Museus Arqueológicos de Istambul - Turquia
Maria sabia falar turco. Mais do que isso, ela falava com tanta agilidade e dicção que soava como uma legítima nativa. Enquanto Mérope assistia a conversa entre a celi e o segurança, tentando entender qualquer coisa, Rose e Daniel trocavam olhares surpresos e embasbacados. Instantes mais tarde, quando o segurança se afastou alguns passos para falar com um ponto em seu ouvido, Maria se virou para eles.
— O quê? - Perguntou ao ver as expressões deles.
Rose olhou para o segurança e depois para ela.
— Você fala turco? — Daniel perguntou, encarando-a como se tentasse lembrar de algum fato esquecido.
Maria encolheu os ombros, mas não pode deixar de dar um sorriso orgulhoso. Estava mais do que feliz por ter conseguido se comunicar tão facilmente com o segurança.
— Tuza também é o deus dos viajantes, lembra? Andei tentando ler alguns livros em língua estrangeira, mas é a primeira vez que me comunico em outra língua.
Rose sorriu, apontando discretamente para o segurança que voltava a se aproximar, retirando um cartão do bolso. Os olhos, escuros e enormes, se mantiveram fixados em Maria.
— Você, com certeza, deu uma ótima primeira impressão.
A celi olhou em direção ao segurança e mordeu a parte interna da bochecha, desviando rapidamente o olhar.
— Acho que posso ter confundido uma palavra ou duas.
Daniel encarava o segurança com um olhar mordaz e atento, como se analisasse um inimigo no campo de batalha.
— Tem algo estranho nesse cara. — Ele disse baixinho, como se o homem pudesse compreender português do Brasil.
Maria já havia se afastado para responder a pergunta dele, o qual fez um gesto para o grupo a alguns passos atrás e depois para as portas duplas atrás de si. Rose, que havia conseguido ouvir o que Daniel havia dito, franziu o cenho ao observar melhor o homem.
— Por que acha isso?
Daniel não teve a chance de responder, visto que Maria voltou a se aproximar com o segurança.
— Podemos entrar para falar com o doutor Emre, ele é um dos responsáveis pelo setor de arqueologia do museu. Eu disse que somos pesquisadores de artefatos antigos e estamos tentando localizar uma relíquia que rastreamos até o museu, mas sem credenciais apenas consegui que nos recebessem por alguns minutos e apenas dois vão poder entrar.Os quatro, inclusive Mérope que havia se mantido mais afastada, se entreolharam enquanto compartilhavam o mesmo receio. Nunca é um bom sinal quando um grupo em missão precisa se separar.
— Vão vocês. — Disse Rose a Daniel e Maria. — Mérope e eu iremos dar uma volta por aqui.
Ela não expressou seu descontentamento, mas Daniel percebeu o quanto se separar dele e ficar sozinha com Mérope a incomodava. Ele queria negar, custava-lhe se afastar dela mesmo que por alguns poucos minutos. E, para aumentar ainda mais seu receio, ele ainda não conseguia deixar de desconfiar do segurança.
O homem era estranho, se movia de forma endurecida e anormal, como se cada passo fosse um esforço, mas ainda havia indícios de força em seus movimentos. Porém o que mais o incomodava era a aura de morte que flutuava ao redor do segurança, translúcida como névoa e levemente arroxeada. Inicialmente ele não a havia percebido, distraído com o poder de Maria enquanto mantinha um dos olhos sobre Mérope, mas agora era tão nítida e sombria quanto suas próprias sombras, rastejando pelos cantos de seus olhos e apenas esperando para ser utilizada.
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Alma Negra
Fantasy"O tempo não é capaz de curar todos os ferimentos." Uma pesarosa nuvem negra paira sobre Elfee desde a coroação de sua rainha. Morte e traição, bem como surpresa em aliados inesperados, forjaram uma cicatriz que marcará para sempre a cidade das fada...