Maria Pia POV:
Finalmente havia chegado o grande dia, o dia em que Vitor ia sair daquele inferno, não era apenas mais dia de "semi-aberto", era pra sempre, finalmente iríamos deixar aquele lugar no nosso passado e começarmos juntos a vida que tanto sonhamos.
Esses 3 anos em que ele esteve preso pareceram uma eternidade, era muito difícil viver sem ele, as visitas com os minutos contados não eram o suficiente, os dias em que ele podia sair passavam voando, doía muito passar o dia com ele e não poder dormir em seus braços.
Mas esse pesadelo finalmente havia chegado ao fim, enquanto eu me arrumava para ir buscá-lo, um filme passava pela minha mente, de tudo o eu vivi nesse tempo, foi muito difícil, eu tive que me esforçar muito para conseguir viver aqui fora sem ele, no primeiro ano, só não posso dizer que fiquei totalmente sozinha porque a Madá praticamente me adotou, nos falávamos todos os dias e por ela eu moraria em sua casa, mas eu ficava me revezando entre o apartamento de meus pais e o cafofo e ia almoçar com a Madá nos finais de semana, eu me sentia muito bem com ela e com a sua família, eu os conhecia desde sempre, até mesmo o Dom, sem saber que ele era seu filho, então esse fato nos tornou mais próximos, também me aproximei de Wanderley, que já era um filho pra Madá e após a prisão de Agnaldo, ficou mais sozinho ainda, todos tínhamos a nossa história particular, as nossas dores, nossos traumas, e aquilo nos unia de alguma forma, não julgávamos uns aos outros, nos apoiávamos e aconselhávamos, como uma família de verdade, como a família que eu nunca tive.
Esse momento fez eu me aproximar também de Antônia e de Sandra Helena, eu encontrava Antônia nos dias de visita na prisão, assim como eu, ela ia sempre que possível e algumas vezes ficávamos horas esperando para entrar, no começo conversávamos apenas sobre a situação em comum que estávamos vivendo, compartilhamos as nossas histórias e depois passamos a conversar sobre tudo. E Sandra Helena, eu acabava visitando com uma certa frequência porque o Agnaldo sempre mandava um recado pra ela, na maioria das vezes era apenas um "Fala pra ela que eu estou com saudades e que amo muito ela" e eu ia até onde ela estava somente para dizer isso, porque eu me colocava no lugar deles, me doía imaginar viver distante do Vitor assim, sem poder pelo menos abraçá-lo, mesmo que fosse sob o olhar de várias pessoas estranhas.
Meu pai estava no mesmo presídio que o Vitor e minha mãe estava no mesmo presídio que a Sandra Helena, mas eu os visitava no máximo uma vez por mês, já que eles não faziam muita questão de me ver e só eram um pouco carinhosos quando tinham segundas intenções, como pedir para eu levar algo pra eles ou tentar "facilitar" algumas coisas lá dentro já que eu tinha "meus contatos", como eles diziam, mas eu sempre negava, nem Vitor me pedia essas coisas, ele realmente me amava, pra ele somente a minha presença bastava e ele dava o seu máximo pra ter um ótimo comportamento e sair logo daquele lugar para podermos ficar juntos.
Pensando nisso, em uma das inúmeras visitas que eu fazia a Vitor, e na esperança de que ele saísse logo dali, eu perguntei a ele o que ele pensava em fazer depois que cumprisse a pena, ele disse que gostava muito do ramo de Hotelaria, mas não queria mais trabalhar para alguém, queria ter o seu próprio hotel, mas não na cidade, em um lugar diferente. Começamos a pensar nisso e de alguma forma isso nos animou, nos distraiu e nos ajudava a esquecer por um tempo o momento que estávamos enfrentando e o lugar horrível em que Vitor estava.
Mesmo sendo "o sonho do Vitor", eu entrei nisso realmente animada, agora tínhamos uma razão a mais para lutarmos, além do nosso amor, mesmo distantes estávamos começando a construir a nossa vida juntos. Em um final de semana, convidei Madá e fomos até Búzios para encontrar algum hotel a venda, ou algum espaço bom para construirmos um, eu só havia contado sobre esse plano para Madá, mas não havia contato que iríamos usar os dólares, falei pra ela que eu e Vitor tínhamos umas economias, o que não deixava de ser verdade, já que ganhávamos muito bem, gastávamos pouco e eu tinha alguns investimentos.
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Me espera
Fiksi Penggemar"Me espera" Esse é o nome de uma música interpretada por Sandy e Tiago Iorc, mas foi escrita por Sandy e seu esposo Lucas, em uma entrevista eles falaram que escreveram essa música em um momento do casamento em que os dois estavam um pouco distantes...