos brilhava uma sutil luz azulada, a qual entrava na pele da garota e parecia trabalhar de dentro para fora.

— Vamos deixar que trabalhem. — Araceli respondeu, afastando-se da desconhecida com Melanie em seu encalço, Priya estava perto da porta, olhando sombriamente para onde os curandeiros tentavam salvar uma vida.

— Sabe o nome dela?

Perguntou a rainha à loba após fecharem a porta. A Enfermaria estava silenciosa àquela hora do dia, maculada apenas pelos angustiantes comandos de Dennis às outras fadas, rapidamente não importaria se tinham fechado ou não a porta, curandeiros entrariam e sairiam carregando panos esterilizados ou sujos de sangue, poções ou a outros companheiros, cansados pelo esforço de direcionar sua magia de cura para a garota.

— Não. Ela não é da matilha. — Priya respondeu, olhando fixamente para a sala onde a garota estava, os olhos estavam sombrios e insondáveis. — Não é uma loba.

Se Araceli estava surpresa, não demonstrou. Na verdade, ela já devia desconfiar no instante em que seus olhos pousaram sobre a garota.

— Ela também não é élfica. — Melanie disse, olhando para Araceli. — Não é fada, fauna ou ninfa, nem mesmo qualquer uma das outras criaturas que vivem aqui ou os cidadãos que moram fora.

— Está certa, Mel, ainda que parcialmente. — Araceli respondeu, contemplativa. — Ela não é uma élfica, mas temos outros como ela que fazem parte de nosso povo. E suponho que você tenha o mesmo palpite que eu, Priya.

Priya olhou para Araceli, mordiscando o lábio e destacando a cicatriz em seu rosto.

— Não posso confirmar minhas suspeitas até que algum deles volte, Araceli. O sangue dela... Não está certo.

— Eu adoro um mistério tanto quanto qualquer um, mas poderiam me dizer o que essa garota é que eu não identifiquei? — Melanie perguntou, inclinado a cabeça de lado.

— Suponho que sejam os ferimentos, mas a essência que emana dela, o poder do sangue dela, é de Celisye. — Araceli disse, esticando as asas tensas atrás de si, o único indício do que se passava em sua mente.

— Uma celi? — Melanie estava incrédula, mordendo o lábio com a tensão. — Mas... Onde ela foi encontrada?

— Nos escombros da Toca do Lobo. — Priya respondeu amargamente, virando-se e começando a andar na direção oposta. — Preciso ver como está Damon.

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