Capítulo 20

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  As luzes fantásticas inebriantes ofuscavam minha visão.
  O mundo estava no abraço da noite mas as luzes vibrantes em prateado e verde lima tornavam todo o ambiente fortemente iluminado.
  No local a se festejar serpentinas despencavam como uma cortina metálica dos céus, os brasões acesos da deusa por cada janela, guirlandas preenchendo a tudo com um cinza perolado, tocos de árvores pintados dispostos como assentos.
  Senti a presença de Dorian muito rente a mim, os dedos dele deslizaram pelo meu braço e eu saltei para o lado, senti meus seios ficando sensíveis e meu centro ficando concentrado de energia pulsante.
  Ele estava brincando comigo, vinha fazendo isso com muita frequência desde que de repente uma noite acordei com um rio entre as pernas, os seios completamente duros e um desejo faminto por Dorian. Fiquei tão assustada que empurrei a mão dele para longe e isso pareceu aliviar toda minha tensão naquele momento, no entanto bastava um dedo do homem lobo tocar em mim e eu despertava tal qual um vulcão.
  Lancei para ele um olhar demorado de advertência e voltei a devorar toda a ambientação com os olhos.
  Pessoas se concentravam daqui e dali, as roupas que usavam eram das mais finas e reluzentes, o que deixou-me um pouco deslocada ao usar um vestido preto e cinza, entalhes de prata ornamentando o busto até a cintura e a saia até os joelhos semi rodada com uma fenda elegante na lateral da coxa esquerda.
  Os saltos fora o que mais me agradou, em algum momento eu passei a ter paixão por saltos, este era também preto e cinza, o bico fazia barulho metálico quando andava. Seria verdadeiramente lamentável pisotear o pé de alguém.
  Uma sinfonia suave enchia o ar, leve e dançante como um vento diurno.
  Estagnei defronte a uma barraca com o cheiro mais delicioso do mundo perfurando meu nariz, minha boca se acumulou de saliva quando vi um enorme pirulito de chocolate.
  Olhei para Dorian suplicante. Pelos deuses, ele era lindo, vestido formalmente com cores combinando com as minhas, os cabelos arrumados com um dos lados para trás da orelha e uma mecha caindo em seu rosto e aquela espada despontando atrás das costas, como um príncipe doce e cruel. Um sorriso repuxava seus lábios sensuais, era seu tão desconcertante sorriso de divertimento.
  — Fica parecendo um animalzinho faminto assim — brincou ele, se aproximando e estreitando os olhos pelos pirulitos de formas diversas — quer todos eles? — perguntou me olhando por sobre o ombro.
  — Quer que eu morra de dor de barriga, não. Apenas um está bom.
  Ele assentiu, optou por uma das formas e pagou o dono das maravilhas de chocolate e me entregou um pirulito com formato de uma estrela.
  — Uma estrela para a própria definição do brilhar — percebi o rubor manchando suas bochechas. As minhas próprias bochechas arderam e eu rezei para minha pele escura cobrir. Mas imaginei que seu olfato apurado tenha notado meu desconcerto.
  — Muito brega, mas agradeço o elogio — ele pareceu satisfeito com a frase, esperava por ela até.
  Mordi o chocolate e gemi de prazer quando a explosão de seu doce sabor encheu minha boca.
  — Dorian, você sabe fazer uma mulher feliz — comentei, ele soltou um de seus característicos sons guturais de macho satisfeito e estendeu o braço para mim, um gesto de provocação. Passei direto mostrando-lhe a língua.
  Barracas coloridas estavam dispostas aqui e ali, todas incrustado por luzinhas verde e cinza, o chão de ladrilhos da rua era batido e havia purpurina em toda a extensão dele, pessoas andavam de lá para cá, eufóricas, felizes e dançantes.
  Era bom sentir isso, ver isso, estar aqui, viver esse momento. Dorian talvez soubesse disso, talvez soubesse do que eu queria desde que era uma pirralha medrosa e curiosa.
  Eu observava a tudo, as crianças felizes e correndo com algodões coloridos ou pirulitos estupidamente grandes em suas mãos, casais dançando magicamente no centro do salão, as esculturas da deusa a qual celebrávamos, a deusa da cura.
  Dorian tocou em meu braço discretamente, olhei para sua mão notando que ele a havia enfiado em luvas de couro, agora sim era um perfeito príncipe.
  O rosto dele se aproximou perigosamente do meu, mas ele mudou a direção de sua boca a levando para próximo de meu ouvido.
  — Quer dançar comigo? — quase engasguei.
  "Dançar? Dançar exigia proximidade e eu não queria molhar minha calcinha toda em um lugar tão público", quis dizer, mas sabiamente mordi a língua.
