Me espera

Capítulo 4

Depois de fazerem amor mais uma vez, Vitor e Maria Pia adormeceram abraçados, felizes e tranquilos como nunca haviam se sentido antes.

Vitor POV:
Ansioso, acordei, mas tive medo de abrir os olhos, alguns flashes invadiram minha mente, eu e Maria Pia no cafofo, eu a pedindo em casamento, ela emocionada e logo depois uma noite de amor como nunca tivemos antes, será que isso havia acontecido ou era mais um sonho e quando eu abrisse os olhos me veria novamente naquela cela horrível e bem distante de Maria Pia?...Mas esse sonho parecia tão real, eu a sentia, sentia até o seu cheiro, seu cabelo tão macio em meu rosto, se era um sonho eu iria aproveitar antes que meus olhos se abrissem para um pesadelo, eu a sentia como se fosse real, estávamos na cama, eu estava a abraçando por trás, então a segurei com mais firmeza em meus braços, e ela, que aparentemente estava dormindo se aconchegou em meu corpo que cobria o seu, pequeno, tão sexy e ao mesmo tempo tão delicado. Eu a sentia, como nunca havia sentido em nenhum dos sonhos que tinha quase todas as noites, então reunindo toda a coragem que havia em mim, abri meus olhos, ainda com medo, ainda assustado, olhei em volta devagar, pela iluminação do ambiente não fazia muito tempo que havia amanhecido, haviam alguns rastros de que os flashes que vi não haviam sido apenas um sonho, haviam pétalas vermelhas pelo chão e algumas ainda em cima da cama, onde eu estava sob lençóis brancos, abraçado à Maria Pia que dormia tranquilamente vestindo uma de minhas camisas, como ela estava linda! Sua expressão era tão serena e havia um quase imperceptível sorriso em seus lábios, fiquei um tempo a observando, até que meus olhos pararam no anel, de repente os flashes se tornaram mais vivos em minha memória, me levantei um pouco, sem me afastar muito de Maria Pia e olhei para a sala, a mesa ainda posta, as flores e o vinho na bancada, não havia sido um sonho, foi tudo real! Olhei novamente para Maria Pia e a abracei, como se quisesse aproveitar ao máximo aquele momento antes que ela acordasse e fugisse de mim, eu sonhei tanto em ser amado por ela, em acordar ao seu lado sem me preocupar com mais nada, que eu só teria a certeza de que tudo estava perfeito se ela acordasse feliz por estar ali ao meu lado, em meus braços, disposta a ser amada como merecia, dei um beijo em sua cabeça e tentei me levantar, mas ela puxou minha mão, a colocando sob o seu rosto, se aconchegando mais ainda naquele abraço, sorri imediatamente, emocionado.

Meu Deus! Como eu estava feliz! É claro que eu queria ficar ali com ela, preso em seus braços, mas eu queria fazer algo especial pra quando ela acordasse.

Com muita dificuldade, saí da cama, feliz, bobo, tentando conter minha euforia pra não acordar Maria Pia, olhei em volta e fui caminhando pelo conjugado devagar, cada passo tornava mais vivas as memórias da noite anterior, após ir ao banheiro, comecei a preparar um café da manhã para nós, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Foi um momento de reflexão, eu não iria me acostumar tão cedo a viver assim, sem nenhum medo, sem nada a esconder, sem precisar voltar para aquele lugar horroroso, tendo Maria Pia ao meu lado, me amando e assumindo isso pra quem quisesse ouvir. Quando fui até a mesinha de centro recolher as coisas do jantar, algumas coisas chamaram minha atenção e que eu só não notei na noite anterior devido a emoção, coisas que eu sabia que não haviam sido Agnaldo, Júlio e Sandra Helena que tinham colocado aqui, havia sido ela, Maria Pia havia dado seu toque "feminino" a esse lugar, ela havia colocado algumas almofadas sobre o sofá e na estante que dividia o quarto da cozinha, que estava mais organizada do que nunca, havia uma foto minha e outra dela, ao lado das duas, também emoldurado, o cartão postal que ela me enviou de Genebra, nós não tínhamos uma foto juntos e aquele gesto mostrava como ela sentia falta disso, encontrei também um álbum de fotos, ao abrí-lo notei que eram as fotos que ela havia revelado pra me mostrar quando ia me visitar, eram fotos do Resort, de cada detalhe daquele lugar, do Canguru que Bebeth deu a ela, dos almoços na casa de Madalena, com seus "irmãos", com o cachorro, o "Pimenta"(Ri ao lembrar do nome que seu pai escolheu), enfim, de cada detalhe da sua vida que eu perdi nesses anos, a cada foto que passava eu lembrava dela me falando sobre cada uma, no guarda roupas e no banheiro também haviam vários pertences seus e apesar de sempre ser uma pessoa ambiciosa, mais uma vez tive a certeza de que eu viveria aqui nesse cafofo com ela pra sempre, se ela quisesse, pois tudo o que eu precisava era dela, as outras coisas só fariam sentido se ela estivesse ao meu lado.