Já no carro, Vitor estava ofegante, não apenas por me carregar junto com as bolsas, mas também porque ele estava nervoso, eu o conhecia o suficiente para perceber isso e as contrações ainda estavam bem espaçadas, então eu não estava tão desesperada, na verdade estava mais nervosa por medo do meu bebê nascer antes da hora.
— Tá bom, o que você está sentindo? — Vitor perguntou enquanto colocava seu celular no suporte no painel do carro, segundos antes de dar partida.
— Dor, Vitor! Eu estou sentindo dor! — Disse impaciente, respirando fundo após mais uma contração enquanto Vitor procurava pelo número da obstetra. Já a caminho do hospital, fomos falando com ela, que perguntou como eu estava me sentindo e o intervalo das contrações, ela disse que ainda não estava na hora do parto, que poderia levar algumas horas, mas que já estava indo para o hospital. Eu questionei se não era arriscado, já que o meu bebê estava com 36 semanas e ela me garantiu que ele estava ótimo, mas é claro que isso não foi o suficiente para me acalmar.
Vitor POV
Eu nunca me senti tão nervoso! Nunca! Em nenhum momento do roubo, nem no planejamento, nem na ação, nem quando estava prestes a ser pego...NADA se comparava a isso!
Já estávamos no quarto, esperando a obstetra, uma enfermeira da equipe já havia examinado Maria Pia, mas as contrações e a dilatação não estavam nem perto de ser o suficiente para o parto, então ficamos ali, nos revezando entre exercícios e descanso, e eu sempre ao seu lado, como havia prometido, a ajudando com os exercícios, segurando sua mão e tentando acalmá-la a cada contração, quando ela apertava levemente minha mão, por reflexo quando a dor vinha, em troca eu a acariciava. Esse simples gesto me lembrou de mais um momento em que eu me senti muito nervoso, um momento que também estava sendo superado por esse, e um momento que eu lutava para esquecer: Maria Pia na sacada do Carioca Palace. A dor de quase a perder foi indescritível, mas eu não a perdi, ela não se perdeu, ela se reencontrou, e estava aqui, prestes a ter o SEU bebê!
— Ih, já tá se emocionando — Maria Pia disse enquanto eu secava as lágrimas ainda no canto dos olhos, as impedindo de caírem — Se controla, ein Vitor. — Disse segundos antes de apertar forte a minha mão, aparentemente as contrações estavam ficando mais intensas, nesse momento a obstetra entrou no quarto, conversamos com ela, ela também examinou Maria Pia e...Ainda não estava na hora, mas ela garantiu que continuaria a monitorando.
Quando a obstetra saiu, Maria Pia começou a chorar.
— O que foi, amor? — Perguntei preocupado sentando ao seu lado na cama, ficando de frente pra ela.
— Ah, Vitor...Eu não queria que esse bebê nascesse "tarde" e ele pode nascer hoje!...E se não for a hora? E se ele for prematuro?
— Meu amor, calma! Vai dar tudo certo! A Elisa nos explicou que tá tudo bem e que 36 semanas não chega a nem ser considerado prematuro em alguns casos e quando ele nascer vão fazer todos os exames necessários pra garantir isso, ele vai vir na hora dele, tá bom? Confia. — Maria Pia assentiu e eu beijei sua mão que eu estava segurando, de repente vi meu celular vibrar na mesinha de cabeceira. — A Bebeth mandou uma mensagem — Disse olhando para a tela — Ela está preocupada, disse que o casamento já vai começar e que ligou pra você e você não atendeu.
— Ah, eu esqueci o meu celular no cafofo.
— Tudo bem, eu falo pra ela que a gente tá aqui.
— NÃO! — Pôs sua mão sobre a minha — Não fala pra ninguém que eu estou em trabalho de parto, senão elas vão causar um alvoroço no casamento. — Maria Pia como sempre pensando mais nos outros do que nela mesma, mas eu a entendia.

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Me espera
Fiksi Penggemar"Me espera" Esse é o nome de uma música interpretada por Sandy e Tiago Iorc, mas foi escrita por Sandy e seu esposo Lucas, em uma entrevista eles falaram que escreveram essa música em um momento do casamento em que os dois estavam um pouco distantes...