  Dorian pareceu ler isso em meus olhos e ergueu ambas as mãos mostrando as luvas de couro negro lustroso.
  — Está bem — concordei.
  Ele segurou minha mão com delicadeza e conduziu-me através do mar de corpos, o lupino era muito grande então supus que via perfeitamente onde estava a "pista de dança", pois não era exatamente uma pista, um lugar com uma iluminação muito mais carregada e com decorações florais, dentes-de-leão em homenagem a deusa da cura.
  A música era um agito frenético e fiquei tentada a ver Dorian dançar, mas ele não o fez, puxou uma cadeira e se sentou, meu corpo ficou entre seus joelhos entreabertos, ele me encarou por debaixo dos cílios claros.
  Ergui uma das sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.
  Ah, sim, já tinha entendido, ele queria que eu dançasse para ele. Soltei um suspiro pesado e já ia me protestar quando de repente fui puxada para uma roda de dança por uma jovem um pouco ébria.
  Olhei Dorian por cima do ombro, ele sorria para mim com satisfação, fiz um gesto vulgar para ele enquanto a roda de mulheres começava a girar e elas começaram a dançar, me levando no embalo.
  Em poucos minutos peguei o jeito da dança, uma movimentação de pernas e quadris, então nos soltavámos uma das outras girando graciosamente a saia do vestido e voltavamos a nos entrelaçar para repetir os movimentos.
  Eu estava espumando de alegria quando a dança acabou, ri com a moça bonita que me puxou para dança e esta me devolveu um largo sorriso. Ela elogiou meu vestido e eu fiz o mesmo por ela. Uma conversa tão comum, tão normal e boa. Era bom ter pessoas para falar, mesmo que no dia seguinte eu fosse embora e que a memória desta noite caísse no esquecimento dela eu, por outro lado, jamais me esqueceria.
  Voltamos a dançar, uma dança mais solta. Pulei e girei, agitei o vestido e sorri com uma euforia transbordante.
  A dança era uma vibração, uma que sentia em cada célula.
  Não havia nada em minha mente, nem Gar, nem confinamento, nem tortura, nem as doces mentiras de Dorian ou meu destino. Nada, apenas eu e a dança acariciando minha mente.
  Na quinta dança parei algum tempo, busquei por meu companheiro o encontrando em meio ao volume de corpos, o olhar enfeitiçados em minha direção, com luz viva, suas íris eram como pratas lunares. O desejo pulsava de seu corpo como ondas que atiçava até minha alma.
  Sorri para ele, inclinando meu corpo em sua direção.
  A música se tornou lenta. A minha volta homens tomavam parceiras como seus pares, um deles se aproximou de mim, o rosto vermelho de tão envergonhado que estava ao fazer o pedido para uma dança.
  — Aceito — falei, segurando sua mão estendida.
  Dorian surgiu rapidamente, olhou fria e furiosamente para o jovem homem. Ele não disse nada, segurou meu braço e inclinou a cabeça com uma expressão anunciando morte.
  O pobre homem me largou com um assombro em seu rosto, se afastou tão rapidamente que pareceu quase em uma corrida.
  Dorian me tomou como sua parceira de dança, alerta aos devidos cuidados para nossas peles não se tocarem.
  Me lembrei daquela noite mágica em que ele me tirou para dançar no silêncio noturno, quando comecei a repensar meus sentimentos por aquele grosso insensível.
  Movemos nossos corpos em sintonia ao ritmo leve e gracioso. Ele me girava com delicadeza fazendo o vestido voar para depois me puxar junto a seu corpo. O homem tinha a graça de um felino até mesmo em sua maneira de dançar, era habilidoso e sabia bem o que fazer.
  No intermédio da música suas mãos pressionaram minha cintura e ele me ergueu no ar, girando-me.
  Eu precisava desse homem, agora.
  Ao devolver meus pés para o chão, que eram o seu devido lugar, simplesmente parei, olhando-o.
  A dança progredia envolta de nós, o mundo se movia mas o senti estagnado, tudo lento e impreciso demais, só havia Dorian ali, com seus olhos prateados e sorriso de canto.
  — Preciso ir ao banheiro — menti. Ele detectou perfeitamente minha mentira, mas não se protestou ao tomar minha mão e me guiar pela densidade de pessoas. Na verdade Dorian tinha um dom particularmente interessante de fazer com que as pessoas simplesmente sumissem de seu caminho assim que seus olhares batiam e encontravam aquele deus impiedoso.
  Caminhamos para longe do abrigo da luz, achando um beco semi-iluminado. Alguns bêbados lamurientos e drogados sorvendo veneno por seus narizes se encontravam no local.
  — Saiam — disse Dorian para eles, firme, deslizando uma das mãos em minha cintura.
