Maria Pia POV:
O combinado seria que eu e Vitor ficaríamos trabalhando na administração do hotel, mas nesse momento estava tudo tranquilo, acredito que eu tenha ficado tão preocupada em fazer com que tudo fosse perfeito, que acabei fazendo várias coisas com antecedência e agora nem havia algo que eu pudesse fazer, claro que se eu procurasse, eu encontraria algo, a administração de um lugar, ainda mais sendo o seu próprio negócio sempre vai precisar da sua atenção, mas todos os profissionais que estavam trabalhando conosco estavam desempenhando muito bem as suas funções e tudo estava correndo tranquilamente.
Então eu decidi deixar Vitor na dele, empolgado com esse "brinquedinho", aproveitando esse momento que ele tanto merecia e que lutou para conquistar e comecei a pensar no meu momento, eu estava em um misto de ansiedade e receio de começar a me “organizar” para a chegada do MEU bebê, ao mesmo tempo que eu sabia que eu ainda tinha tempo para descobrir e organizar tudo, eu tinha medo de não dar conta e isso causava uma certa ansiedade que me deixava paralisada em alguns momentos.
Eu nem sabia por onde começar, tinha medo de acabar percebendo que eu não sabia nada e acabar me sentindo uma mãe ruim, o único exemplo de mãe que eu conhecia era a Madá, que estava disposta a me ajudar, mas eu não queria ficar perguntando tudo pra ela a cada segundo, sabia que eu deveria e podia me virar sozinha e que por melhor mãe que ela fosse, muita coisa havia mudado desde a época em que ela teve seus bebês.
Liguei o computador, abri o google e fiquei um tempo apenas encarando a tela, sem saber por onde começar…Bom, pelo menos o que acontecia durante a gravidez eu já sabia, até que lembrei das obstetras que a médica do hospital havia me indicado, já era uma boa forma de começar a minha pesquisa.
…
Encontrei bons resultados, comentários de pacientes, que me levaram até grupos de mães, os quais eu fiquei um pouco receosa de participar, a ideia de estar em um grupo com inúmeras pessoas debatendo um assunto até me irritava, mas eu precisava fazer isso pelo meu bebê, precisava ter algum contato com pessoas que estavam passando ou passaram por essa mesma situação, não queria ser uma mãe negligente que não desse tudo o que o meu bebê precisava, mas também não queria ser aquelas que compravam coisas demais, desnecessárias e que saíam de casa com uma mala de viagem por medo de faltar alguma coisa…Ah, e eu definitivamente não queria ser uma mãe super protetora.
Na pesquisa de obstetras no Rio de Janeiro, encontrei a que havia feito o parto de Bebeth, fiquei feliz por ver que ela ainda estava trabalhando e que haviam vários comentários positivos sobre o seu trabalho, não me surpreendendo nem um pouco.
Percebi que já estava há horas naquela pesquisa, quando Vitor entrou no quarto, me chamando pra almoçar…Ele perguntou o que eu estava fazendo e eu falei um pouco sobre a minha pesquisa, Vitor ouvia tudo com atenção, interessado e feliz por eu estar tão tranquila e animada com aquele momento, mas quando eu comentei sobre a obstetra que fez o parto de Bebeth e o meu interesse em entrar em contato com ela, seu sorriso se desfez.
Vitor: Isso não vai ser ruim pra você?...- Vitor se afastou de mim e começou a caminhar pelo quarto, pensativo -...Sei lá, você já tem as lembranças daquela época…- Balancei a cabeça em sinal de negação.
Maria Pia: Não, a Doutora Elisa foi a única pessoa que teve um pouco de carinho e sensibilidade comigo naquele momento.
Vitor: Você tem certeza? - Assenti.
Maria Pia: Sim e entre todas as que eu pesquisei, foi a que me passou mais confiança. - Vitor esboçou um meio sorriso.
Vitor: Bom, se você está dizendo, eu acredito…- Sorrimos e demos um selinho -...Vamos almoçar? A Bebeth já está nos esperando. - Assenti e saímos do quarto.
…
Após o almoço, ficamos conversando um pouco, até que Vitor precisou ir até a sua sala e Bebeth foi descansar, então, antes de voltar as minhas pesquisas, aproveitei para ir relaxar um pouco no ofurô que era uma das poucas partes desse lugar maravilhoso que eu ainda não havia desfrutado. Mesmo sentindo falta de ter Vitor e Bebeth ali comigo, eu estava me sentindo bem naquele momento comigo mesma, de me sentir realmente bonita, não só fisicamente, mas por só ter sentimentos bons em mim e por estar gerando em meu ventre um bebê que foi concebido e que iria crescer com muito amor.
