Capítulo 36

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Nota da autora: Esse capítulo ficou um pouquinho mais longo porque tem uma cena que não é inédita ;)

No dia seguinte fomos fazer algo que eu estava adiando há meses, mas que por mim, pelo meu filho e até mesmo por Vitor, eu tinha que fazer, se eu não fosse agora eu não iria quando a gestação estivesse mais avançada e depois que o bebê nascesse eu não iria tão cedo...Sim, eu fui visitar os meus pais. Vitor havia parado de aconselhar que eu fosse visitar eles, mas eu sabia o que ele sentia e o quanto ele havia ficado feliz com essa minha decisão, eu sei que se os seus pais estivessem vivos ele iria em qualquer lugar vê-los para anunciar que ele finalmente ia ser pai, independente da reação deles.

Eu sinceramente não estava com vontade de ir naquele lugar, até porque sabia que ia me sentir triste de ver meus pais naquela situação e não tinha ideia de como eles iriam reagir a minha visita e a novidade que eu tinha para contar, que pra mim e para as pessoas que conviviam comigo não era mais uma novidade há meses e eu sei que aquele lugar poderia ferrar com as pessoas psicologicamente, mas eu mentiria se dissesse que não estava um pouquinho ansiosa para ver eles.

...

A gravidez me deu o benefício de passar a frente dos outros visitantes e Vitor que estava me acompanhando também. Primeiro fomos visitar o meu pai e graças a suas "regalias"(que não achávamos nada corretas) poderíamos nos encontrar em uma sala bem confortável e Vitor poderia entrar junto comigo, o que nesse caso era muito bom, pois eu queria que ele estivesse ao meu lado nesse momento.

Entramos na sala que parecia mesmo a sala de estar de uma casa, tinha um sofá, duas poltronas e até uma mesinha com revistas e jornais bem atualizados e outra com café, chá e alguns biscoitos, chegava a ser ridículo o que as pessoas ganhavam por "molhar a mão" dos superiores, já Vitor que havia sido extremamente bem comportado durante sua pena e até mesmo teve que aguentar humilhações e deboche dos outros detentos, não tinha direito a nada disso, quando nossos encontros não eram separados por um vidro, eram no pátio da prisão, onde o nosso assento era o concreto.

O tempo de espera foi o suficiente para eu comentar com Vitor o quanto achava isso injusto e ele me dizer para me acalmar e esquecer disso, que já havia passado e que com certeza permitiram que nos encontrássemos naquela sala porque eu estava grávida.

Quando eu estava começando a me preocupar, meu pai entrou pela porta muito bem vestido, com uma camisa social, calça jeans, sapatos e seu cabelo bem penteado, não, ele não usava aquele uniforme horroroso. Era inevitável não sentir uma certa revolta, mas todos os sentimentos ruins desapareceram assim que eu notei o brilho em seus olhos e o sorriso ao me ver, ao notar a minha barriga, seu sorriso se intensificou mais ainda, rapidamente ele veio me abraçar, um abraço carinhoso, que eu sentia muita falta.

— Como vai, Vitor? — Perguntou gentil apertando a sua mão, Vitor respondeu com a mesma gentileza, logo ele se voltou para mim — Minha filha...Você está...— Olhou surpreso e emocionado para a minha barriga.

— Sim, eu estou grávida! — Dei de ombros emocionada e nos abraçamos novamente. Em seguida ele indicou o sofá, onde nos sentamos e ele ficou em uma das poltronas — Eu descobri um dia depois do meu casamento — Olhei pra Vitor e sorrimos — A gestação já tinha uns dois meses, agora o seu neto já está com 20 semanas.

— Meu neto? Você quer dizer que...— Ele ainda estava emocionado. Assenti.

— Sim, você vai ser vovô de um menino. — Rimos, emocionados, eu realmente não imaginava que o meu pai fosse reagir tão bem.

— Eu...Vou ser vovô — Ele ria e balançava a cabeça incrédulo — E vocês já escolheram o nome?

— A Maria Pia disse que tem umas opções, mas não quer me falar. — Vitor explicou, se vitimizando e eu dei um tapinha em sua perna.

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