  As pessoas continuaram, Dorian rosnou tão alto que o som arrepiou minha pele.
  As pessoas saíram em disparada, obsevei-os cambalear e alguns até caíram no meio do caminho.
  O senhor do fogo não foi nenhum pouco sútil em reivindicar meus lábios em um beijo, as mãos imprensadas em meus quadris.
  Com minhas costas coladas na parede e as enormes mãos me percorrendo como se eu fosse um rio, senti todo meu ser se enrijecendo, pulos vinham de meu coração e nossos lábios colados tinham fome um pelo outro, devorando-se a cada movimento.
  Perdi completamente o pudor e atirei meus braços envolta do pescoço do lupino, trazendo seu calor para mais próximo. Eu não tinha fôlego, estava me afogando naquele beijo.
  Dorian tirou meus pés do chão e esmagou meu corpo contra a parede ao passo que entrelacei as pernas em sua cintura. O homem segurou uma de minhas coxas. Afastei-me alguns segundos para tomar ar e então acometi em outro beijo.
  Percorri suas costas com as mãos, sentindo a rigidez dos músculos dele, meu corpo estava completamente aceso, um vulcão em erupção, transbordando lava e chovendo esse fogo nele. Minha intimidade se inundou escorrendo pelas bases de minha coxas.
  A boca de Dorian traçou caminho pela minha bochecha descendo sempre, os beijos fogosos e molhados desenhavam a pele de meu pescoço, vez ou outra ele chupava a região em um misto de língua de dentes que fazia minha pulsação acelerar. Gemi, agarrando seu pescoço com força.
  Senti os lábios de minha intimidade inchando de desejo e tornando-se particularmente sensíveis, meus seios pesavam e as auréolas arquearam-se em um convite.
  O lobo clamou meu nome em um tom suspirante, um tom de suplica e adoração. A pele dele acendia com uma luminescência azul pálido, o calor atravessando o tecido de suas vestes.
  Dorian precisava de mim tanto quanto eu dele.
  Apertei-o com mais força, nossos corações cantavam a mesma música.
  Arrancar minhas roupas e deixá-lo me possuir naquele beco era uma necessidade. Dorian foi um tanto mais prudente, devolveu meus pés ao chão e afastou-se batendo as costas com grande rebuliço na parede defronte a mim.
  — Casa — disse ele para mim, um pouco rouco, ofegante e fortemente desnorteado.
  Presumi que casa deveria ser a estalagem em um quadrante confortável e de boa vizinhança na qual estávamos hospedados.
  O homem saiu me içando pelo pulso, o corpo dele era um loucura de calor e tensão, vi sua masculinidade empurrando o tecido da calça e fiquei furiosamente mais desejosa.
  Tudo era um borrão, nada importava, era só Dorian que eu via, era só dele que eu precisava.
  Entramos na carruagem onde o cocheiro nos aguardava pacientemente. Dorian soltou um comando rouco para ele e o homem nos colocou em movimento.
  Sentei no colo do senhor do fogo não conseguindo conter o desejo em meu núcleo, seu comprimento por debaixo da calça pressionando o tecido da minha calcinha diretamente onde meu centro estava e onde o membro dele estaria afogado até a base se não estivéssemos vestidos.
  Movi os quadris em movimentos meio dançantes.
  Dorian imprensou as mãos em minha cintura, guiando os movimentos ao ritmo que ele queria.
  Foram meus lábios a reivindicar os dele. O cheiro de mar revolto me devastava, a pele de seu rosto era macia e quente, tão deliciosamente quente.
  Ele gemia contra meus lábios, gemidos baixos e ásperos.
  Desabotoei a camiseta por debaixo do terno com certa urgência até conseguir percorrer o peitoral musculoso e os gomos firmes de seu abdômen.
  Meu quadril movia-se com tanto vigor que achei que o atrito iria ser capaz de gerar fogo por si só. Ele segurava minhas nádegas onde, tinha certeza, que ficariam contusões.
  A carruagem parou. Dorian se levantou comigo em seu colo, eu o beijando loucamente.
  Caminhamos assim por algum tempo. A escassez de vibrações diziam-me que poucas pessoas haviam renegado o chamado para comemoração.
  Ainda bem, pois não sabia quais tipos de sons Dorian arrancaria de minha garganta esta noite.
  O homem lobo arrombou o trinco da porta, fechou-a com um chute ágil atrás dele e nos conduziu para dentro do quarto, fez isso sem nunca deixar de atender aos meus beijos.
  Ele me jogou na cama, onde senti meus cachos pularem do penteado e caírem como cascata em meus ombros e costas.
  As mãos dele deslizaram pelos meus tornozelos e removeu o salto, então repetiu o gesto no outro tornozelo removendo o outro par do sapato.