Ao terminar esse momento de descanso, fui procurar Vitor, mas não foi tão difícil encontrá-lo, ele estava em seu lugar preferido, no posto de concierge, tão imerso atendendo tão bem cada hóspede que nem viu eu me aproximar…A antiga Maria Pia morreria de ciúmes, porque ele era tão atencioso que parecia conquistar as hóspedes em todos os sentidos, mas isso era inevitável, era algo único dele que já estava dentro de si há tanto tempo que talvez ele nem percebesse. Assim que a hóspede que ele estava atendendo se afastou, eu me aproximei, como sempre, eu nunca interrompia esse seu momento, a menos que fosse uma emergência.
Maria Pia: Você gosta disso, né? - Disse já parada em sua frente.
Vitor: Gosto de que, garota? - Perguntou daquele jeitinho debochado que eu amava, mas nunca iria admitir.
Maria Pia: Ser concierge.
Vitor: Gosto…Mas eu gosto mais é de ser o dono! - Exclamou seguido de sua típica risada, que me fez rir também e involuntariamente nos abraçamos, só nós dois sabíamos o quanto ele merecia e lutou para estar ocupando e pertencendo a esse lugar…Um breve filme passou em minha mente e me fez lembrar de algo.
Maria Pia: Até agora você não me contou como é que você fez pra esconder os dólares…Todo mundo acha que você foi roubado pelo Timóteo. - Ele realmente não havia me contado, não porque não confiasse em mim, pelo contrário, mas pela minha segurança, ele se preocupava tanto comigo que por muito tempo me fez acreditar que não tinha mais nem um centavo e que o único dinheiro que ainda tinha para investirmos no hotel eram as suas economias, durante a sua prisão não conversamos sobre isso em nenhum momento, pois qualquer deslize poderia deixar ele trancado lá por muitos anos e eu literalmente perdia o sono só de pensar nessa possibilidade, na reforma desse hotel nós utilizamos as nossas economias e investimentos que eram mais do que o suficiente e caso desse algum problema e precisássemos justificar algo, teríamos ali todas as provas, nenhuma falha…Vitor só tocou nos dólares pessoalmente, depois que saiu da prisão, na verdade quando já estava aqui em Búzios…Os dólares vieram pra cá ainda dentro da lancha, arriscado? Sim! Mas quem iria suspeitar não é mesmo?
…
Alguns dias depois…
Acordei e Vitor não estava mais na cama, olhei em volta e ele também não estava no banheiro, até que encontrei um bilhete sobre a sua mesinha de cabeceira.
“Bom dia, amor!
Como vocês estão? Espero que tenham dormido bem
Saí pra resolver uma emergência de um hóspede, nada muito sério, tá tudo bem!
Eu amo vocês!
Vitor”
Sorri ao ler aquele bilhete e sentir o quanto ele me amava e falava de nós, desse bebê, desde sempre mesmo que o bebê ainda fosse tão pequenininho e não soubéssemos quase nada dele. Mas mesmo assim fiquei um pouco chateada por Vitor não estar aqui e por alguns segundos me perguntei se situações assim seriam frequentes, mas logo tentei afastar esse pensamento…Eu estava me sentindo fisicamente bem, o que era um pouco raro de manhã e o dia estava lindo, então eu decidi que hoje não iria ficar nesse quarto fazendo pesquisas, peguei o celular e liguei pra Bebeth.
Maria Pia: E aí, pirralha! O que você tá fazendo?
Bebeth: Ah, eu tô na cozinha.
Maria Pia: Uau! Que novidade!...- Falei irônica -...Sai daí! Vamos fazer alguma coisa, o dia tá lindo!
Bebeth: Ué! Maria Pilha com toda essa positividade?
Maria Pia: Pois é, aproveita que não é sempre! E aí? Vamo?
Bebeth: Pra onde?
Maria Pia: Ah, não sei…- Disse pensativa.
Bebeth: Você já tomou café?
Maria Pia: Ainda não.
Bebeth: Ah, então vem pra cá que a gente toma café juntas e decidimos o que vamos fazer.
Maria Pia: Tá bom! - Exclamei não tão animada, eu estava me acostumando a fazermos todas as nossas refeições “em família” e agora eu nem sabia onde Vitor estava…”ah, sem drama, Maria Pia!” Exclamei para mim mesma em frente ao espelho antes de sair do quarto, tudo bem que eu estava um pouco sensível, mas não poderia me tornar dependente emocionalmente de alguém de novo.
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Me espera
Fanfiction"Me espera" Esse é o nome de uma música interpretada por Sandy e Tiago Iorc, mas foi escrita por Sandy e seu esposo Lucas, em uma entrevista eles falaram que escreveram essa música em um momento do casamento em que os dois estavam um pouco distantes...