Capítulo 10

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Maria Pia: Mas eu não quero uma festa extravagante, sabe?...Hoje eu aprendi que não importa o lugar, mas as pessoas que estão com você, eu já fui em tantas festas lindíssimas, chiquérrimas, mas cheias de pessoas vazias, você sabe bem, as do hotel eram assim. - Vitor assentiu.
Vitor: Sei muito bem como é...Mas o nosso casamento vai ser, “a nossa cara”, exatamente do jeito que você quiser!
Maria Pia: Sinceramente eu ainda não pensei em muita coisa, as meninas me deram algumas ideias, baseadas nos meus gostos, mas eu realmente não estava preparada pra isso não. - Rimos.
Vitor: Olha...Eu confesso que eu estou ansioso, mas, você tem o tempo que precisar pra planejar tudo. - Sorrimos, e levei minha mão direita até seu rosto, o acariciando, minha mão esquerda estava sobre minha perna e Vitor estava com a sua mão direita sobre ela enquanto a outra me abraçava.
Maria Pia: Mas...Mesmo que você esteja envolvido com o Resort, quero que você faça parte desse planejamento.
Vitor: Claro que eu vou fazer parte! O nosso casamento é mais importante que qualquer coisa! - Demos um selinho.
Maria Pia: Quando você quer ir pra Búzios?
Vitor: Amanhã de manhã…- Olhou para o seu relógio que já marcava quase 2 horas da madrugada -...Ou à tarde, após o almoço.
Maria Pia: Ok então, vamos arrumar as nossas coisas. - Me levantei do sofá, sinceramente eu estava um pouco dividida, estava ansiosa pra ir pra Búzios, mas estava adiando ao máximo a pergunta: "Vitor, o que você vai fazer com esse cafofo?", com um certo receio de que ele vendesse e nunca mais pudéssemos vir aqui novamente, porque ele tinha outras lembranças daqui, até mesmo com aquela tal de Monica, mas eu só conseguia lembrar desse lugar como o NOSSO cantinho e não estava preparada pra me despedir.
...
Enquanto eu arrumava as roupas nas malas, sobre a cama, Vitor me alcançava as que ainda estavam dentro do guarda-roupa.
Vitor: Você já separou a roupa que vai usar amanhã?
Maria Pia: Ah, é verdade...- Peguei um vestido curto e soltinho que eu tinha comprado recentemente e deixei de lado, aquela era uma das peças que faziam parte da "nova eu", mais confortável e mais livre, eu não havia mudado o meu guarda-roupa, apenas comprei umas peças mais leves, até porque meu velho estilo não combinava com o lugar que iríamos viver a partir de amanhã -...Pega também um pijama aí pra mim, por favor. - Apontei para o guarda-roupa sem tirar os olhos da mala...Mas Vitor demorou pra me atender, olhei pra ele que estava parado em frente ao guarda-roupa quase vazio, confuso.
Vitor: Não tem nenhum pijama aqui.
Maria Pia: Ah, meu pijama é qualquer camiseta sua...- Voltei minha atenção pra mala, mas a típica risada de Vitor chamou a minha atenção -...O que foi? - Perguntei envergonhada diante da sua reação.
Vitor: Que isso, garota? Fica roubando as minhas roupas, é? - Pegou uma camiseta branca e jogou pra mim.
Maria Pia: Ah, eu gosto, são confortáveis e eu me acostumei…- Cheirei a camiseta -...A dormir com o seu cheirinho. - Sorrimos e Vitor se aproximou, devagar, ele usava um perfume tão bom que mesmo após lavar suas roupas, ele continuava lá. Vitor me abraçou por trás e cheirou meu cabelo, eu amava quando ele fazia isso, me sentia tão amada, tão desejada.
Vitor: Eu entendo, também amo dormir com o seu cheirinho. - Rimos.
Maria Pia: Para, Vitor!...- Resmunguei manhosa, ele sabia como me deixar rendida -...A gente tem que arrumar as nossas coisas. - Vitor riu, então me virei de frente pra ele e o empurrei levemente em direção ao guarda roupa.
...
Maria Pia: Muito obrigada, por tudo!...- Já estávamos na cama, Vitor com seu típico pijama preto e eu com o meu pijama preferido hahaha, eu estava deitada sobre o seu peito, quase dormindo devido ao cafuné que ele fazia no meu cabelo -...Foi maravilhoso ter você ao meu lado o tempo todo hoje. - Levantei a cabeça o suficiente para olhar em seus olhos.
Vitor: Eu não sei nem o que te dizer...Eu que te agradeço, por ter me esperado todo esse tempo, por ter sido sempre tão companheira, tão compreensiva.
Maria Pia: É o mínimo que eu deveria fazer pelo amor da minha vida...- Sorrimos e demos um selinho -...E hoje foi um dia bem agitado, o começo dele foi, você sabe, complicado, mas você tava lá comigo e tornou tudo mais fácil.
Vitor: Meu amor, a partir de agora, você nunca mais vai se sentir sozinha, os momentos em que você tinha que cuidar de todos, ser forte por todos, ser madura por todos, passaram, já era...Agora você poderá sempre dividir isso comigo e...Permitir que eu cuide de você como você merece, isso que é um casamento. - Piscou e senti meus olhos ficarem marejados, vários momentos desse dia haviam me deixado assim, emocionada, ainda sem acreditar que eu estava vivendo toda essa felicidade, pisquei os olhos e uma lágrima caiu livremente, que logo foi seca pelo polegar de Vitor, em seguida nos beijamos novamente, mas ficamos apenas nisso, nos beijos e carícias.
Maria Pia: O que você vai fazer com esse lugar? - Suspirei, mirando um ponto qualquer, de volta à posição inicial.
Vitor: Aqui com o cafofo?...Ah, eu pensei em alugar, não tenho coragem de me desfazer totalmente. - Sorri, mas brevemente, logo meu sorriso se desfez.
Maria Pia: Você tem muitas lembranças aqui, né?
Vitor: Sim e você também, né? - Perguntou confuso, me levantei ficando sentada ao seu lado.
Maria Pia: Sim, mas, as suas lembranças...Não são apenas comigo. - Eu não estava preocupada ou com ciúme, ou talvez...Sim, talvez me incomodasse um pouco lembrar que o cafofo não era especial somente por minha causa. Vitor levantou um pouco, ficando encostado na cabeceira da cama.
Vitor: Ah, você tá falando da Mônica?...- Riu -...A essa altura você tá com ciúmes dela?
Maria Pia: A Mônica e...Sabe se lá quantas você trouxe aqui. - Vitor riu mais ainda.
Vitor: É tão difícil assim aceitar que você é a mulher da minha vida e a mulher mais especial que esteve aqui e que tornou tão feliz e tão iluminado esse lugar tão solitário e tão escuro mesmo nos dias em que você entrava aqui estressada ou já me batendo?...- Dessa vez fui eu que ri, envergonhada, o sorriso de Vitor se desfez, antes dele prosseguir -...Meu amor…- Segurou minhas mãos -...Sim, a Mônica também esteve aqui, foi a única outra mulher que esteve aqui, mas...Foi isso, esteve, há muito tempo, eu tive momentos bons aqui com ela sim, não vou negar, mas…- Suspirou -...Desde o dia que você entrou por aquela porta, tudo foi diferente, você é única, Maria Pia, a sua personalidade, tão forte, tão decidida, tão independente, mas ao mesmo tempo tão carente, tão desprotegida, eu amava ser o seu conforto, mesmo nos dias que você vinha pra cá só pra falar do Eric e não parava de falar dele nem enquanto estava comendo, falava de boca cheia…- Rimos -...Só parava quando ia dormir, a sua presença iluminou esse lugar, não esqueci o que eu vivi com a Mônica antes de você e nem do que aconteceu enquanto você estava em Genebra(Um dia, durante as visitas à prisão, o nome dela surgiu na conversa, então questionei ao Vitor sobre a relação deles e ele acabou me contando tudo, prometemos ser sinceros um com o outro e por mais que doesse às vezes, seria assim), mas NADA se compara ao que eu vivi com você, ao que eu sentia com você, o que a Mônica fez me deixou traumatizado a ponto de ter a certeza de que nunca iria me apaixonar novamente, até porque nenhuma outra mulher chamou a minha atenção, até você aparecer, você trouxe sentido a minha vida, eu amava cuidar de você e ficava tão feliz quando eu conseguia te fazer feliz, fosse com comida, com um abraço, com fofocas…- Rimos -...Ou aqui mesmo nessa cama, quando eu via você sorrindo, de olhos fechados, tão feliz, quando fazíamos amor…- Sorri, emocionada -...E é isso que tá me deixando mais feliz agora, que fez o dia de hoje ser o mais feliz da minha vida, ver você assim…- Apontou para o meu rosto -...Feliz, leve, livre, se divertindo, independente do lugar em que estamos, esse é o meu maior objetivo, fazer você feliz, como você merece, o passado é passado! A nossa vida juntos é TUDO que eu tenho agora e tudo que importa! - Duas lágrimas caíram quase ao mesmo tempo pelo meu rosto, a essa altura eu tinha a absoluta certeza de que não estávamos mais vivendo um sonho, que essa era a nossa realidade, a nossa nova realidade. Me aproximei de Vitor e nos beijamos, lentamente e assim ficamos, nos beijos e carícias até adormecer, abraçados.

Abri os olhos devagar, mais uma vez tive a sensação de estar sonhando e uma felicidade tão forte invadiu meu peito ao pensar que a partir de agora seria assim, acordar todos os dias nos braços de Vitor, eu estava deitada sobre o seu peito, na noite anterior, mesmo após "namorarmos" um pouco, acabamos dormindo nessa mesma posição.
Ele ainda estava dormindo, então levantei um pouco, devagar e dei um beijo em seu rosto, percebi que ele sorriu, quando me afastei, ele estava abrindo os olhos, devagar.
Maria Pia: Bom dia! - Disse baixinho.
Vitor: Bom dia, meu amor! Dormiu bem?
Maria Pia: Muito bem, com meu pijama preferido, no meu travesseiro preferido!...- Passei a mão pelo seu peito, o fazendo rir -...E você, dormiu bem?
Vitor: Sim!...- Sorriu brevemente -...Eu dormi, acordei, aí fiquei com medo de levantar e você acabar acordando e ficar brava comigo, então eu acabei dormindo de novo.
Maria Pia: É sério? - Vitor assentiu e rimos.
Vitor: Sério, eu não saí daqui, nem pude ir fazer um cafézinho pra minha noiva. - Abaixei minha cabeça, apoiando sobre seu peito e comecei a rir.
Maria Pia: Que droga! - Disse ainda rindo, mas com a voz abafada devido a posição em que estava.
Vitor: O que foi? - Perguntou confuso.
Maria Pia: Você! Tá me fazendo ficar brega, eu tô adorando ouvir você falar assim "Minha noiva!".
Vitor: Ah é?...- Assenti -...E eu estou amando dizer isso, então eu vou repetir várias vezes: Minha noiva, minha noiva, minha noiv…- O calei com um beijo, que logo se intensificou, Vitor levou sua mão até a minha nuca enquanto a outra desceu até a minha cintura, sem nos separarmos, fiquei sobre ele e só paramos o beijo quando nos faltou fôlego para prosseguir.
Maria Pia: Você...Tá com pressa pra ir pra Búzios? - Perguntei ofegante.
Vitor: Nem um pouco. - Respondeu da mesma forma, sorrimos e voltamos a nos beijar e realmente sem nenhuma pressa, como se o mundo tivesse parado para nós dois, fizemos amor.

Maria Pia: Essa é uma forma maravilhosa de começar o dia, ein. - Rimos, logo após fazermos amor, estávamos deitados, Vitor me abraçando por trás, com somente um lençol nos cobrindo da cintura para baixo.
Vitor: Você realizou mais um sonho meu.
Maria Pia: Ah é? Qual? - Me virei, ficando deitada de costas sobre a cama, mas o braço de Vitor continuou sobre meu corpo, ele apenas levantou-se um pouco, ficando apoiado sobre o seu cotovelo.
Vitor: Fazer amor de manhã aqui no cafofo, sem pressa…- Não respondi nada, apenas acariciei sua mão que estava sobre minha barriga e com a mão que estava livre, acariciei seu rosto -...Você sempre fugia, às vezes nem tomava café direito, era o fim de um sonho que eu havia vivido a noite inteira. - O olhar de Vitor estava distante, como se ele estivesse visualizando em sua mente todos os momentos que escapei de suas mãos.
Maria Pia: Eu sei, dói muito mesmo, mas isso também ficou no passado…- Vitor voltou a olhar pra mim -...A partir de agora, nós sempre vamos acordar assim, juntinhos. - Sorrimos, logo voltamos a nos beijar, um beijo intenso, apaixonado, mas não passou disso.

Quando saí do banho, mais uma vez a bancada já estava perfeitamente posta para o café, olhei pra Vitor que tinha um sorrisinho em seus lábios enquanto organizava tudo, ele realmente gostava de fazer isso, enquanto eu me arrumava, o observei e fiquei pensando no quanto aquele momento era especial pra ele, Vitor não era perfeito na nossa relação, algumas vezes ele me deixou sozinha sim e isso me magoou muito, mas hoje eu entendo perfeitamente o quanto doeu pra ele todas as vezes que eu fugi, ele só queria uma vida assim comigo, amor, carinho, união, ficarmos juntinhos sem ter hora marcada pra nos afastarmos e passarmos um dia inteiro nos escondendo e reprimindo nossos sentimentos, ele estava me oferecendo um mundo, todo o seu amor, uma vida de tranquilidade em um resort num lugar paradisíaco, mas de mim ele só queria que eu o amasse e estivesse ao seu lado, o mínimo, como eu não iria amá-lo? Sempre foi assim, ele sempre fez de tudo por mim, me cuidou, me serviu e em troca, ele só queria o meu amor...Sim, ele queria ter poder também, mas sempre deixou claro, não apenas em palavras, mas em atitudes, que nem todo o dinheiro e poder do mundo valeriam a pena pra ele se eu não estivesse ao seu lado.
Vitor: Amor, nosso café tá pronto, e você?...- Riu, me aproximei dele devagar, sem tirar meus olhos do seu rosto -...O que foi? - Perguntou confuso, ele estava encostado na bancada, com um pano de prato sobre o seu ombro, uma cena que havia se tornado típica dele ali, levei minhas mãos até o seu rosto e o acariciei, Vitor fechou os olhos por um momento, sentindo o toque, o que me fez esboçar um sorriso, logo dei um selinho em seus lábios e me afastei devagar, nesse momento Vitor já estava com uma mão em minha cintura e a outra em meu cabelo.
Maria Pia: Eu fiquei tanto tempo calada, fugindo dos meus sentimentos e de alguma forma machucando você com isso também…- Minhas mãos desceram pousando sobre seu peito -...Então...Agora eu não quero perder nenhuma oportunidade de dizer que te amo e te agradecer por tudo o que você faz por mim e por ser exatamente como você é. - Vitor sorriu, ao mesmo tempo que abaixou a cabeça e logo a balançou em sinal de negação, mas logo a levantou, olhando diretamente em meus olhos e em silêncio por alguns segundos.
Vitor: Eu queria que você se enxergasse através dos meus olhos...Assim você entenderia que tudo o que eu faço por você é o mínimo.
Maria Pia: E se você se enxergasse através dos meus, você entenderia o quanto você é lindo, especial, único e o quanto eu sou sortuda por ser amada por alguém como você. - Vitor deu uma risada fraca, era fofo como ele ficava envergonhado diante dos meus elogios.
Vitor: É, sorte…- Pareceu pensativo -...Eu acho que eu também sou sortudo...Novamente.
Maria Pia: Do que você tá falando? - Dessa vez era eu que estava confusa.
Vitor: Logo você vai saber...- Me deu um selinho -...Vamos tomar café? - Disse indo sentar em um dos bancos próximos à bancada, apenas me virei, ficando de frente pra ele.
Maria Pia: Eu vou sentir tanta saudade até disso...- Disse me aproximando lentamente do banco, como se o fato de agir mais "devagar" prolongasse nosso tempo ali, em resposta Vitor apenas me olhou com dúvida -...Desse cheirinho de café aqui no cafofo. - Vitor sorriu, mas logo ficou sério, largou o bule que antes estava nos servindo e segurou uma de minhas mãos.
Vitor: Meu amor, você tem certeza que quer ir pra Búzios? - Perguntou sério, olhando diretamente em meus olhos.
Maria Pia: Claro, Vitor! Eu quero muito!...- Dei uma risada fraca -...Só estou falando essas coisas porque…- Fiquei séria também -...Esse lugar foi a primeira definição de lar pra mim...- Vitor esboçou um meio sorriso, levando um "choque" ao ouvir essas palavras -...Aqui eu me senti tão acolhida, tão amada, tão compreendida, tão confortável, eu chegava aqui tão estressada, mas era só ficar aqui um tempinho com você que eu já me sentia melhor, me sentia eu mesma por um tempo.
Vitor: Eu te entendo, eu também vou sentir muita saudade daqui, mas...Todas as nossas lembranças, o que nós vivemos e sentimos aqui, o que começou aqui, vai estar dentro de nós onde a gente for…- Assenti -...Eu seria muito feliz com você em qualquer lugar, mas, eu acho que nós merecemos uma "casinha" na beira do mar em Búzios, né? - Assenti novamente e rimos, logo começamos a tomar nosso café.
Maria Pia: Uma casinha? - Mencionei, curiosa.
Vitor: Então, depois de um tempo, acho que podemos fazer uma casa pra nós, pra ficarmos mais à vontade, vamos ficar no Resort só no começo...Se conseguirmos construir o Resort. - Disse fitando um ponto qualquer, pensativo.
Maria Pia: Como assim, Vitor? Se conseguirmos? - Perguntei assustada.
Vitor: Não, calma aí, me expressei mal…- Riu -...É que, eu estava pensando, acho que ainda não temos a estrutura necessária para o Resort, sabe? Pra um hotel sim, mas pro Resort...Não sei, vou pensar quando chegar lá, pelas fotos que vi ainda estou em dúvida.
Maria Pia: É, vamos deixar pra ver quando chegarmos lá, você tá muito ansioso, ein. - Rimos, continuamos tomando café e de repente ouvimos o som de uma notificação em nossos celulares ao mesmo tempo, nos olhamos assustados.

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