  — Dorian — ronronei. Ele sorriu daquele jeito lascivo prometendo-me o melhor dos pecados.
  A pele do senhor do fogo explodiu em chamas azuis e brancas, suas roupas reduziram-se a nada.
  Analisei seu corpo, um corpo divino e poderoso, um deus depravado pronto para me apresentar o verdadeiro significado do prazer.
Ele veio ferozmente para mim, os olhos elétricos acesos como nunca os vi antes, a respiração era um peso fortemente carregado.
  O senhor do fogo crepuscular incendiou minhas roupas varrendo-as de meu corpo.
  O rosto do homem pairou sobre o meu, a luz e o desejo tomando a expressão.
  Abri as pernas e nossos quadris se aninharam, o seu membro pressionando-me.
  Os dentes de Dorian rastejaram em meu pescoço, minha respiração oscilou. Transformei o mundo em nada e somente aquilo, aquele momento e aquela sensação existia.
  — Você é minha — murmurou ele, fazendo os lábios dançarem em um misto de língua e dentes em minha mandíbula.
  Suspirei ao senti-lo descer seus beijos.
  Dorian, sem aviso ou sugestões, tomou meu mamilo em seus lábios. Soltei um gemido escandaloso pressionando minhas coxas ao redor dele.
  Rapidamente sua boca se transferiu para meu outro seio, onde ele arrancou um gritinho da minha garganta ao morder minha auréola.
O orgasmo escapou de mim, a entrada se dilatou. Aguardando por ele.
  A língua se arrastava pelos meus mamilos sensíveis e... por Amahr eu ia explodir com o paraíso fervendo meu sangue.
  Seus beijos foram descendo e descendo até a língua dele deslizar pelos vincos molhados de minha boceta, suas lambidas foram lentas, famintas e... divinas.
  A língua moveu-se deliciosamente por minha entrada e, lentamente, Dorian segurou minha coxa a empurrando até eu estar completamente aberta, a boca dele se encaixou melhor em minha boceta, a língua dele percorreu meu clitóris sensível desencadeando um grito rompante em minha garganta.
  A língua dele implacou em movimentos que agitavam cada nervo meu, saciando o desejo acumulado em meu centro.
  Prazer deslizou pelos meus lábios em forma de gemidos. Esse homem sabia exatamente o que estava fazendo.
  Dorian pareceu satisfeito com os sons que eu emitia, os gemidos o incentivaram a dar seu melhor e ele tragou meu clítoris e chupou como se fosse sua única magnífica missão celestial. Minhas coxas tremeram, sorri com o mais puro prazer e luxúria.
  Gozei deliciosamente, as paredes internas da minha entrada empurrando o orgasmo.
  A magia bateu em meus ossos e escapou de meu controle, todo o quarto tremeu. Coisas se partiram e outras cairam, os pés da cama quebraram nos sacolejando.
  Dorian levantou o rosto para mim e seus olhos estavam intensamente azuis, ele sorria, os lábios molhando com minha umidade.
  Mas que sensação perfeita, como essa língua podia fazer meu corpo dançar como ondas oceânicas felizes dessa forma?
  Ele vinha para mim, pronto para me devorar, nossos lábios se tocaram e senti meu próprio gosto em sua boca.
  Toda minha essência clamava pelo nome de Dorian, então eu própria clamei:
  — Dorian, por favor...
  Rapidamente ele saiu de sobre meu corpo. Quase não registrei o movimento de tão ágil ao que pegou a espada ainda embainhada na poltrona. Mas registrei o frio suspirando contra minha pele.
  Puxei os cobertores para meu corpo, cobrindo minha nudez.
  Dorian, por outro lado, abriu o armário e agilmente colocou calças.
  — Fica aqui — disse ele para mim, fechando a porta ao sair do quarto.
  Sai da cama e vesti uma calcinha e uma blusa que peguei do lobo esta que ficou um pouco acima dos joelhos.
  O som rompeu todo o ar noturno, um som estalado, como raios de eletricidade, um gemido, um gemido de dor vindo do timbre da voz de Dorian e então estrondos de metal contra metal.
  Abri a porta rapidamente.
  Registrei a tudo com rapidez.
  Dorian em uma posição ameaçadora de combate, sua espada firme nos dedos e o olhar assassino que lançava para a porta.
  A porta da frente estava aberta e havia uma figura parada ali. Me movi, ignorando os olhares de protesto de Dorian. O senhor do fogo se firmava com graça em sua postura, notei que havia um hematoma feio em suas costelas com aparência de raios vermelhos em sua pele clara.
  A figura na porta deu um passo para frente. Quase engasguei com o ar, olhos verdes fitavam-me.
  Gar, Gar me olhava através das sombras.

Chamas De Inverno (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora